Alegando “descumprimento de contrato e atrasos injustificados de pagamento por parte da operadora, que inviabilizam a continuidade dos serviços prestados”, o Hospital São Lucas anunciou que, a partir de hoje, estão suspensos os atendimentos para os usuários da operadora Unimed Sergipe.
De acordo com o comunicado divulgado pelo Hospital São Lucas, “a medida não afeta pacientes já internados e aqueles que já tenham cirurgia ou procedimentos críticos agendados e autorizados”.
O São Lucas pediu desculpa pelos transtornos “causados por fatores alheios à nossa (dele) vontade” e disse que está à disposição para atender os demais convênios médicos e os pacientes particulares.
Em uma nota complementar, “o Hospital São Lucas informa que os planos Unimed Aliança, Univida Básico, Univida Especial, Plano Essencial e Unicoop, que faze parte da Operadora Unimed Sergipe, estão suspensos temporariamente para os novos atendimentos”. E mais uma vez que “a suspensão da cobertura foi uma decisão difícil”.
Circular
No mesmo momento em que o Hospital São Lucas suspendia o atendimento aos usuários da Unimed, a diretoria executiva da operadora emitia a carta circular número 18 assinada pelo presidente Carlos Alberto Barreto de Mendonça admitindo estar passando “por um momento grave e informa algumas medidas que estão sendo colocadas em prática de forma a recuperar o equilíbrio financeiro”.
“Entre as medidas, informamos aos representantes da rede contratada ambulatorial e já estamos aplicando, a repartição de riscos com a rede prestadora, com um redutor nas faturas de 30% em SADT, exames e terapias de serviços ambulatoriais baseada na sinistralidade apurada, de modo a garantir a nossa capacidade de honrar compromissos, sem gerar desassistência aos nossos clientes. Os serviços de oncologia foram descredenciados graça à capacidade de absorção de infundir os fármacos prescritos no nosso Centro de Infusão e Oncologia”, diz a circular.
Em outro parágrafo, a Unimed diz que “a despeito de termos aumentado o CH de consultas e procedimentos em 2020 para contemplar os cooperados com uma elevação de 24,8%, fomos obrigados a reduzi-lo em 12,5% no mês de abril último e iremos reduzir em mais 12,5% a partir da produção do mês de maio, quando a partir daí aplicaremos temporariamente o pro-rata mensal, como já foi feito no passado”.
Passado o pico da pandemia, persistem o aumento do número de procedimentos e exames e os altos custos de insumos no mesmo patamar. A variação dos custos médicos hospitalares (VCHM) manteve-se superior a 27%, enquanto a nossa despesa assistencial do ano passado superou 570 milhões dos quais, somente a despesa com COVID, correspondeu a 12% do total, representando mais de 72 milhões de reais.
A Unimed alerta, ainda, que “outras medidas já foram adotadas e serão levadas a conhecimento de todos em assembleia a ser convocada para o dia 11 de julho próximo”. Na circular, a operadora observa que “algumas medidas são imperiosas, entre elas, a utilização cada vez maior dos nossos recursos próprios (hospital, oncologia, e unidade de diagnósticos). Além de qualificados, tem custos muito diferenciados em relação à rede credenciada”.
Numa assembleia geral extraordinária realizada em 21 de março, a Unimed Sergipe informa que “atingiu índice de sinistralidade muito superior a 90% e média, por vezes, em alguns meses, acima de 110%, o que significa que ao atingir este nível, tudo que arrecadou, foi insuficiente para pagar os custos com assistência”.
Leia aqui a Circular Unimed
A operadora Unimed, por inciativa própria, rompeu uma parceria de 22 anos com a Universidade Tiradentes (Unit) e está fazendo o mesmo com outras. É o que diz o Grupo Tiradentes em um comunicado a todos os funcionários, assinado pelo presidente Luciano Klima, esclarecendo “que as diversas empresas do Estado também estão recebendo este comunicado de rescisão via Operadora Unimed. A diretoria do Grupo Tiradentes demonstrou à Unimed a importância dessa negociação, já que possuímos diversos colabodores que fazem uso desse plano de saúde, com uma hsitória de reciprocidade e confiança ao longo desses 22 anos”.
Ainda segundo o Grupo Tiradentes, “a Unimed não aguardou a finalização da negociação e, no dia 31 de maio de 2022, enviou uma notificação comunicando o prazo de 30 dias para rescisão do contrato”. No comunicado a Unit diz que “caso não tenhamos êxito esperado junto a Unimed, já estamos estudando outras alternativas de plano de saúde, para que nenhum dos nossos colaboradores e seus dependentes fiquem desamparados de um benefício essencial para a saúde de todos”.
Comunicado da Unit aos funcionários sobre plano de Saúde Unimed
Ministério Público
O Só Sergipe pediu esclarecimentos ao Hospital São Lucas sobre o que a empresa alega sobre “descumprimento de contrato e atrasos injustificados”. Também questiona quantos usuários da Unimed estão sendo prejudicados com essa decisão e aguarda uma reposta.
A saída do Hospital São Lucas da operadora Unimed Sergipe não é o único desfalque para os usuários. Já se descredenciaram as clínicas Instituto San Giovanni Ltda., a Vitta – Dantas Cavalcanti Ltda., Onco Hematos e Núcleo de Oncologia de Sergipe (NOS/SE).
Por conta disso, no início deste mês o Ministério Público de Sergipe, por meio da Promotoria de Justiça e de Defesa do Consumidor, ajuizou ação civil pública, com pedido de tutela de urgência, para que o Poder Judiciário determine à Unimed Sergipe que adote providências imediatas para viabilizar o tratamento quimioterápico e imunobiológico dos pacientes destas clínicas.
A Unimed foi procurada pelo portal Só Sergipe e aguarda um posiconamento, não só sobre a decisão unilateral do São Lucas, mas também sobre a grave crise financeira que atravessa, a ação movida pelo Minsitério Público Estadual e o fato de ter perdido um cliente potencial, que é a Universidade Tiradentes. Os esclarecimentos da Unimed serão incluídos nesta matéria assim que chegarem à nossa redação.
Matéria atualizada às 12h52 para inclusão da nota complementar do Hospital São Lucas e do comunicado aos funcionários do Grupo Tiradentes.