O lixo eletrônico coletado pela Cooperativa Care, em Aracaju, vem tendo crescimento. Enquanto em 2020 foi arrecadado 1,9 quilo, em 2021, 2,4 quilos, de janeiro a abril deste ano, esse número subiu para 6,9, perfazendo um total de 11,3 quilos. Em janeiro e março deste ano houve uma arrecadação expressiva: 2,13 quilos e 3,38, respectivamente.
De acordo com a Amanda Bispo, diretora operacional da Care Aracaju, “houve um aumento considerável, porque começamos a fazer um trabalho de divulgação maior dentro das possibilidades econômicas da Cooperativa. Ampliamos o recebimento para outros tipos de eletrônicos que antes não recebíamos mesmo sendo recicláveis, porque não tínhamos como destiná-los corretamente. Por exemplo, cabos e baterias (exceto de celulares), além de ter uma catalogação mais específica, o micro-ondas que antes era destinado como sucata ferrosa, hoje ele é destinado como eletrônico”.
Ainda segundo Amanda, um outro fator contribuiu para os números alavancarem. São os descartes de sucatas eletrônicas que estão chegando de uma estatal que está diminuindo seus postos em Sergipe. Quanto à coleta seletiva residencial de fato não houve aumentos consideráveis.
Brasil
Desde a vigência do decreto (10.240/2020) que estabelece normas para a implantação do sistema de logística reserva, em janeiro de 2020, o Brasil registra crescimento na quantidade de lixo eletrônico coletado. No ano anterior ao decreto, em 2019, segundo o Ministério do Meio Ambiente, o país coletou 16 toneladas. Em 2020, o montante subiu para 105 toneladas. Em 2021, as prefeituras coletaram 1,2 mil toneladas de materiais como pilhas, celulares, baterias, computadores, televisores e fones de ouvido. O aumento foi de 75 vezes em 3 anos.
O principal fator para esse crescimento foi a implantação de locais específicos para entrega voluntária desse tipo de equipamento nos municípios. Em 2010, o governo federal sancionou a lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos a promover a logística reversa (descarte correto e reciclagem) de seus itens, resíduos e embalagens. Foi quando os ecopontos começaram a ser criados.
Entre 2010 e 2018, em todo o Brasil, segundo levantamento do Ministério do Meio Ambiente, eram apenas 70 pontos de coleta exclusiva de resíduos eletrônicos. De 2019 para cá, esse número subiu para mais de 3,4 mil pontos em 1,2 mil municípios. O objetivo é chegar a cinco mil pontos até 2025. “Em todos os municípios com mais de 80 mil habitantes, e isso representa os 400 maiores municípios do Brasil que abrigam 60% da população brasileira. Sem prejuízo aos municípios menores, que são atingidos por campanhas móveis”, explica o secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, André França. O descarte incorreto do lixo eletrônico pode causar poluição do solo e água.
O decreto de 2020 apresenta um plano para quando cada município com mais de 80 mil habitantes deve ter o local de descarte correto para lixo eletrônico. Entretanto, os municípios podem se adiantar entrando em contato com o Ministério do Meio Ambiente e com as entidades gestoras, que são responsáveis pela negociação com municípios e empresas que recolhem o material eletrônico.
Uma das entidades gestoras que organizam a distribuição do lixo colhido para a reciclagem é a ABREE (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos). Hoje, a entidade conta com 54 empresas associadas, que representam 186 marcas diferentes de produtos. “As empresas nos procuram e elas contribuem com o rateio do custo relacionado a esse processo, explica Sergio Maurício, presidente da ABREE.
Ainda de acordo com o presidente da ABREE os eletroeletrônicos e os eletrodomésticos são produtos de reciclagem mais complexa que embalagens, por exemplo, por serem compostos por materiais múltiplos. “Podem conter metais pesados ou gases refrigerantes que se desprendem e acabam comprometendo a camada de ozônio”, explica Maurício.
A reciclagem, além de preservar o meio ambiente, gera os chamados “empregos verdes”. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil conta hoje com 3 milhões de postos de trabalho voltados à preservação do meio ambiente.
Com informação do Brasil61