Você abriria mão de uma viagem à Disney para passar duas horas com os melhores amigos curtindo uma balada dentro de um ônibus superequipado, uma espécie de boate itinerante sobre rodas? A adolescente Ana Gabrielle Andrade de Melo comemorou os 15 anos à bordo do bólido Walking Party, com direito à música nas alturas comandada por um DJ, garçons e 40 amigos escolhidos a dedo. Por três horas, ela percorreu alguns pontos de Aracaju e hoje já pensa em fazer a ressaca desta festa.
Atitudes como a de Ana Gabrielle são mais comuns do que se imagina. Desde outubro do ano passado que a cidade já conta com o Walking Party, onde a pessoa pode fazer a festa com valores que variam de R$ 2.000 a R$ 5.200. A ideia de trazer essa boate itinerante para Aracaju foi do empresário Paulo Martins que buscava um ramo diferente para investir. Ele pesquisou na Associação Brasileira de Franquias e lá descobriu a franquia Walking Party.
Esse tipo de serviços surgiu nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 2010, pelas mãos do empresário Maurício Pinto Matheus. “Eu entrei em contato, fui a São Paulo onde ele tem oito ônibus, vi como funciona e trouxe para Aracaju. Aqui no Nordeste tem também em Recife, Salvador e Fortaleza”, disse Paulo Martins. O ônibus é um Scania 124 que foi totalmente customizado para se transformar numa boate.
Maurício contou, numa recente entrevista que transformou um ônibus comercial em ônibus balada – passando a oferecer festas de confraternizações, aniversários, casamentos, festas infantis, eventos corporativos, dentro dele; enquanto se desloca pelo trânsito de São Paulo.
Já em Aracaju, Paulo Martins disse que vem tendo sucesso com o ônibus. Somente no mês de maio foram 11 festas. “Temos uma média duas a três festas por semana”, afirmou Paulo. São festas de 15 anos, despedida de solteira (não vale despedida de solteiro), formaturas, aniversários (ele já fez uma de 50 anos de um cidadão). Tem ainda a esquenta balada (quando você se prepara para ir para uma boate), eventos corporativos.
Nem de longe, o ônibus se parece com aquele que sai da fábrica. Ele vai para uma linha de montagem e sai totalmente equipado. O ônibus é todo pintado de preto e no para-brisa da frente foi colocado lâmpadas que ficam piscando. O interior nem se parece um ônibus convencional: há projetor laser holográfico, luz estroboscópica, dois aparelhos de TV colocados em pontos estratégicos.
O meio do ônibus é destinado, claro, para as pessoas dançarem e dos lados há bancos. Há um espaço para choperia e outras bebidas. A balada é comandada por um DJ que tem no acervo 400 mil músicas para todos os gostos. “Temos até música gospel”, avisou Paulo Martins. Um gerador de 8 Kvas não deixa nada parar.
Enquanto a turma se diverte, o motorista, DJ, garçom, gerente de festa e fotógrafo trabalham para o conforto de todos. Cabe ao motorista Allan da Cruz Nascimento, 39 anos, conduzir o ônibus a uma velocidade de até 20 km/hora, justamente para que todos possam dançar à vontade sem o risco de cair. “Tenho que ter muito cuidado, atenção no tempo do semáforo, etc.”, contou. O som potente não distrai a sua atenção na pilotagem.
A franquia Walking Party faturou R$ 7,2 milhões em 2015 e, além de Aracaju, abriu uma unidade em Goiás.