Vivemos hoje uma crise financeira que tende a se agravar nos próximos meses. Muitos já estão sem dinheiro para garantir o básico das suas necessidades, já outros conseguiram uma sobrevida com o auxílio emergencial do governo, que nada mais é que um paliativo somente.
Essa situação séria é ainda pior ao enxergarmos o real motivo desse cenário quando se trata das finanças pessoais. O Brasil desde sua colonização por Portugal, lá nos anos de 1500, teve em si formada a cultura de que acumular dinheiro e ter uma reserva era errado, ou talvez apenas desnecessário. Esperava-se que o governo (que cobrava altos impostos) provesse as necessidades quando elas ocorressem, mas o governo sempre teve outras prioridades e na época a Coroa Portuguesa tinha seus próprios problemas para se importar com as crises econômicas de sua colônia. (Qualquer paralelo com o presente, não é mera coincidência.)
Desde a criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que trouxe diversos benefícios aos trabalhadores, tivemos um outro problema de cultura, pois agora o trabalhador não teria apenas um provedor para momentos de crise, mas sim dois, já que o patrão teria que cumprir com obrigações que os deixasse seguro em caso de desligamento ou acidente (ao menos por um tempo). E ainda tinha a figura paterna do governo dando segurança para a aposentadoria e seguros desempregos.
Nesses cenários é possível observar porque em sua grande maioria os brasileiros não pensam em poupar para os dias vindouros e isso acaba por gerar uma instabilidade para com o futuro. Isso porque, em nosso cenário atual, nem o governo e nem o patrão estão podendo garantir a segurança financeira do trabalhador e sua família. Os exemplos disso já começam a ser vistos e talvez venham a perdurar durante alguns anos.
Mas o que fazer nesse cenário? Será que ainda há tempo de corrigir o estrago?
Bom, inicialmente, ainda temos tempo de conseguir. Se não reverter o estrago desta crise, ao menos podemos diminuí-lo consideravelmente. Para isso devemos romper com nosso cordão umbilical e começar a tomar as rédeas de nossas finanças. Sendo assim, quando a maioria das pessoas fizer isso, será possível termos uma sociedade muito mais forte e apta a passar por momentos de crise.
Tomar a responsabilidade pelo nosso futuro financeiro, não delegando esses cuidados a terceiros e sim cada um aprendendo a lidar com suas finanças e investir corretamente, podemos em uma geração ter uma sociedade mais sóbria quando o assunto for finanças e investimentos.
Ser responsável nesse sentido seria se preparar para não passar necessidades no futuro, pois mesmo que muitos argumentem que podem nem estar vivos no futuro, o verdadeiro problema é que sim talvez essa pessoa esteja viva e provavelmente com sua saúde financeira muito ruim. E, talvez, esperando pelo auxílio do governo que por hora vai chegar.
Peço aqui que reflitamos:
Se estivermos vivos, quando a terceira idade chegar, como pretendemos estar financeiramente?
Será que queremos depender de nossos filhos para fechar a conta? Como acontece com 65% dos idosos (dados de 2016 – OCDE)
Será que é contando com a obscura existência da Previdência Social que pretendemos passar nossos últimos anos de vida?
Pensemos nisso. Tomemos nossa autorresponsabilidade financeira de agora e passemos a cuidar, nós mesmos, de nossas finanças como sociedade isso se mostrará muito frutífero. Busque informação e conhecimentos sérios sobre Educação Financeira, investimentos e assuntos relacionados.
No seu devido tempo o investimento em você mesmo dará resultados impressionantes. Deixo como reflexão a seguinte frase que escutei perdida em uma rede social (infelizmente não lembro quem disse, mas era bem verdade)
“A culpa de você está sem dinheiro hoje, não é da crise…” – Autor desconhecido
Abraços e até a próxima
(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.