quinta-feira, 21/11/2024
O amor se manifesta na palavra, no sonho, no movimento ou na imobilidade, no gesto isolado, coletivo ou no olhar Imagem: Pixabay

Para não dizer que não escrevi sobre o amor 

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Valtênio Paes (*)

Aqui já escrevemos sobre política, religião, esportes, economia, educação e tantos outros temas. Tentaremos refletir sobre o amor. Guardando as devidas proporções em seu habitat, o ato de amar é inerente aos seres terrenos. Cada cultura externa sua própria forma de amar desde o começo dos tempos. No campo, animais de todas as espécies também manifestam a prática de amar. Tratemos dos humanos.

Amore do latim, emoção ou sentimento do português, que leva a pessoa desejar o bem a outra ou a uma coisa. O uso da palavra nas religiões, na filosofia e nas ciências tem várias conotações. Para Platão, o amor está ligado à ideia do desejo, Eros Já para Aristóteles, o amor está vinculado à ideia de alegria de fazer a outra pessoa feliz. No cristianismo o amor é ágape, renúncia sem esperar contrapartida, apenas fazer o bem. Na idealização, o amor se manifesta de formas variadas em romances, filmes, comunicações e artes.  De vez em quando, vulgariza-se com o “amei o presente, o gesto”.

Para o Budismo é um sentimento puro, desinteressado, bem-estar absoluto. No mundo ocidental, pensadores utilizam conceito ambivalente. Embora, por um lado, exige a satisfação do desejo das pessoas, por outro, concentra-se no eu. Ter o amor da pessoa amada que inquieta, provoca, impulsiona, consola, salva, é bálsamo do coração.

Mas o que é o amor? Ama-se e ponto final? “Os brutos também amam?” Amar se explica? Sempre questionado, desejado, praticado e ilimitado. Por ser pessoal e intransferível, ninguém tem o direito de subvertê-lo sob pena de praticar maldade. Sentimento de cumplicidade, desprendimento sem contrapartida. Sentir e fazer numa troca harmoniosa sem regras, são estratégias no amar.

Uns amantes elegem o bem-estar do outro; outros, detalham no prazer da rotina.  Compreensão! Entender o sentimento do outro, partilha, cada pessoa constrói sua definição e prática. Antecipar-se aos desejos e necessidades privilegiam a pessoa amada pela sua beleza e apego à completude.

Perfeito é amar e ser amado. Existência da bilateralidade na prática dos sentimentos fortalecem o elo do sentimento. Talvez o amor unilateral seja imperfeito porque não tem reciprocidade. Quem ama plenamente respeita as diferenças, relativiza os defeitos e reconhece virtudes em defesa da harmonia. Quem ama constrói na relação alicerce de confiança mútua. Para Gibran “demonstrações de amor são pequenas em comparação com o que há de grandioso por trás delas”. Haemin Sunim diz que “o amor é como um convidado que chega sem convite”.

Manifestado na palavra, no sonho, no movimento ou na imobilidade, no gesto isolado, coletivo ou no olhar – sempre acontece. Sendo manifestação diversa porque pessoas são diversas, é às vezes imperceptível, às vezes objetivamente concreta. Fundamentá-lo na família, na espiritualidade, no físico, na busca do “conhece-te a ti mesmo”, possibilita a construção de um templo interior como seu próprio celeiro.

Os humanos ao longo da civilização manifestaram o amor subsistindo na guerra, no esporte, no trabalho, no lazer, por mais que seu oposto esteja por perto. Amor e ódio se toleram mesmo que seus sujeitos não queiram ou não percebam. O sofrimento enriquece o verdadeiro amor porque aprofunda a busca, enquanto cura. Amar é não retrucar com o “mas” quando alguém expressar um sentimento virtuoso. O ato de amar, nas suas inúmeras maneiras, resulta na depreciação do ódio interior das pessoas. Ao amar semeia-se paz, harmonia e concórdia.

Como se não bastasse sua infinidade e seu perpassar ao longo dos tempos e das culturas, algumas pessoas dizem que ele não existe. No desespero, ao negá-lo, admite sua existência porque não se nega o inexistente.  Outros vinculam o amor a uma relação de objetos materiais. Esquecem que “o amor centrado nas relações de consumo tem prazo de validade limitado”.   Estuda-se que amar impulsiona hormônios da felicidade.

Até o fim de minha vida   espero te compreender. Pelo menos, chegar à conclusão que não lhe compreendi. Já valeu pelo aprendizado na caminhada, disse o imaginário do amante em nome do amor. Esta busca constantemente persistente, é manifestação de alguém que ama outra pessoa. Parece difuso. Fato é que o exercício de amar confunde-se com sua própria busca na medida que os atos de amor podem se alimentar na própria recriação. Pretender catalogar não convém, ante a impossibilidade. Até mesmo dizer “não” nem sempre é ausência de amor.  Quem ama pode agir assim para proteger a relação.  Ter limites é bom pela autenticidade, desde que ajude o outro encontrar saídas. Amo-te sem fronteiras nem amarras, confessou o escritor apaixonado.

Amar é eliminar preconceitos e preocupações na convivência. É compartilhar sem exigir, é acordar pensando no bem do outro, é ser constante no somar e multiplicar, na cumplicidade, nas boas emoções e dificuldades, sem pedir retorno. É buscar sem cobrança, é resignar e exacerbar nos desejos e emoções, é compartilhar sem fomentar entraves.  Amar sem questionar e acreditar sem contrapartida, é exercitá-lo simplesmente, é excluir o ódio do templo interior de cada pessoa.

Quaisquer que sejam as formas, atos, palavras e conceitos de amor, não importam.  Agir e reagir, pelo amor, para o amor e com amor faz a diferença para anulação do ódio interior e exterior. Prevalência sempre!

 

(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada -Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.

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Sobre Valtenio Paes de Oliveira

Coditiano
(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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