O Brasil é um país continental, isso é pacífico, quase um lugar-comum.
Obviamente, isso significa que, no decorrer do seu território de mais de 8,5 milhões de Km2, detentor de uma população de mais de 210 milhões de pessoas, é possível encontrar as mais diversas realidades, sob os mais diversos aspectos.
Principalmente no campo da economia.
Nesse aspecto, com um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de R$ 33.594, no ano de 2018, ele se assume numa posição intermediária no contexto das nações (75° lugar), ao lado de Bulgária e Cuba.
Repare que esse é um caminho que o Brasil traçou por meio de uma parábola.
No ano 2000, ele ocupava a 70ª posição nessa lista; em 2002, caiu para a 80ª colocação; em 2006, foi para o 69º lugar; em 2010, assumiu a 58ª melhor localização; em 2014, escorrega para o 64º posicionamento e, em 2018, despenca para o 75º lugar.
Porém, como nada é tão ruim que não possa piorar, a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) é a de que o país passe a ocupar a 83ª posição mundial neste ano de 2021.
Voltando no tempo, para o ano de 1960, data a partir da qual o Banco Mundial passa a compilar dados sobre o PIB per capita dos países, é possível ver que o Brasil trava uma luta para superar o índice mundial desde essa época.
Em todo esse período, o PIB per capita brasileiro esteve em 73,2% do patamar mundial.
Entretanto, durante dois momentos pareceu que ele conseguiria superar esse desafio:
- De 1992 a 1997, quando o PIB per capita brasileiro chegou a 99% do nível mundial
- De 2003 a 2011, quando o índice brasileiro saiu de 50% do patamar mundial para a marca de 126%.
Em 2019, o PIB per capita brasileiro era apenas 76,2% do mundial, ainda segundo o Banco Mundial.
Contudo, se esse parâmetro macroeconômico fala muito sobre a trilha assumida pela nação no contexto global, o que ele diz sobre esse fenômeno no interior do país?
Esse é um mosaico bastante multifacetado no qual estão inseridos os mais diversos níveis de produto per capita.
Nesse farnel estão inseridos estados que possuem níveis de riqueza que vão de algo fronteiriço a Cabo Verde até valores próximos ao de Portugal.
Logo, por terra, no Brasil, é possível ir da Europa mediterrânea à África atlântica!
Com base em informações de 2018, ao se dividir as 27 unidades federativas do país a partir de seus respectivos produtos per capita, em quatro grupos distintos, tem-se a seguinte configuração:
- GRUPO 01 – Estados com produto per capita acima dos R$ 40.000 anuais: DF, SP, RJ, SC e RS;
- GRUPO 02 – Estados com produto per capita entre R$ 30.000 e R$ 39.999 anuais: MT, MS, PR e ES;
- GRUPO 03 – Estados com produto per capita entre R$ 20.000 e R$ 29.999 anuais: MG, GO, RO, AM, RR, TO e AP;
- GRUPO 04 – Estados com produto per capita abaixo de R$ 20.000 anuais: PE, BA, RN, PA, SE, AC, CE, AL, PB, PI e MA.
Como já se sabe há tempos, há uma divisão espacial da riqueza no Brasil.
No entanto, alguns desses estados são mais diferentes que os outros!
Logo, o objetivo desta semana da Economia Herética será o de desfiar dados que qualificam o quanto essas divisões subnacionais são tão diferentes entre si.
E esse é um debate que precisa ser suscitado de modo recorrente, até porque, segundo o Art. 3° da Constituição Federal de 1988, uma das finalidades da República Federativa do Brasil é erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
(*) Emerson Sousa é Mestre em Economia e Doutor em Administração
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe