No texto anterior, falamos sobre a relação dos efeitos de uma alimentação industrial cada vez mais sintética e as suas consequências para a saúde. Relação, aparentemente casual, com as doenças crônicas produzidas por essa alimentação. Falamos também dos sistemas de serviços de saúde e das redes de laboratório farmacológico. Conversa referente à maneira como são produzidos os alimentos atualmente.
Então, quando a gente fala da Permacultura não estamos abordando só um sistema de produção alimentar, mas de uma concepção ética e filosófica que propõe um jeito diferenciado de abordagem dos problemas. Uma maneira integral de análise que consegue interpretar a nossa realidade através de uma visão holística.
A realidade humana não é um fato de ações isoladas que interage de maneira cíclica. É uma corrente complexa de ações vinculadas, consequentes e atuantes numa espiral, que na medida em que é mais ampla se faz mais complexa, gerando relacionamentos maiores, que por sua vez, exige uma forma de interpretação e abordagem no marco dessa mesma complexidade.
Não é somente comparar a desvantagem tecnológica que possa ter as propostas permaculturais feitas com limitações desse tipo, mas com coragem, inteligência e criatividade, para confrontar com engenhosidade e poucos recursos todo um grande desenvolvimento tecnológico usado para gerar mais prejuízos que benefícios.
Não se deve fazer argumentações míopes intelectualmente para justificar que não existem mais alternativas. Tampouco usar métodos depredadores que a elite controladora do modo de produção atual padroniza as traves das academias universitárias, gerando o controle da midiática global.
Trata-se de nós como pessoas com senso crítico, embora tenhamos sido formados no sistema educativo manipulado para sermos autômatas funcionais. Que possamos conseguir nos liberar pela autoformação, e refletir os nossos conhecimentos como parte de um contexto integral da realidade, e não como um segmento “especializado” isolado dessa realidade.
Que consigamos ser protagonistas corresponsáveis, com possibilidades de aportar mudanças, e não como rebanho que tem que aceitar com passividade as decisões de uma elite doente e pervertida.
Estamos obrigados a pensar e atuar desde as nossas trincheiras de conhecimento para aportar com criatividade uma parte que, por pouca que seja, adicione esperança.
(*) Poeta e artesão venezuelano. Licenciado em Educação, especializado em Desenvolvimento Cultural pela Universidade “Simón Rodríguez”, Venezuela.
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