O interessante é que Acáciamaria não se inscreveu. A inciativa foi da sua sobrinha Noélia Albuquerque, mas, inicialmente, não contou nada à tia, pois não criaria expectativa, caso não desse certo. Quem orientava musicalmente Acáciamaria era Janailton, que Noélia passou a chamar de Janailton Brown, numa alusão ao cantor Carlinhos Brown. “Ele foi meu preparador vocal”, disse Acáciamaria.
“Eu me sinto vitoriosa”, disse Acáciamaria ao comentar sobre a experiência de cantar num programa da Rede Globo e ser conhecida no Brasil inteiro. “Foi um acréscimo positivo na minha vida. Esse negócio de não ganhar, não tem nada. A receptividade, no domingo quando cheguei em Aracaju, parecia que eu era uma personalidade política importante. Muita gente me abordando, tinha batedores do Samu abrindo caminho, trio elétrico”.
Mesmo sentindo-se vitoriosa, Acáciamaria não entende por que não foi para a final. Ela não concordou, por exemplo, com a regra para os semifinalistas cantarem a mesma música de forma fracionada. Para ela, cada um tinha que apresentar uma música inteira. “Aí acho que foi errado. Teve gente que desentoou, a ponto de um deles virar para mim e mandar eu cantar forte. Aí, quando chegou na hora de escolher, Carlinhos Brown olhou para mim, falou meu nome duas vezes, virou para Dionísia e perguntou: ‘Como pode a senhora com essa idade ter essa voz?’ E olhou para mim. E disse que a escolhida era Dionísia. Assim. Não teve entusiasmo”, disse Acáciamaria.
Mas Acáciamaria viveu como se fosse uma celebridade e até hoje colhe os frutos de sua participação no programa. Ela lembra que as pessoas a reconheceram nas ruas, mesmo de máscara e até de costas. Acáciamaria conta que um cidadão falou com ela dentro da aeronave e disse que era padre em Lagarto, enquanto o amigo dele era de Simão Dias. “Da minha terra”, alegrou-se. Embora a experiência tenha sido maravilhosa, o que cansava mesmo eram as viagens. “Eu vivia numa ponte área Aracaju Rio de Janeiro e Rio de Janeiro Aracaju”, lembrou. Fã confessa de Fafá de Belém, Acáciamaria disse que teve a oportunidade de conhecê-la e abraçá-la por duas vezes e tirou fotos com ela, inclusive.
Se tivesse chegado à final, Acáciamaria ia cantar “O mundo é um moinho” de Cartola. “Fecharia com chave de ouro, pois comecei com “As rosas não falam”, do mesmo autor. “Se eu tivesse ganhado, maravilha. Se não, ma-ra-vi-lha. Vou voltar para minha casa, dormir na minha cama. Não tem melhor lugar no mundo do que a casa da gente”, contou.
E foi na casa dela, na Aruana, na Zona de Expansão de Aracaju, que Acáciamaria conversou com o Só Sergipe.
Agora é aproveitar o momento para ler a entrevista, pois o ganho é certo.
SÓ SERGIPE – Mesmo não chegando à final, a senhora disse que foi tudo maravilhoso. Mas de tudo que a senhora viveu ao participar do The Voice+, o que mais lhe marcou?
ACÁCIAMARIA – Acho que quando passei para a semifinal. Não é cabotinismo, mas sempre fui muito aplaudida. Das cegas, eu passei para segunda fase como primeira voz; do tira-teima passei para o top dos tops, como primeira voz; depois passei para a semifinal como primeira voz. Só que na final não fui primeira. Paciência, o que é que vou fazer? Nem sempre a gente vence.
SÓ SERGIPE – Como a senhora se sente por ter participado do The Voice + e por pouco não chegou à final?
ACÁCIAMARIA – Eu me sinto bem, valeu a pena. Foi uma experiência nova para mim, pois nunca me vi envolvida em projetos musicais, sou enfermeira e isso gosto de enfatizar. Agora, eu sempre cantava. Reunia o pessoal aqui em casa e cantava como distração, gosto muito. Lá na Globo fui muito bem tratada, o pessoal do The Voice é muito gentil. Eu disse que eles estavam me mimando. Quando eu chegava, um dizia: ‘Olha, minha rainha chegou. Cadê o cafezinho dela”, com aquele cuidado. Na hora que a gente subia para o palco, havia uma pessoa que era exclusiva minha, que me levava para o palco. E chegava no meu ouvido e dizia: ‘Quando terminar eu venho lhe buscar’. São coisas que fazem bem ao ego da gente.
SÓ SERGIPE – E a senhora chegou à semifinal…
ACÁCIAMARIA – Sim, cheguei à semifinal, coisa que aqui em Sergipe ninguém conseguiu esse feito. Foi uma bênção de Deus. E estou satisfeita. A experiência foi maravilhosa. O que cansava muito eram as viagens. Eu vivia numa ponte área Aracaju Rio de Janeiro e Rio de Janeiro Aracaju. Só que as quatro últimas viagens foram Aracaju, Guarulhos e Rio, e na volta a mesma coisa. Nós saímos do hotel, no Rio, às nove horas da manhã e chegamos aqui em Aracaju às 18 horas. Uma loucura. O melhor de tudo isso é que as pessoas me conheciam de máscara. Teve um senhor que me conheceu no aeroporto, vendo-me pelas costas. Ele disse: ‘A senhora é a moça que estava no The Voice’.
“Esse negócio de não ganhar? Nada, eu me sinto vitoriosa.”
No avião, entraram dois senhores e um deles disse: ‘A senhora não é a moça do The Voice? Respondi sim. E ele falou: ‘Eu sou padre de Lagarto e esse meu amigo é de Simão Dias’, da minha terra, Simão Dias. Foi um acréscimo positivo na minha vida. Esse negócio de não ganhar? Nada, eu me sinto vitoriosa. A receptividade, no domingo quando cheguei em Aracaju, parecia que eu era uma personalidade política importante. Muita gente me abordando, tinha batedores do Samu abrindo caminho, trio elétrico. Aqui na Zona de Expansão chegamos num lugar que havia uma seresta, o tecladista e o cantor pararam e foram me buscar dentro do carro. Isso tudo é carinho. Sem vaidade, sem orgulho nenhum, sou uma pessoa muito simples. Se eu tivesse ganhado, maravilha. Se não, ma-ra-vi-lha. Vou voltar para minha casa, dormir na minha cama. Não tem melhor lugar no mundo do que a casa da gente. Fui muito bem tratada ali no Projac.
SÓ SERGIPE – A senhora se deslumbrou com o Projac?
ACÁCIAMARIA – Sim, cada casa era o estúdio de uma novela. Em uma casa era o The Voice +. Quando chegavam os carrinhos com os artistas, e eu entrando no carrinho com eles, foi muito bom, muito gostoso.
SÓ SERGIPE – Nessas andanças pelo Projac, conheceu algum ator ou atriz que a senhora é fã?
ACÁCIAMARIA – Ator, não. Mas conheci pessoalmente Fafá de Belém, sou apaixonada por ela, tenho o primeiro LP de Fafá de Belém. Um dia, cheguei e ela estava jantando com uma pessoa, quando ela me viu, levantou e me deu dois abraços. Antes ela já havia me dado um abraço no hotel.
SÓ SERGIPE – Que lições a senhora tira dessa experiência?
ACÁCIAMARIA – Positivas. Para mim não teve nada negativo, a não ser esse sobe e desce de avião. Mas foi tudo maravilhoso.
SÓ SERGIPE – E se a senhora tivesse ganhado no The Voice +, como seria?
ACÁCIAMARIA – Eu já tinha um alvo certo. Não queria dinheiro, mas a satisfação que ia ter de trazer o primeiro prêmio para Sergipe era infinita. Eu disse que queria levar o primeiro prêmio para o meu povo, dar esse presente a Sergipe. Era só o que eu dizia. Agora, o dinheiro não faz mal a ninguém, não é? (risos). Você só tem que saber como vai manuseá-lo. Às vezes manuseia de forma errada, e ao invés de fazer o bem vai fazer o mal. Estou com 86 e não ia jogar dinheiro fora. Não ia sair rasgando dinheiro, distribuindo na rua. Não sou Sílvio Santos, nem nada (risos).
SÓ SERGIPPE – Como ocorreu sua inscrição no The Voice+?
ACÁCIAMARIA – Quem me inscreveu foi minha sobrinha Noélia. Ela pediu meus documentos, não disse para que era. Duas semanas depois, pediu que fizesse um vídeo cantando uma música e mandasse para ela, mas não disse para que. Gravei “Chão de Estrelas” e um mês depois, ela ligou avisando da classificação para o The Voice, em princípio de novembro do ano passado. Eu tinha duas entrevistas marcadas para a Rádio Cultura e cancelei, pois assinei um contrato com a Globo cheio de exigência, cheio de proibição e a partir dali deixei de ser eu. Passei a ser global (risos). Tudo era sigilo. Tanto que, passado o programa, minha sobrinha mandou um ofício para Universal Music pedindo o cancelamento do meu contrato. E aí posso fazer o que eu quiser.
SÓ SERGIPE – E qual foi o tema da sua entrevista na Rádio Cultura?
ACÁCIAMARIA – Eu trabalhei na Rádio Cultura. Fui a primeira mulher na rádio Cultura, fui chefe de escritório, atriz de rádio, apresentadora de programa, trabalhei com Macedo Filho, com meu amigo Alencarzinho, Dom Távora, um bocado de gente boa. Mas nunca entrei no campo da música. Porém eu gosto de compor. E a primeira música que fiz foi na escadaria de lá. Depois, no Hospital Jesus, em Mangueira, fiz uma música “Meu sonho, meu violão”, com o eletricista de lá. Era uma madrugada e eu estava descansando um pouco no plantão. Quando lancei a música, procurei, para o direito autoral, mas ele já tinha morrido. Minha vida é essa.
SÓ SERGIPE – Sim, fale-me das viagens ao Rio…
ACÁCIAMARIA – A primeira vez que fomos ao Rio foi em janeiro, depois fevereiro, e março foi a última. Ia, gravava, esperava. Antes de lançarem, mandavam a passagem, íamos fazer o teste de Covid-19 no laboratório e mandava o resultado. Foi tudo válido demais.
SÓ SERGIPE – A senhora ficou na equipe de Carlinhos Brown…
ACÁCIAMARIA – Foi um negócio que ninguém entendeu até agora. Nas cegas, fui a primeira voz; no tira-teima, a primeira voz; no top dos tops, a primeira voz. Saí para semifinal e fui para primeira voz. Eu disse que não queria fazer como o Brasil, ganhou em todas as etapas e antes da final perdeu de 7×1. Ele sempre foi meu técnico, mas não ganhei.
SÓ SERGIPE – E como foi, para a senhora, fazer parte do time de Carlinhos Brown?
ACÁCIAMARIA – O Carlinhos Brown é inteligente pra caramba, de uma eloquência… Na semifinal, ele dizia que eu tinha o hormônio do amor na voz, ‘você é a citocina na voz’, afirmava.
“Carlinhos Brown olhou para mim, falou meu nome duas vezes, virou para Dionísia e disse: “Como pode a senhora com essa idade ter essa voz?’ E olhou para mim. E disse que a escolhida era Dionísia. Assim. Não teve entusiasmo.”
Fafá de Belém dizia que quando eu cantava, abraçava as pessoas. E me disse que é a ‘voz que cura’. Eles fracionaram a música da semifinal para nós quatro. Aí acho que foi errado. Teve gente que desentoou, a ponto de um deles virar para mim e mandar eu cantar forte. Aí, quando chegou na hora de escolher, Carlinhos Brown olhou para mim, falou meu nome duas vezes, virou para Dionísia e disse: “Como pode a senhora com essa idade ter essa voz?’ E olhou para mim. E disse que a escolhida era Dionísia. Assim. Não teve entusiasmo. Cantei na abertura, “As rosas não falam”, de Cartola; na segunda, “Chão de Estrelas”, de Sílvio Caldas; na terceira, “Rosa”, uma música dificílima de Pixinguinha. Na quarta, eles fracionaram. Só que eu deixei gravada a última música da final, “O mundo é um moinho”, de Cartola. Eu comecei cantando Cartola e se chegar à final, canto outra música dele para fechar com chave de ouro. Não cheguei.
SÓ SERGIPE – Mesmo não chegando à final, a senhora disse que foi tudo maravilhoso. Mas de tudo que a senhora viveu ao participar do The Voice, o que mais lhe marcou?
ACÁCIAMARIA – Acho que quando passei para semifinal. Não é cabotinismo, mas sempre fui muito aplaudida. Das cegas, eu passei para segunda fase como primeira voz; do tira-teima passei para o top dos tops, como primeira voz; depois passei para a semifinal como primeira voz. Só que na final não fui primeira. Paciência, o que é que vou fazer? Nem sempre a gente vence.
SÓ SERGIPE – E agora?
ACÁCIAMARIA – Agora já estou com uma programação agendada. Fui ao Café da Gente e muita gente me aplaudindo. Fiz uma visita comunidade Santa Maria que tem um projeto maravilhoso que é a Orquestra de Jovens Sergipanos. É lindo, maravilhoso, impressionante. Chorei com a recepção deles. Foi magnífica. Ficamos felizes quando alguém se interessa pela juventude. Fiquei encantada e faço questão de contar para todo mundo.
“Quando terminou meu contrato com o Senac, procurei o prefeito e pedi que ele me desse um caminhão para eu levar minha mudança para Neópolis, onde tinha casa própria.”
SÓ SERGIPE – Me conte um pouco da sua história. Nasceu em Simão Dias, estudou, formou-se em Enfermagem.
ACÁCIAMARIA – Quando me formei em Enfermagem trabalhei dois anos e meio na Escola de Enfermagem Dr. Augusto Leite, no Hospital Cirurgia, em Aracaju. Aí abriu concurso no Rio, fiz, passei e fiquei por lá. Morei no Rio de Janeiro 38 anos. Sou funcionária aposentada da Secretaria de Estado da Saúde do Rio. Trabalhei durante 28 anos direto e eles colocaram o PDV (Programa de Desligamento Voluntário) e eu pedi a aposentadoria por tempo de serviço. Uma das pessoas disse que eu ia receber 28 dias e eu respondi que não me importava e que queria ir embora para minha terra, Sergipe. Vim em 1988, fui trabalhar no Hospital de Cirurgia, fui enfermeira chefe do Hospital de Laranjeiras, Neópolis, fui secretária de Saúde de Brejo Grande e Tomar do Geru. Trabalhei como assessora do secretário de saúde de Tobias Barreto. Implantei em Sergipe a primeira Escola de Auxiliares de Enfermagem do interior, sendo três turmas em Neópolis, três em Tobias Barreto. Quando terminou meu contrato com o Senac, procurei o prefeito e pedi que ele me desse um caminhão para eu levar minha mudança para Neópolis, onde tinha casa própria. Em casa, enquanto arrumava as coisas, o prefeito mandou me chamar de volta e lá estava uma diretora do Programa de Agentes Comunitários da Saúde. Ele me contratou como assessora do secretário de saúde Tobias Barreto e como enfermeira do programa de agente comunitário. Fiquei lá quatro anos. Fiquei até o final da gestão de Diógenes Almeida, e continuei com o prefeito Esdras Valeriano e aconteceu algo interessante: lancei um CD. Trabalhei em Lagarto, com Goreti Reis e hoje recebi uma moção de aplauso da Assembleia Legislativa de Sergipe. Lancei o CD no Rotary Club e o Conselho de Secretários Municipais, em Aracaju, no Hotel da Ilha, em 2001. Quando cheguei, encontrei a secretária de Saúde de Tobias Barreto, e ela perguntou onde eu estava trabalhando. Eu tinha pedido para sair de Lagarto, ia abrir o concurso público e eu não quis fazer. Fui em Tobias Barreto e ela queria implantar o Programa de Saúde Mental e depois comecei a trabalhar. Implantei o Projeto Claridade, mandamos para o Ministério da Saúde e foi aprovado. Cinco meses depois, nosso projeto passou a ser oficina e vim para um seminário de Saúde Mental em Aracaju. Aqui recebi a notícia que passamos a ser Caps e implantei lá em Tobias Barreto.
“Uma vez fui para o Casa de Forró Cariri com 15 CDs para ver se vendia, mas dei para todo mundo.”
SÓ SERGIPE – Graças a Deus, nunca lhe faltou trabalho e nem cantoria, não é?
ACÁCIAMARIA – Cantoria só aqui em casa. Nunca me envolvi profissionalmente. Eu ia para bar Coqueiral e a cantora pedia para eu cantar um pouco e deixava o microfone na minha mão. A minha cantoria foi essa. Nunca tive vínculo com ninguém.
SÓ SERGIPE – E o CD, foram quantas tiragens?
ACÁCIAMARIA – Foi só por distração, tirei mil e só tenho um. Vendi, dei. Uma vez fui para o Casa de Forró Cariri com 15 para ver se vendia, mas dei para todo mundo. Ele é quase todo autoral, são 14 músicas, mas tem uma que é de João de Aquino e Paulo Frederico. As outras 13 são todas minhas.
SÓ SERGIPE – A senhora, então, é cantora e compositora?
ACÁCIAMAIA – E escritora. Já lancei três livros. O primeiro foi “Reticências”, lá no Rio; o segundo foi “Gotas de Cristal”, também, no Rio; e o terceiro aqui em Aracaju, “Silêncio da Lágrima”.
SÓ SERGIPE – Todos os livros são de poesia?
ACÁCIAMARIA – “Gotas de Cristal” é de poema e prosa. Eu converso um pouco e entro com o poema. Depois lancei o “Silêncio da Lágrima”, que foi o último. Estou vendo aí se consigo publicar mais livros, mas tudo é custo.
“Eu cuidei de Cartola assim: ele achava que a pressão arterial estava ruim e dizia ‘chama Acácia, chama Acácia’.”
SÓ SERGIPE – A senhora disse que é compositora aos artistas do The Voice +, como Fafá de Belém, por exemplo.
ACÁCIAMARIA – Quem sabe disso é Carlinhos Brown. E contei que eu, como enfermeira, dava muita assistência a Cartola, que morava perto da minha casa. E eu me dei muito bem com ele e com a esposa, que chamo de Tia Zica. A neta dele, que é afilhada de fogueira, ligou para mim durante o The Voice+. Ela estava doente e não teve como me encontrar lá no Rio. Eu cuidei de Cartola assim: ele achava que a pressão arterial estava ruim e dizia “chama Acácia, chama Acácia”.
SÓ SERGIPE – A senhora guarda alguma coisa de Cartola?
ACÁCIAMARIA – Eu tenho o primeiro LP (long play) de Cartola que ele me deu autografado. Tenho três LPs, três ou quatro CDs. Agora, me aconteceu uma coisa que me machucou muito. Foi o seguinte: ele não saía para lugar nenhum, e num aniversário meu, falei com Tia Zica para ir lá em casa com Cartola beber um uísque comigo. E ela me disse que eu falasse com Cartola, pois ele não saía para lugar nenhum. Eu falei com ele para ir lá em casa para meu aniversário e ele olhou para mim e disse que ia. Perguntei se ele levaria o violão e ele respondeu que para onde ia o violão ia atrás. Sentamo-nos na sala da minha casa: ele, mamãe, Tica Zica e eu sentada num tapete no chão. Ele gravou para mim “As rosas não falam”, em fita cassete naquela época e me roubaram essa fita. Mas a memória dele ficou aqui na minha. E a Tia Zica é uma doçura comigo.