quinta-feira, 21/11/2024
Móveis e janelas danificadas no Palácio do Planalto Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quem procura, acha

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Luiz Thadeu (*)

Nos últimos dias o Brasil ocupou as manchetes das principais mídias no mundo. No final de 2022 morreu Édson Arantes do Nascimento, o Pelé, aos 82 anos, o brasileiro mais conhecido do planeta. Jornais de todos os continentes estamparam a fotografia de Pelé na primeira página, os canais de TVs gastaram horas para falar da trajetória do fenômeno mundial do futebol.

A comoção refletida nos noticiários de televisão, nas colunas de jornal, nos depoimentos colhidos das pessoas nas ruas deixou claro que havia um sentimento de gratidão pelo enorme legado que Pelé deixou. O de um Brasil vitorioso.

Durante séculos falaremos de Pelé, sua genialidade e legado. Morreu Édson, Pelé se imortalizou.

Na tarde de domingo, 08 de janeiro, voltamos a ocupar as primeiras páginas dos jornais internacionais, agora para mostrar a baderna de um grupo de aloprados.

Na semana passada ocupei o nobre espaço deste jornal para falar da destruição em Brasília, que dei o título de “Tsunami em Brasília”, tamanha devastação em tão pouco tempo.

A repercussão na imprensa internacional foi enorme. O jornal francês L’equipe refletiu em sua capa, com dolorosa precisão, a sensação de que tínhamos sido incapazes de nomear: “La fin d’un monde”.

Os atos criminosos em Brasília, com a invasão a casa dos três poderes, era tudo que não precisávamos no difícil momento que estamos vivendo no Brasil tão dividido.

A patética e atabalhoada invasão das sedes dos poderes em Brasília serviu para nos expor diante do mundo; dessa forma para passarmos vergonha e constrangimento.

Em 18 de novembro de 1978, 918 pessoas morreram em um misto de suicídio coletivo e assassinatos em Jonestown, Guiana. Faziam parte de uma comuna fundada por Jim Jones, pastor norte americano e fundador do Templo Popular, uma seita pentecostal cristã de orientação socialista.

Bolsonaro e Jim Jones Foto: Redes sociais

Mas o que o pastor Jim Jones pregava? Jim Jones considerava o seu envolvimento com a Igreja não apenas um projeto utópico, mas um meio de preencher uma agenda política. Ele não teria sido guiado ao ministério por motivos de fé religiosa, mas sim para “servir ao objetivo dele de alcançar mudança social por meio do marxismo”.

Citei o caso do pastor Jim Jones, para mostrar que somos fruto do que acreditamos: uns acreditam em céu, em inferno, outros acreditam que nada disso existe. Tem os que acreditam em promessas ocas de políticos, que são verdadeiros Napoleões de hospício.

Mais de mil pessoas saíram de suas casas nos EUA, e caíram na lábia do pastor Jim Jones, que os levou ao maior suicídio coletivo da humanidade.

Mais de mil brasileiros e brasileiras caíram na lábia de falsos líderes e também deixaram suas casas e desembarcaram em Brasília, para ocupar, pela força, as sedes físicas dos poderes em Brasília, na utopia de que mudariam o resultado das eleições. Após a depredação do patrimônio histórico, artístico, cultural e institucional brasileiro, perpetrada no coração do poder, muitas dessas pessoas foram presas e vão responder civil e criminalmente por seus atos insanos.

Não deixa de ser hilariante que o líder da seita que invadiu Brasília escafedeu-se para a Flórida, terra da Disney, para fazer par com o Pateta, Pato Donald & Cia.

Enquanto o Messias está refastelado em Kissimmee, meninos estão presos na Papuda e as meninas estão presas na Colmeia, para usar uma expressão da ex-ministra Damaris Alves.

Não era melhor e mais prudente esse pessoal estar no conforto de suas casas, já que muitos são velhos, em vez de ver o sol nascer quadrado?

Como dizia minha amada e saudosa mãe: “Quem procura, acha”.

 

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(*) Luiz Thadeu Nunes e Silva  é engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e viajante. O latino-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.

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Sobre Luiz Thadeu Nunes

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Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o homem mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.  Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências; ATHEAR, Academia Atheniense de Letras; e da AVL, Academia Vianense de Letras, membro da ABRASCI. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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