Em Aracaju, capital da qualidade de vida, os que têm vida sem qualidade lotam as ruas e avenidas pedindo esmolas. Como o braço do governo não os alcançou, eles estendem as mãos em busca de qualquer coisa que possa minorar o sofrimento. A rótula entre as avenidas Hermes Fontes e Sílvio Teixeira, na divisa entre os bairros Luzia e Jardins, é o local preferido destes desafortunados. Famílias inteiras estão ali todos os dias, mas o pior quadro desse cenário é que os adultos colocam as crianças para abordarem motoristas que param nos semáforos.
Os flagrantes de crianças pedindo esmolas sob orientação dos adultos podem ser vistos a cada instante, como fez o Só Sergipe esta semana. Além de ocuparem a praça, as pessoas também a dilapidam. Uma mulher, por exemplo, acendeu uma pequena fogueira junto a uma árvore, no que pode ser considerado um crime ambiental. Mas como não há vigilância, as pessoas podem fazer o que quiser sem serem importunadas.
Muitas daquelas famílias não são moradores de rua, como muita gente pode pensar. Uma criança de uma dessas famílias disse que morava no bairro Santa Maria e no período da manhã estudava na Escola de Ensino Fundamental Professor Diomedes Santos Silva e à tarde pedia esmolas para ajudar a família.
Durante a conversa com a menina, uma mulher – provavelmente, familiar da criança – ficou irritada e disse que não era para fazer filmagens. “Não nos paga nada e fica filmando para quê? Tem que nos pagar. Vou reclamar aos Direitos Humanos”, bradou.
Em Aracaju, a última estimativa de 2014 dava conta de que havia na capital mais de 500 moradores de rua, oriundos de diversos pontos do Estado. No final do ano, quando há um boom na economia com o pagamento do décimo-terceiro salário e com as festas natalinas, a rótula das avenidas Hermes Fontes e Sílvio Teixeira fica lotada de gente, além de outras.
A Prefeitura Municipal de Aracaju tem uma campanha diária orientando as pessoas a não darem esmolas às crianças. E um dos pontos mais visitados, cada vez que é feita uma ação, é justamente na confluência destas duas avenidas, ponto preferido dos pedintes.
Leia artigo sobre o tema escrito pelo Dr. Grana.
Mas para tentar quebrar esse paradigma de que direitos humanos se aplicam apenas a bandidos, lanço aqui uma campanha de iniciativa própria, ou seja, sem nenhuma consulta, pedido ou autorização da Secretaria de Direitos Humanos. Meu objetivo? Simples! Convocar a população para cobrar providências da Secretaria de Direitos Humanos a fim de que nossas crianças deixem de ser covardemente exploradas nas ruas, esquinas e sinaleiras de nosso país.
Por tudo que foi visto, exposto e flagrado, não vamos mais deixar que a cegueira da impunidade cubra os nossos olhos. A ferramenta de denúncia encontra-se em nossas mãos, ou seja, um simples celular. Da próxima vez que for abordado ou que flagrar uma criança nas ruas, seja solidário deixando apenas o seu sorriso e uma palavra de incentivo. Contudo, assim que puder, “Disque 100” para EXIGIR da Secretaria de Direitos Humanos, um futuro melhor para o nosso Brasil.
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