sábado, 16/11/2024
Luiz Thadeu*, no complexo do Taj Mahal

Felicitações, de Mumbai, Índia

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Desembarquei em Nova Deli em setembro de 2015. Voo longo. Guarulhos-Dubai, 15 horas dentro do Boeing 777-200 da Emirates. Gosto de voos longos, os curtos me afligem. Oito horas no aeroporto internacional DXB, Dubai, o mais sofisticado e movimentado aeroporto do Oriente. Mais três horas e meia de Dubai para Nova Deli, Índia.

Era noite quando finalmente desembarquei no Aeroporto Internacional Indira Gandhi.

Durante 25 dias percorri parte do território indiano. A Índia sempre me chamou atenção. Tudo que li sobre o país era fascinante e surpreendente.

Agora que o planeta Terra atingiu 8 bilhões de habitantes, as previsões são de que em 2023 a Índia ultrapasse a China como o país mais populoso do mundo. Serão mais de 1,450 bilhão de pessoas.

Taj Marah
Luiz Thadeu, em Taj Mahal na Índia – uma das sete maravilhas do mundo moderno

Visitei Deli por três dias, achei-a caótica. De Nova Deli, parti em um táxi fretado para Jaipu, capital do Rajastão. De lá segui para Agra, onde está localizado o Taj Mahal, o monumento dedicado ao amor, uma das sete maravilhas do mundo. O monumento é todo feito em mármore branco, a mando do imperador Shan Jahan em memória de Aryumand  Banu Begam, sua esposa favorita, a quem ele chamava de Mumtaz Mahal, Joia do Palácio. Ela morreu logo após o parto do 14° filho. O monumento foi construindo em cima do túmulo da esposa.

Retornei a Jaipu e voei para Mumbai, antiga Bombaim, capital econômica e cultural do país. Foram quatro dias em Mumbai, onde visitei uma Índia moderna, e também conheci a maior favela do mundo, Dharavi, com seu um milhão de pessoas aglomeradas. A favela fica nos arredores do aeroporto de Chhatrapati Shivaji. A Índia é um país de contrastes.

De Mumbai voei para Goa, última cidade visitada nesta viagem. Goa é um estado no Oeste da Índia, com o litoral que se estende pelo mar arábico. Sua longa história como colônia portuguesa antes de 1961 se evidencia nas ruas e escolas  com nomes em português e as igrejas católicas do século XVII bem preservadas. Para minha tristeza não se fala mais o português entre os moradores locais. Em uma mercearia, encontrei uma senhora no adiantado da idade, que se lembrava de uma ou outra palavra da língua de Luís de Camões. Ela se alegrou ao me ouvir falar português. De olhos fechados, parecia em transe, pedia para repetir algumas palavras.

No voo de Mumbai para Goa, sentou-se ao meu lado um jovem senhor, na faixa de quarenta anos. Se apresentou como empresário, estava indo a Goa a trabalho.

Como sempre faço quando estou em países estrangeiros, especialmente nos mais longínquos, visto a camisa da seleção brasileira, a tradicional amarelinha.

Abhay, o indiano, puxou conversa comigo, maravilhado em saber que eu era brasileiro, e por estar vestindo a camisa canarinho. Citou os nome de: Pelé, Rivaldo, Bebeto, Ronaldo, Cafu, Ronaldinho, Romário; jogadores que já vestiram o manto sagrado e ficaram na memória de pessoas que são loucas por futebol. Já encontrei gente assim espalhadas pelo mundo.

O futebol não é um esporte popular na Índia. Mas basta ver, na Copa do Mundo de Futebol Masculino no Qatar, a legião de indianos vestidos com a camisa da Seleção Brasileira para medir o amor deles pelo nosso futebol.

Ainda na aeronave, Abhay perguntou para qual hotel eu iria, mostrei o voucher com o nome e a localização. Quando desembarcamos no aeroporto de Dabolim, ele pegou novamente o papel com o endereço do hotel. Já no ponto do táxi, me chamou. Acomodou minha mala no bagageiro do táxi, e lá fomos nós.

Como o hotel ficava próximo à Chapora Beach, distante do aeroporto, atravessamo toda a cidade de Goa. Abhay me ajudou com a bagagem, me apresentou ao recepcionista do hotel, e partiu. Antes de partir, Abhay me deu seu cartão, anotou meu contato. Nunca mais nos vimos. Assim que fiz o check-in, enviei-lhe uma mensagem de agradecimento, desejando-lhe vida longa com saúde, sucesso e sorte.

Desde essa data, a primeira mensagem de felicitações pelo meu aniversário, 07 de dezembro, foi de Abhay Dang. Como a Índia tem um fuso horário de seis horas na frente, ao acordar, a primeira mensagem no meu WhatsApp era: “Wish you a very Happy Birthday Luiz… Have a Blast…😊😊 “Desejo-lhe um feliz aniversário Luiz… divirta-se muito”.

Enquanto alguns amigos e familiares esquecem de me felicitar pelo aniversário, Abhay Dang, da longínqua Mumbai, na Índia, nunca esquece de enviar os parabéns.

Agora, é esperar pela mensagem de 07 de dezembro de 2023.

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(*) Luiz Thadeu Nunes e Silva é engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e escritor. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. O latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes.

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Sobre Luiz Thadeu Nunes

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Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o homem mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.  Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências; ATHEAR, Academia Atheniense de Letras; e da AVL, Academia Vianense de Letras, membro da ABRASCI. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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