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5G e as relações de convivência

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Valtênio Paes (*)

Sem abordarmos a lentidão na implantação, desde os governos anteriores, tão pouco a disputa entre as gigantes bilionárias norte-americanas e chinesas pelo uso da tecnologia e concessão no país, fato é que ocorreram suaves observações sobre os contratos estratosféricos e o leilão da concessão da rede de celulares de quinta geração – 5G – na primeira semana de novembro 2021.

O evento trará profundas e imprevisíveis mudanças para a população brasileira. Costumes, economia, saúde, ensino, segurança, família, trabalho e tantos outros setores, sofrerão transformações. Verdade que existem segmentos sociais e regiões no país que ainda tateiam na primeira geração, segunda, terceira e quarta. Eis mais um fato que comprova a desigualdade social no país.

Atente-se que no Brasil mais de 150 milhões de pessoas já usam de alguma forma a internet, porém mais de 30% da população pobre do Brasil não têm acesso apesar da tecnologia já existir em mais de 60 países. Segundo estudo publicado pelo Instituto Locomotiva a pedido do Idec “Barreiras e limitações no acesso à internet e hábitos de uso e navegação na rede nas classes C, D e E”, 28% deixaram de receber algum benefício do governo devido à falta de condições de acesso à internet.

Dentre outros estudiosos, Jeremy Rifkin em sua obra “Sociedade com Custo Marginal Zero” (2014), traduzido para o português em 2016 cunhara a expressão “prossumidores” como novo paradigma econômico no crepúsculo do capitalismo, devido à Internet das coisas – IdC. Neste toar, a quinta geração – 5G – chega ao Brasil atrasada, mas turbinará mudanças socioeconômicas.

Com velocidade 20 vezes mais que a 4G – lembrando que metade das cidades brasileiras ainda não tem 4G –  a rede de celulares 5G tem previsão de chegada para capitais até julho 2022, dependendo de especificações técnicas. Outras cidades, conforme o número de habitantes, poderão ter acesso em julho/ 2025.

Como ficarão as relações sociais e econômicas nos próximos 10 ou 20 anos no país? Não se tem noção do que pode acontecer na economia e nas relações no interior do trabalho, da escola, da unidade familiar. Carros, eletrodomésticos, câmeras, aparelhos de segurança, games, terão velocidades e coberturas radicalmente maiores. Wi-Fi poderá desaparecer?  Certo é que quem se assusta hoje com as mudanças nas comunicações deve-se preparar para mais mudanças.

Estudos de cientistas comprovam que a criança com muitas horas fixadas em telas de celulares e de computador terá seu sistema nervoso central afetado, provocando danos à mielina resultando em doenças como esclerose múltipla, mielite transversa, neurite óptica, leucodistrofias. Também podem acontecer sintomas como perda de sono, ansiedade, falta de criatividade, etc.

Zelar para não cair na tecnodependência, fugir de radicalismos vencidos pela história, ensejam reflexões presentes para um futuro imediato. As relações emocionais já modificadas neste começo de século continuarão sofrendo interferências. Fidelidade prática aos sentimentos e valores humanos terão grandes desafios porque a automação estará sendo turbinada pela 5G. Rejeitá-la é condenar-se ao isolamento, absorvê-la incondicionalmente é viver no mundo da fantasia com queda brusca e traumas quando o corpo não suportar o ritmo. Usá-la como ferramenta sem perder a ternura interior, pode ser um bom caminho.

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Valtenio Paes de Oliveira

(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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