Na última quarta-feira, dia 11/12/2019, o Comitê de Políticas Monetárias (Copom) baixou a taxa Selic mais uma vez em 0,5% ao ano, fazendo-a chegar a 4,5%, esse é o menor patamar que os juros chegaram desde o início da série histórica da taxa Selic.
Como já havia dito antes, a taxa Selic nesses patamares pode ser muito boa para o setor produtivo e para os serviços, podendo haver maior geração de empregos no médio prazo. Mas é importante observar que a taxa Selic nesses patamares pode trazer um risco oculto.
O Brasil ainda não parece estar com as contas tão bem ajustadas e, mesmo que venha acontecendo uma melhora em indicadores econômicos – como o PIB e os dados de venda no comércio, principalmente depois da Black Friday, muito positivos – é importante notar que nossa economia vem engatinhando na direção de uma recuperação mais expressiva.
Ao deixar a Selic nesses patamares, algumas vezes o governo pode estar gerando distorção no mercado que faria parecer aos poucos que as coisas estão melhores do que realmente estão e o principal problema disso é o fato de ser atingido mais rapidamente por efeitos macros, como, por exemplo, a guerra comercial entre EUA e China que fez o risco econômico aumentar muito, mas que parece estar sendo resolvida aos poucos.
No mercado interno temos que nos preocupar com a inflação (IPCA) que, mesmo estando em níveis bem confortáveis, pode dar o ar da graça nesse fim de ano, já que tivemos um consumo alto no mês passado e o período de festas natalinas é marcado com um aumento natural nos preços. Há ainda problemas como o alto preço da carne.
Para não perder poder de compra nesse cenário que estamos entrando, o investidor deveria alocar seu capital em produtos que ou acompanhem a inflação ou o dólar, pois, se a baixa da taxa Selic de maneira tão expressiva se mostrar ruim por um erro de cálculo do governo relacionado aos dados econômicos, é comum que o dólar e a inflação aumentem muito rapidamente.
No mais, melhor seguirmos acompanhando e tomando cuidado sobre como devemos ou não investir nosso dinheiro, evitando propostas mirabolantes e investindo com consciência. Por fim, mas não menos importante, esse período de Selic na mínima histórica pode ser um bom momento para rever financiamentos e dívidas que estavam com juros altos. A Caixa Econômica Federal já divulgou queda nas taxas de juros para financiamento imobiliário, talvez para aqueles que tenham esse tipo de financiamento isso possa se traduzir em uma grande economia no preço final do seu imóvel caso consigam reavaliar esse empréstimo.
Até a próxima.
(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.