Os economistas Luís Moura, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese), e Rodrigo Rocha, do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) da Federação das Indústrias de Sergipe (FIES), têm um ponto em comum quando o assunto é Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm). Moura diz que “talvez tenha sido a melhor ação do governo no sentido de diminuir os efeitos econômicos da pandemia, junto com o auxílio emergencial”. Rodrigo afirma que “é essencial para reduzir demissões e preservar o emprego formal”.
O economista do IEL acrescenta que “a manutenção do vínculo empregatício permite as empresas retomarem rapidamente suas atividades quando houver a liberação, o que acelera a recuperação econômica, como visto em 2020”. Ele observa ainda que, “adicionalmente, a manutenção do emprego formal reduz o custo de demissão e readmissão e, principalmente, preserva a maior produtividade dos trabalhadores que já estão capacitados em suas funções”.
Além disso, o programa permite a manutenção de uma renda mínima aos trabalhadores na vigência dos acordos e preserva a expectativa de renda futura, contribuindo para a manutenção do consumo.
Um pouco tarde
Luís Moura lamenta, no entanto, que o BEm esteja chegando um pouco tarde, “pois muitas empresas já fecharam, demitindo vários trabalhadores. Temos em Sergipe 196 mil desempregados, sendo que uma parte perdeu o emprego na pandemia. No início da pandemia eram por volta de 130 mil desempregados e agora mais 66 mil foram mandados embora”.
“O benefício do ano passado combinava com o auxílio emergencial, que era de R$ 600, injetou dinheiro na economia. O BEm dava estabilidade no emprego com redução de salário e redução de jornada. O problema, agora, é que o valor médio do auxílio emergencial foi reduzido a R$ 250 e também o número de pessoas que tem acesso é menor. Com isso, o impacto na economia será menor também”, explicou Moura.
“De toda sorte, qualquer ajuda é bem vinda nessa hora. O país está atravessando dificuldades. Essas duas medidas, ao meu juízo, foram as melhores ações no ano passado. E a pior ação foi aquela que injetou R$ 1,5 trilhão nos bancos, que não teve efeito na economia. Ninguém sentiu qual foi o efeito de R$ 1,5 trilhão nos bancos. Veja que o auxílio emergencial e BEm são menores, no entanto, têm o condão de impactar significativamente a economia”, pontuou.
Na indústria
Para as indústrias sergipanas e para a economia do Estado, o BEm, na visão de Rodrigo Roch renova o fôlego e o otimismo para continuarem a realizar suas atividades, produzindo renda e garantindo emprego no estado. “Afinal, o BEm colabora para a redução do impacto da crise econômica atual, tanto para os empresários, como para os trabalhadores, pois permite a manutenção dos empregos, reduz custos para as empresas, preserva a produtividade dos trabalhadores, além de garantir uma renda mínima aos mesmos. Ademais, reduz o tempo de recuperação da economia”.
De acordo com Rodrigo Rocha, “ainda é cedo para saber se o tempo em que vigorar o BEm, 120 dias, será suficiente para melhorar a economia, mas certamente é necessário. É preciso acompanhar como serão os efeitos do programa ao longo dos próximos meses, como vai se desenvolver a imunização da população e se haverá ou não a necessidade de estender o programa por mais tempo, observando também as outras medidas governamentais adotadas.
Atualmente, o cenário do emprego no setor industrial no estado, como no Brasil inteiro, ainda não é o ideal. “O impacto da crise sobre a indústria vem, sobretudo, da redução na renda das famílias e da dificuldade de os consumidores acessarem os bens industriais devido ao fechamento do comércio”, afirma o economista do IEL.
“O nível de incerteza também é menor em 2021 do que em 2020, pois as empresas já viram que a recuperação econômica em 2020 foi rápida após a liberação das atividades. Espera-se que a economia retome um ritmo melhor ao longo dos próximos meses, com o avanço da vacinação e consecutivo maior controle da pandemia”, completou.