sexta-feira, 22/11/2024
Forró Caju
O Forró Caju está de volta

Os artistas sergipanos e o isolamento social: “temos que nos reinventar”, diz o cantor Sílvio Rocha

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Juliana Melo (*)

Devido à pandemia gerada pelo novo coronavírus, a cultura sergipana vem sendo uma das áreas mais afetadas pelas restrições sociais. Shows noturnos em bares e pubs na capital, assim como peças teatrais e eventos culturais estão suspensos por mais de dois meses consecutivos. E isso impacta diretamente na renda de diversos artistas.

Um dos músicos sergipanos que sentiu esse impacto da pandemia diretamente no trabalho foi o cantor Sílvio Rocha. O artista, desde o início do isolamento social, já realizou quatro lives no Instagram e está procurando mais patrocinadores para, em breve, realizar a sua primeira live no Youtube.

Sílvio Rocha canta música popular brasileira há mais de três décadas, em bares e em festas particulares no interior. Ele consegue 70% da sua renda financeira durante os shows nos finais de semana.

Cantor sergipano Sílvio Rocha

“O papel do músico, atualmente, a meu ver, é se reinventar, se adequar ao que o momento oferece. É uma situação muito difícil para nós que trabalhamos em contato direto com o público. Eu costumo disponibilizar nas minhas lives o número da minha conta bancária para doações espontâneas. Acredito que existem males que geram um bem no futuro. O pós-pandemia vai fazer todos nós termos o nosso lugar ao sol, porque essa utilização assídua das redes sociais acaba gerando um grande número de compartilhamento, dando mais visibilidade para os artistas”, acredita Sílvio.

 

 

Projetos

A prefeitura da capital, por meio da Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju), vem buscando alternativas para amparar as condições culturais na cidade e gerar possibilidade de trabalho para esses artistas que não podem realizar apresentações presenciais.  A única alternativa plausível para a disseminação cultural atualmente é oriunda das possibilidades que os recursos tecnológicos oferecem.

Um dos projetos realizados pela Funcaju é o “Janela para as Artes”, cuja finalidade é contemplar 120 profissionais da música,  artes cênicas, literatura e audiovisual. Para esse programa serão disponibilizados R$ 170 mil reais. As inscrições vão até o dia 19 de junho, para que os artistas possam fazer apresentações online.

“O edital já está publicado no Diário Oficial do município e está disponibilizado nas redes da prefeitura e no site da Prefeitura de Aracaju (clique aqui). A gente sabe que existem músicos que, às vezes, não possuem muitas habilidades com edital, então disponibilizamos um número de telefone (79.99152.6750), com WhatsApp, onde terá uma pessoa para  esclarecer dúvidas para que todos possam ter a oportunidade de participar” relata o presidente da Funcaju, Luciano Correia.

Com o intuito de distrair os habitantes da cidade na época mais animada do Nordeste, e de salientar o forró sergipano, a Funcaju também está realizando o programa Forró Caju em Casa 2020. Por meio dele, serão gravadas apresentações musicais de 45 artistas contemplados.

“Com 100% de artistas locais, o programa funcionará exibindo, nos mesmos dias e horários que aconteceriam presencialmente as apresentações, por meio do Instagram da Prefeitura os espetáculos pré-gravados em estúdios que permitem a qualidade na capitação de áudio, de iluminação e direção de fotografia. O programa é uma maneira de fazer as pessoas curtirem o São João e também gerar um portfólio profissional para cada um desses artistas locais”, reforça Luciano.

Antonio Carlos Du Aracaju Foto: Sílvio Rocha

Antônio Carlos Du Aracaju é um cantor regional dedicado à música folclórica, seu carro chefe é “Meu papagaio”. Além de cantar músicas autorais, ele também relembra grandes sucessos de artistas renomados como Luís Gonzaga, Dominguinhos, Marinês entre outros. O artista já participou de quase todas as edições do Forró Caju, desde quando a  primeira edição, em 2001,  até o ano de 2018.

“O Forró Caju é uma vitrine excelente para os músicos regionais. O isolamento social está nos impedindo de viver em vários aspectos. A partir dessa pandemia surgiu uma nova “pandemia”, a das lives. A ratoeira do fique em casa está armada e não sabemos até quando ela continuará assim ameaçando os músicos sergipanos. A live é um recurso, mas eu não vejo muita garantia da efetivação do nosso trabalho por meio delas. Precisamos do público o quanto antes”, disse Antônio Carlos Du Aracaju.

Aperipê

A Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe, Funcap, também está com um programa que visa assistir os artistas por meio da inscrição para o edital Reinvente-SE 2020. O objetivo é selecionar projetos culturais de diversos departamentos artísticos. O projeto visa defender a economia e a profissão dos artistas.

O Reinvente-SE destina R$ 112 mil reais para os projetos selecionados, sendo que cada manifestação artística escolhida receberá entre R$ 700 e R$2 mil, a depender da modalidade inscrita. Podem participar artistas e técnicos da área cultural maiores de 18 anos residentes em Sergipe e pessoas jurídicas sediadas no estado. As inscrições foram iniciadas em abril e se estendem até o dia 17 de agosto pela plataforma Mapa da Cultura.

O cantor Fábio Ribeiro foi um dos contemplados do projeto. O artista vive da música e antes da pandemia tocava em locais como Píer 13, Sancho, Cervejaria Uça, The Stones, entre outros. Fábio já abriu vários shows importantes na capital e sente muita dificuldade frente à atual realidade social.

Fábio Ribeiro, contemplado no projeto Reivente-SE 2020

“Este momento é muito complicado para nós porque não temos uma garantia de quanto vamos receber em uma live, por exemplo. Dependemos das doações espontâneas do nosso público, é muito incerto garantir o nosso recurso financeiro”, frisou. Fábio conseguiu ser selecionado pelo Reinvente-SE 2020, na terceira lista. Ele gostou da iniciativa do programa assim como reconhece um potencial nesse incentivo gerado, mas encontra algumas dificuldades em relação ao mesmo.

“A iniciativa é muito relevante, mas fico um pouco receoso em relação ao pagamento, ele não é de caráter emergencial. A gente realiza o show, mas ainda não consegue o pagamento e a gente está precisando desse dinheiro agora para lidar com as despesas diárias”

Fabio é cantor há mais de 15 anos e tem como companheiro de palco o músico Evandro Schiruder, que começou a tocar desde os 19 anos de idade, passando por várias bandas, a exemplo da Alapada. Hoje, aos 43 anos, ele tem a sua própria banda, Dr Coruja. Schiruder e o seu sócio, Pablo Resende, costumavam tocar com a Dr Coruja em várias festas de casamento.

“Como eu também sou produtor musical, agora nessa época de isolamento social, estou mais produtivo nessa área, ela tem sido minha principal ferramenta de trabalho. Fora isso tenho apenas algumas doações espontâneas por meio das lives que realizo com o cantor Fábio Ribeiro”, completou.

Acompanhe no vídeo abaixo a apresentação musical do Sílvio Rocha e um clipe do cantor Fábio Ribeiro com a participação do seu companheiro de profissão,  Evandro Schiruder.

No Baixo- João Valiati, no violão – Glau Marcel, na Gaita –  Júlio Rego, na Bateria- Denis Arcanjo, Guitarra- Evandro Schiruder.

 

(*) Estagiária sob orientação do jornalista Antônio Carlos Garcia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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