quinta-feira, 21/11/2024
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Jair Bolsonaro se diz "imbrochável" Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

 Imbrochável e insubmissa! Ser ou não ser!

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Coditiano
Valtênio Paes (*)

Collor de Melo, pressionado na presidência em 1991, disse: “Eu nasci com aquilo roxo”. Não adiantou sua exaltação de virilidade, pois, em 1992   foi cassado. Rogério Magri, ministro em 1990, criou o “imexível”. Agora o atual presidente, na solenidade cívica entoou em refrão o “imbrochável”. Não é enaltecendo a virilidade que o presidente será exaltado no poder. Pródigo no uso do religioso esqueceu: “pois tudo o que se exaltar será humilhado, e o que se humilhar será exaltado” (Lc 14,11).

Precisa-se de obras e resultados administrativos que beneficiem a nação brasileira. O fato repercutiu no exterior, quando Nicas, jornalista do New York Times, publicou: “parecia que grande parte do país também ficou surpresa que o líder da nação entoasse que ele nunca falha sua ereção, em frente a uma multidão durante as comemorações do bicentenário do Brasil, estando ele no palco ao lado de vários líderes governamentais e militares”. Assevera-se, grande parte da população ficou surpresa.

Masculinidade tóxica se manifesta quando alguns comportamentos masculinos enraizados em nossa cultura se apresentam sem que se perceba. “Homem não chora, não usa rosa, não brinca de bonecas, não faz serviços domésticos, não pode falhar no sexo” são exemplos a serem considerados no conceito. Homens acabam sendo colocados em uma caixa sufocando seus desejos e convicções até na atividade profissional.

Infelicidade, transtornos e doenças podem se apoderar das pessoas. Além dos danos causados à autoestima e autoconfiança, os homens acabam não se conectando com suas emoções para não parecerem fracos. Fogem das emoções como diabo foge da cruz e não desenvolvem a inteligência emocional para lidar com adversidades. Hostilidades, agressividade, frustação, angústia e desrespeito são consequências que podem desembocar em violência.

Você já fez algo que não queria ao sentir-se pressionado por amigos, colegas de trabalho ou familiares? Sexualidade questionada por não querer fazer algo considerado masculino? Sentiu a necessidade de mudar seu comportamento para agradar amigos ou parentes homens por se achar inferior a eles? Que faz um homem se sentir menos homem por não fazer algo que o outro considera correto? Questionar a capacidade de um homem por não fazer algo tipicamente masculino ou tentar mudar um homem por achar que seu comportamento é contra os seus princípios de masculinidade condiz com masculinidade tóxica.

Por outro lado, a esposa do presidente afirmara noutro cenário, que não existe mulher insubmissa. Não é afirmando que a mulher é insubmissa que a primeira-dama do país vai convencer mulheres a aceitarem dogmas vencidos pela história. Ser submissa ou insubmissa é inerente a cada pessoa, jamais cabe doutrinamento de lideranças políticas no exercício do poder.

“O historiador Durval Albuquerque Júnior (2010) assinala que tem aumentado o número de mulheres que não aceitam mais o lugar social e histórico que lhes fora concedido, passando a questionar e a disputar espaços decisórios com os homens, bem como a assumir uma vida mais autônoma e independente deles, interrogando os costumes e as tradições. “Desorientados” e “ressentidos”, os homens encontram-se em dificuldades de se relacionar com esse outro que o interpela, não admitindo, inclusive, serem deixados por uma mulher. Aqui, vale lembrar que muitas mulheres são assassinadas após decidirem pelo rompimento da relação. (Albuquerque Júnior, 2010)”.

Cleópatra, no Egito antigo; Joana Darc, na Idade Média europeia; Maria Quitéria, na guerra de Independência na Bahia; Indira Ghandi, na Índia; Tchater, a dama de ferro na Inglaterra; Dilma, na presidência; Leolinda Dauto, primeira mulher no legislativo federal como deputada da Assembleia Nacional Constituinte em 1933; trabalhadoras; dentre milhares outras, nas ciências letras e artes, exemplificam que mulheres não devem ser submissas.

O que seria delas e tantas outras, se não fossem insubmissas? Quem defende submissão da mulher pode estar plantando o vírus do Taleban. Afirmar que não existe mulher insubmissa e livre é desconhecer as mudanças sociais e sua nova relação com o homem, é condená-la ao conformismo.  Crenças danosas à liberdade de cada pessoa devem ser reprimidas.

Incômodos emocionais desabrocham em momentos de tensão. Possivelmente a pressão política estimulou o presidente a sair do bicentenário da independência para tentar divulgar algo de sua intimidade. Sem paixão! Não era isso que o povo brasileiro queria ouvir do seu mandatário maior nos 200 anos de independência política. “Brochar” ou não “brochar” é irrelevante para o povo. Insubmissão não condiz com a virtude feminina no século XXI.

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(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.

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Sobre Valtenio Paes de Oliveira

Coditiano
(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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