Desde o advento das redes sociais, foram criando grupos diferentes no meu entorno. Hoje faço parte de quase uma centena deles, os mais diferentes possíveis. Grupo da família tenho uns seis: núcleo familiar, família materna, família paterna, primos; e muitos outros, desde os aposentados do meu antigo trabalho, os da faculdade, com suas subdivisões. Sim, aos 63 anos, estou a cursar Jornalismo, uma velha e adiada paixão. Com a pandemia do coronavírus, impossibilitado de viajar pelo mundo, estando em casa, em grande parte recluso, resolvi cursar uma nova faculdade. Tudo novo para mim, a começar pelos colegas, alguns com idade de netos, caso os tivesse. Um curso a distância, algo impensável antes, obra da tecnologia. Estudo pelo smartphone, onde esteja.
Mas vamos ao que interessa. Em um grupo que me colocaram no Facebook, essa maravilha criada pelo jovem norte-americano Mark Zuckerberg para azarar as moças nos alojamentos da faculdade, que o deixou trilionário, e viciou bilhões em todo o mundo, inclusive eu, vejo uma provocação: “Você alugaria seu marido por uma semana para outra mulher por um milhão de reais?
O tal grupo vive de provocações, e melhor do que as perguntas são as respostas.
Com mais de mil curtidas, me atenho às respostas hilárias do mulherio. Vocês mulheres sempre fazendo meus dias mais divertidos. Algumas respostas:
-Se quiser ficar com o meu, pode levar, escreveu uma.
-Por esse valor, não alugo, vendo logo, disse outra.
-Passa logo o dinheiro pra minha conta e pode levar, escreveu outra.
Já uma disse: “Meu marido é sagrado, não empresto, não dou e nem alugo. Vai pra lá, besta fera”. Essa ama o marido de verdade, coisa rara.
Nem me atrevo a mostrar a enquete para minha mulher, acho que por muito menos eu já estaria em outro endereço; e ela com o dinheiro na conta corrente.
Como disse antes, bem melhor que as provocações são as respostas espontâneas. As respostas me fizeram lembrar uma história que li já faz um tempo.
Uma alta executiva de uma empresa transnacional – bem sucedida economicamente, alto nível educacional, viajada, sem tempo para trivialidades -, aconselhada por uma amiga, colocou um anúncio em um site de relacionamento desses bem tops, ou seja, selecionado, só com pessoas de alta renda e elevado nível intelectual, com os seguintes dizeres: “Empresária bem sucedida do ramo financeiro, 40 anos, procura um pretendente para futuro relacionamento, com os seguintes requisitos: alto, idade entre 40 e 55 anos, heterossexual, goste de sexo, fale bem o português e inglês, esportista, financeiramente independente, solteiro, goste de animais, não tenha feito terapia, bom humor, goste de criança, seja sociável”.
Após a divulgação do anúncio, a caixa de e-mails da jovem empresária ficou entupida de respostas, as mais diferentes e hilárias.
-Querida, um marido desse é o meu sonho, disse um gay, só desejaria que fosse um rapaz alegre e multicolorido como eu.
-Quando você encontrar um desse, pergunta se ele é gêmeo ou se tem irmão, quero um para mim, escreveu outra.
-Querida, você descreveu um deus do Olimpo, e você sabe que ele não existe – disse uma realista . Você vai continuar solteira.
Mas a grande maioria das respostas enviadas, mais de trezentas, eram mulheres dizendo, “Mesmo meu marido não se encaixando nos pré-requisitos, pode ficar com ele”. Algumas mais incisivas diziam: “Pode levar logo, se quiser te passo o endereço agora”. O mulherio evoluiu, se não soma, some.
Também pelo grupo das redes sociais, recebi um vídeo em que um casal, após uma briga, a mulher pega os quase nada do marido, joga na rua, e o marido cabisbaixo vai saindo. A vizinha da casa ao lado, o pega pela mão, enquanto ele junta a mochila no chão, e o leva para casa dela. A esposa ao ver a cena, toma o marido de volta, das mãos da vizinha, e brigando, o reconduz para dentro de casa. Pensou: “Perder logo pra essa, jamais”. Mulher é bicho competitivo.
Casamento é uma “faca de dois legumes”, como diz um amigo filósofo; quem não está casado, está louco para encontrar a banda da laranja; quem já casou, se a laranja azedou, quer jogar fora. Já foi o tempo que casamento era para sempre; como dizem os jovens, “a fila anda”.
Como se não bastasse coronavírus, violência, corrupção, enchentes em algumas regiões do Brasil, temos que assistir a uma guerra no Velho Mundo, no leste da Europa, por causa de um louco desvairado, e isso também mexe conosco. Vê a sandice do tirano autocrata Vladimir Putin é de cortar o coração. A saída é fugir da realidade. Em tempos bicudos como os que estamos vivendo e vivenciando, rir um pouco faz bem, ajuda a seguir em frente, pois ainda tem muito chão pela frente. “Putin é casado?” Meu amigo filósofo responde: “Deve ser, um homem quando está em paz, não quer guerra com ninguém”.
Rir ainda é o melhor remédio.
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*Luiz Thadeu Nunes e Silva é engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países em todos os continentes.