O reajuste de 4,81% na tarifa de transporte coletivo aprovado pela Câmara Municipal deixou dois insatisfeitos: a população e o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Setransp). Os primeiros alegam que a passagem custar R$ 3,10, a partir de janeiro, é um absurdo porque só existem ônibus velhos, não há segurança e os terminais da integração são muito ruins. Para Setransp, o valor não é o ideal porque não cobre todas as despesas e investimentos para operação do transporte público em Aracaju e região metropolitana.
Nas ruas a indignação é geral. O microempresário Denisson Donald, 41 anos, disse que o preço da passagem custar R$ 3,10 não traz nenhum benefício para os usuários e não melhora em nada o sistema. Ácido nas críticas, ele insinua que o reajuste foi um “acordo político entre os empresários e o prefeito João Alves Filho”.
Se povo reclama por não ter condições de pagar tarifa tão alta, o Setransp, em nota divulga hoje, 22, lembra que na última planilha de custos apresentada da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), “foi destacado um aumento de 23, 84% em 2015 nos insumos que incidem na tarifa de ônibus, comparando com a planilha de 2014. E uma queda de 6,16% do número de passageiros, marcando, com isso, a perda de mais de 4,8 milhões de passageiros no período de janeiro a novembro de 2015 em relação a 2014”.
E mais: a tarifa ideal para a Setransp seria de R$ 3,52. Porém, considerando a desoneração da Taxa de Gerenciamento Operacional (TGO) de 5% para 2%, o Setransp sugeriu um cálculo tarifário de R$ 3,41. E insistiu com a prefeitura de que mesmo optando pela redução da Taxa de Gerenciamento Operacional (TGO), “a apresentação de uma tarifa que ainda não supre as necessidades do transporte diante a realidade atual, e deixou de fora do cálculo itens de tecnologia embarcada – como bilhetagem eletrônica, câmeras filmadoras e GPS”.
Para o comerciário Jonatas de Oliveira Souza, além de pagar caro pela tarifa, os usuários, motoristas e cobradores são alvos de assaltos e arrastões dentro dos veículos. Jonatas alega que não deveria haver nenhum reajuste e defende as mobilizações feitas pelo Movimento Não Pago. “Somos vítimas de assalto de todos os lados. De um, os ladrões mesmo que nos roubam nos terminais. Do outro, pagamos caro por um péssimo serviço”, diz.
Mas o presidente da Setransp lembra que “ao longo dos anos a tarifa de ônibus em Aracaju já vem fugindo do parâmetro ideal para manter o equilíbrio financeiro do setor, preservar a qualidade do serviço e os investimentos imprescindíveis, e isso preocupa o setor do transporte público”. Segundo ele, além do número de passageiros ter caído em larga escala e diversos insumos do transporte terem sido reajustados, somente este ano o preço do combustível óleo diesel subiu 17,56%, a despesa com pessoal foi a 18,01% e a renovação de frota e custos com veículos somaram 13%.