Com o objetivo de fornecer uma avaliação mais recente do conhecimento científico sobre o aquecimento do planeta e projeções para o aquecimento futuro, além de avaliar seus impactos no sistema climático, a Organização das Nações Unidas divulgou o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) intitulado “Mudanças Climáticas 2021: a Base das Ciências Físicas”.
O relatório aborda a compreensão física mais atualizada do sistema climático e da mudança climática, reunindo os últimos avanços na ciência do clima e combinando várias linhas de evidências de paleoclima, observações, compreensão de processos e simulações climáticas globais e regionais.
“Os dados que foram apontados não são novidade e já vem sendo discutido de forma bastante pragmática desde 2015. Já havia uma discussão muito grande no sentido de que precisamos limitar o aumento da temperatura do Planeta Terra em pelo menos 2 ° C. À época, o Acordo de Paris conseguiu fazer foi 1,5 ° C”, declara o professor do Programa de Pós-graduação em Direitos Humanos da Unit, doutor Dimas Pereira Duarte.
O relatório fornece novas estimativas das chances de ultrapassar o nível de aquecimento global de 1,5 ° C nas próximas décadas e constata que, a menos que haja reduções imediatas, rápidas e em grande escala nas emissões de gases de efeito estufa, o aquecimento deve ser limitado a cerca de 1,5 ° C ou mesmo 2 ° C estará fora de alcance.
“Este relatório, que foi produzido a partir de uma revisão muito ampla de tudo que vem sendo discutido pelos cientistas do mundo todo, trouxe como reflexão foi que esse um grau e meio a mais ele já vai chegar na próxima década. Então, o relatório não nos fornece um cenário muito confortável e nem tão pouco nos remete para um momento muito futuro”, enfatiza o pesquisador.
O relatório destaca ainda que as emissões de gases de efeito estufa das atividades humanas são responsáveis por aproximadamente 1,1 ° C de aquecimento desde 1850-1900, e conclui que, em média, nos próximos 20 anos, a temperatura global deverá atingir ou ultrapassar 1,5 ° C de aquecimento.
“Durante muito tempo essa foi uma questão bastante discutida. O relatório traz uma informação que é praticamente irrefutável que é a que existe a interferência humana e que isso vem acelerando significativamente esse processo de aquecimento global”, frisa.
“O relatório demonstra que os maiores eventos adversos climáticos, enchentes e secas já baterá em nossa porta na nossa próxima década”, complementa.
O docente da Unit destaca que o relatório também quantifica quanto à ação humana e a aceleração no processo de mudança e aquecimento global. “As nossas ações de economizar água e da preocupação com o tipo de energia utilizada são pequenas coisas que afetam diretamente a nossa vida. Precisamos refletir nesta questão de mudança climática para pensar em preservação, proteção do meio ambiente e manutenção das nossas próprias condições de vida no Planeta Terra”, salienta.
“É essencial que haja não somente esse senso de responsabilidade individual e coletivo, assim como um posicionamento político firme. Existem políticas públicas e ações governamentais que nem sempre tem acompanhado esse senso de responsabilidade”, finaliza o pesquisador.