No dia do comerciante, 16 de julho, a categoria no Estado não tem boas notícias. Os cinco shoppings centers de Sergipe fecharam, nos últimos dois meses, cerca de 200 lojas e demitiram aproximadamente 1.500 funcionários, por causa da crise financeira gerada pela covid-19. A estimativa é do presidente da Associação dos Lojistas do Shopping Riomar, Paulo Escariz, baseado em levantamento feito pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Ele acredita que a situação vai se agravar porque os programas do governo federal estão chegando ao fim, pois os lojistas não conseguem crédito e o futuro é incerto.
Paulo Escariz lamenta que os empresários enfrentarão mais problemas em Sergipe, até porque há uma determinação da Justiça Federal mantendo as empresas fechadas e o Governo ainda não recorreu. “O governador Belivaldo Chagas se acomodou com a decisão da Justiça Federal, abrindo mão da prerrogativa de governar. Bastaria ele recorrer. E nós ficamos extremamente ansiosos, muita gente chorando. Não tem motivo para não abrir as lojas dos shoppings”, destacou.
Para o empresário, “parece algo nítido de eleger um culpado. Infelizmente, o governador tem os comerciantes como culpados pela pandemia, não tem nenhuma previsão de quando vai voltar a reabrir o comércio. Não há motivo para não abrir as lojas dos shoppings”.
De acordo com Paulo Escariz, ficou muito claro que não houve redução no número de casos de covid-19 com as lojas fechadas. “As pessoas estão nas ruas porque precisam trabalhar. Acreditamos que teremos que conviver com o vírus com o comércio aberto”, ponderou o empresário, que também critica o serviço público. “A turma que está com o salário garantido, acha bacana ficar em casa. Com o comércio fechado não recolhe imposto e isso vai se refletir lá na frente. Sem dinheiro, como pagar? ”, questiona.
Em Aracaju estão sediados os Shoppings RioMar, Jardins e Aracaju Parque Shopping; em Socorro, Shopping Prêmio; e em Itabaiana, Shopping Peixoto.
Avaliando
O vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese), Maurício Vasconcelos, afirmou que está avaliando com os demais associados a possibilidade de uma nova mobilização da categoria. Recentemente, eles entregaram simbolicamente as chaves das lojas ao governo, em um ato na praça General Valadão, no centro de Aracaju.
Ao citar o dia do comerciante, Maurício afirmou que não há nada a comemorar. “No próximo sábado, 18, serão 120 dias de atividades paralisadas. Ainda não temos dados de quantas lojas estão fechadas, oficialmente”, frisou.
Maurício diz que a Acese não concorda com a maneira como o Governo do Estado planejou a retomada, abrindo o comércio por setores e muitos ficaram de fora, e estão abertas as grandes empresas. “Quem sofre é o pequeno empresário que não foi contemplado nos últimos decretos. Defendemos a oportunidade para todos”, disse.
Sobre a decisão da Justiça Federal em suspender a abertura do comércio, ele diz: entre o Poder Legislativo e o Judiciário são as empresas e os empresários que ficam penalizados, e quem tem que resolver são os representantes destes poderes.
Já o ex-presidente da Acese e do Fórum Empresarial, Alexandre Porto, “o comerciante, de fato, não tem com o quê estar feliz nesse dia. O momento é mais sofrido do que já é normalmente. Hoje sofre bastante e a incerteza é muito grande”. Para ele, os comerciantes “matam um leão no almoço par comer no jantar. Hoje, não conseguem matar um leão e não sabem o que terão para o jantar”.
Por sua vez, o presidente do Movimento É de Sergipe, Lincolin Amazonas, disse que tem consciência da gravidade da doença, “mas o desemprego também é uma doença muito grave e muitos precisam trabalhar. O É de Sergipe pensa o seguinte: quem puder, fique em casa.
Empresários reagem às declarações do presidente da Fecomse
O vice-presidente da Acese, Maurício Vasconcelos rebateu hoje, 16, às críticas do presidente da Federação dos Comerciários de Sergipe (Fecomse), Ronildo Almeida que questionou “o que os empresários estão fazendo nesta pandemia”. Para Maurício, Ronildo poderia ajudar doando um valor aos comerciários que estão desempregados e aos que serão demitidos, em virtude do fechamento do comércio desde meados de março.
Para Maurício, as empresas estão ajudando neste momento de pandemia a partir do momento em que mantêm as pessoas empregadas. “Estamos mantendo as empresas a duras penas, ofertando equipamento de proteção individual (EPIs), higienização, trabalhado a conscientização para que mantenham a distância, alterando horários de trabalho”. “Ele tem o salário dele garantido”, arrematou, referindo-se a Ronildo Almeida.
Paulo Escariz lembrou que, prontamente, os empresários aderiram ao fechamento das lojas, no primeiro decreto, esperando que o Estado suprisse as unidades de saúde. “Mas o Estado não se preparou adequadamente para combater o vírus, ficou na retórica de fechamento e não resolveu nada”, completou.
“Os lojistas do Riomar, mesmo com as lojas fechadas, contribuíram com R$ 50 mil para o Hospital de Cirurgia comprar respiradores. A retórica de Ronildo é de quem é contra, inclusive, do trabalho, pois vive como presidente da federação. Os trabalhadores querem trabalhar”, destacou, ao acrescentar que a discussão de Ronildo não tem respaldo.
Para Alexandre Porto, o setor empresarial, assim como outros segmentos, tem dado contribuição de diversas formas. Seja em contribuições de grandes empresários, e o pequeno mantendo os empregos. “Muitos pequenos empresários estão sofrendo, como os do setor de eventos. Cada um tem ajudado dentro de suas limitações. Esse Fla Flu não contribui em nada. A crítica do sindicalista Ronildo Almeida não leva a nada”, destacou.