Nestes últimos dias de 2022, as redes sociais e, principalmente, o aplicativo WhatsApp foram palco das críticas de internautas para algumas entidades empresariais que não teriam se manifestado quando os deputado estaduais sergipanos aprovaram um projeto de lei aumentando a alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O percentual sairá dos atuais 18% para 22%. No entanto, o economista e superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), da Federação das Indústrias de Sergipe (FIES), Rodrigo Rocha, disse que a sua instituição reclamou.
“A FIES lançou uma nota, assim que tomou conhecimento do Projeto de Lei, divulgada em toda a imprensa, manifestando a sua absoluta indignação com os Projetos de Leis nº 282 e 283 pelo Governo de Sergipe na Assembleia Legislativa”, afirmou o economista. Para ele “as empresas podem perder vendas para concorrentes de outros estados e, consequentemente, ter que desligar colaboradores por problemas financeiros”.
Se em Sergipe, o ano vai começar com aumento de ICMS, que na visão do líder do governo na Assembleia e vice-governador eleito, Zezinho Sobral, “é para neutralizar as perdas de arrecadação”, no Brasil como um todo, o ano também não termina bem, pois devido à perda de competitividade, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) tem estimativas nada atraentes. A expectativa é que a diferença entre importações e exportações atinjam saldo negativo recorde de US$ 125 bilhões, o maior da história.
Para Rodrigo Rocha é possível reverter essa situação, pois a exportação é muito relevante para a economia e que o setor industrial brasileiro responde por aproximadamente 46% das exportações nacionais, “mas tem potencial para exportar muito mais”.
“Em Sergipe esse percentual passa dos 99%. Precisamos estimular que mais empresas, em especial as indústrias, aproveitem as oportunidades do mercado internacional”, completou o economista.
Na última semana do ano, Rodrigo Rocha conversou com o Só Sergipe e também deu dicas importantes para que as pessoas comecem o ano de 2023 de forma mais organizada financeiramente. Afinal, conta tarda, mas não falha.
Confira.
SÓ SERGIPE – Dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) mostravam que, devido à perda da competitividade da indústria nacional, a diferença entre as importações e as exportações do setor produtivo deve atingir um saldo negativo recorde este ano, chegando a US$ 125 bilhões. Que análise o senhor faz deste cenário? No ano passado, o déficit também foi grande, de US$ 11 bilhões; mas a projeção de US$ 125 bilhões pode ser apontada como maior saldo negativo da história?
RODRIGO ROCHA – Exportação é um tema muito relevante para a economia, pois traz mais riquezas para o país, contribuindo para o Brasil se desenvolver mais rapidamente. O setor industrial brasileiro responde por aproximadamente 46% das exportações nacionais, mas tem potencial para exportar muito mais. Em Sergipe esse percentual passa dos 99%. Precisamos estimular que mais empresas, em especial as indústrias, aproveitem as oportunidades do mercado internacional.
SÓ SERGIPE – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse em um de seus discursos que vai recuperar a indústria nacional e fazer o Brasil ser um “protagonista internacional”. Qual o tamanho deste desafio?
RODRIGO ROCHA – O desafio é grande, pois ao longo das últimas décadas a indústria vem perdendo participação na economia brasileira. Mas, apesar deste cenário, é possível (e extremamente necessário) reverter esse quadro, exigindo que o país execute uma série de ações, de forma bem articulada entre o setor empresarial, instituições de ciência e tecnologia e governos (em todos os níveis), fortalecendo a competitividade, local e internacional, das nossas indústrias.
SÓ SERGIPE – Dentro da situação brasileira, como Sergipe se insere neste contexto, já que a nossa balança sempre foi deficitária?
RODRIGO ROCHA – Apesar de ser deficitária, boa parte da nossa importação é de insumos e matérias-primas, que as empresas do Brasil não conseguem atender, e que são essenciais para que nossas indústrias funcionem, gerando emprego e renda, a exemplo do trigo, essencial para produção de alimentos.
O desafio maior, como dito anteriormente é estimular que mais empresas aproveitem as oportunidades do comércio exterior. Já são realizadas diversas ações nesse sentido, pela FIES e pelo IEL-SE, além de outras importantes instituições parceiras, como SEBRAE/SE e FECOMÉRCIO/SE. Mas precisamos fortalecer ainda mais tais ações, para ampliar o número de empresas e produtos exportados, gerando ainda mais riqueza na economia sergipana.
SÓ SERGIPE –O senhor acha que a classe empresarial sergipana não deveria estar se mobilizando contra o aumento do ICMS, como ocorreu em Alagoas e na Bahia? Pergunto isso, porque nas redes sociais há muitas críticas pelo silêncio de algumas entidades.
RODRIGO ROCHA – A FIES lançou uma nota, assim que tomou conhecimento do Projeto de Lei, divulgada em toda a imprensa, manifestando a sua absoluta indignação com os Projetos de Leis nº 282 e 283 pelo Governo de Sergipe na Assembleia Legislativa.
A classe empresarial está muito preocupada com o possível efeito inflacionário que poderá ter em vários produtos e serviços, penalizando bastante a sociedade como um todo. Além disso, como o aumento, em outros estados próximos, foi menor, as empresas podem perder vendas para concorrentes de outros estados e, consequentemente, ter que desligar colaboradores por problemas financeiros, o que poderia inclusive reduzir a arrecadação do estado, prevista com o aumento dos impostos.
Existe um grupo técnico que está levantando todos os impactos potenciais, para apresentar ao novo governador e sua equipe, após ser efetivado no cargo, e tentar encontrar uma possível solução que seja menos traumática para toda a sociedade.
SÓ SERGIPE – Como nós falamos sobre a população, que tal o senhor dar dicas às pessoas para começar 2023 com as contas em ordem? Afinal, todo início de ano ocorre uma avalanche de impostos, matrícula, compra de material escolar, sem falar nas compras do Natal que foram feitas no cartão de crédito. A conta tarda, mas não falha.
RODRIGO ROCHA – As principais dicas para organizar as contas do final/início do ano são:
1- Analisar a situação financeira.
Contas atrasadas, vivendo no limite ou conseguindo guardar dinheiro?;
2- Planejar e controlar bem as despesas mensais da família (incluindo as parcelas no cartão), separando por tipo e definindo valores máximos, de acordo com a renda.
Exemplo: Alimentação – R$ 500,00; Moradia – R$ 1.000,00; Lazer/Festas – R$ 400,00 etc.;
3- Contas atrasadas?
Negocie e pague, de forma planejada, para caber no orçamento;
4- Guarde dinheiro (férias, 13º, renda extra etc.) para as contas do início do ano e para reserva de emergência;
5- Faça investimentos financeiros para realização de sonhos (viagens, casa própria etc.).
As dicas são simples, mas muito eficientes, exigindo disciplina e planejamento, para anotar e acompanhar a movimentação financeira, conseguindo ajustar rapidamente qualquer situação imprevista e, assim, poder ter um 2023 muito melhor, pois quem não consegue controlar as contas de casa, passa por muitos apertos, tornando a vida muito mais difícil.