quinta-feira, 21/11/2024
Luis Thadeu
Luiz Thadeu (*), o globetrotter brasileiro

Um viajante, algumas histórias.

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Uma das boas coisas de arrumar a mala, cruzar a soleira da casa, ir para o aeroporto, entrar em um avião, descer em qualquer lugar do mundo, é conhecer o novo, o desconhecido. Nós humano somos muito parecidos em qualquer lugar da terra. Temos anseios, desejos e necessidades muito próximos. Mas também somos muito diferentes. Temos medos, receios e inseguranças que nos travam, e nos impedem de realizar nossos sonhos, ou adiá-los constantemente.

Quando falo do desconhecido, estou falando de pessoas, pois são as pessoas que fazem o mundo girar.

Já encontrei tantas pessoas interessantes pelo mundo, que jamais as conheceria se ficasse na minha zona de conforto: sem sair de casa, do meu bairro, da minha cidade, ou seja, do meu universo particular.

Quando você se desafia, você cresce! Não deixe que seus medos te dominem. Saia de sua zona de conforto, para viver seus sonhos.

Em um café da manhã, no hotel em Buenos Aires, conheci duas jovens do interior de São Paulo, e sua tia. Me contaram que a tia, que não tinha filhos, e amava viajar, havia sido diagnosticada com Alzheimer. Como ela ainda tinha lampejos de memória, as dedicadas sobrinhas se encarregaram de levá-la para a capital portenha, onde a tia fora feliz, em passado distante, quando ainda era casada.

Em um hotel em Adis Abeba, capital da Etiópia, dividi a mesa do jantar com um italiano, que morava há anos em Búzios, RJ. Me contou que ficara viúvo fazia pouco tempo. Mostrou a fotografia da esposa que perdera a batalha para o câncer. Ele saíra pelo mundo, pela primeira vez sem sua companheira de vida. Ia atrás de novos ares. Tinha amigos na África, estava à procura de aconchego e acolhimento.

Fui até o fim do mundo, literalmente. Em Ushuaia, Patagônia Argentina, conheci um velho missionário australiano. Aposentado, viúvo, filhos adultos, escolhera aquele lugar longínquo para passar seus últimos dia antes de fazer a grande viagem. Dividimos um café no final da tarde fria de Ushuaia; embora com um pouco de nostalgia na voz, aquele homem octagenário, falava de amor e com carinho da companheira com quem dividiu a vida por quase sessenta anos.

No The Post, um charmoso hostel no centro de Jerusalém, conheci um paulistano, que fizera um exame de sangue, e através do exame descobrira toda sua origem. Os percentuais sanguíneos mostravam de onde vieram seus ancestrais. Já havia visitado a Polônia, Hungria e agora estava em Israel.

Em Minsk, capital da Bielorrússia, conheci o funcionário do hotel, um jovem de Santa Catarina, que há anos viajava pelo mundo. Em Joinville, sua cidade natal, fora atendente de Telemarketing. Com bolso raso e sonhos profundos, conseguiu poupar o suficiente para a passagem de ida para Barcelona. Lá, o dinheiro acabou, foi dormir na rua e mendigar. Até que aprendeu a trocar trabalho por hospedagem e comida. Um escambo. Depois de andar pela Espanha, França, Portugal e Itália, foi para a Rússia, para realizar um velho sonho, aprender a língua daquele país, e conhecer as belas russas. Acompanho suas andanças pelo mundo através de suas postagens nas redes sociais. Quando eclodiu a guerra entre a Rússia e Ucrânia, estava em Odessa, interior da Ucrânia. Conseguiu escapar da guerra; está agora na Polônia.

São histórias de pessoas que fascinam, que não as teria conhecido, se tivesse ficado no conforto do sofá de casa.

Viajar, primeiro o deixa sem palavras, depois o torna um contador de histórias.

Em Salvador, em um carnaval, fui apresentado a um simpático casal inglês que trocara a fria Liverpool pela caliente e festiva capital baiana. Foram atrás de sol, caipirinha, carnaval e axé. A animação do casal era contagiante.

Após ouvir boas narrativas de pessoas interessantes, bom voltar para casa e ter boas histórias para contar.

“A vida é um livro e quem não viaja lê apenas a primeira página”, Santo Agostinho (354 d.C a 340 d.C).

Bom carnaval para todos. Como bom folião, vou passar o carnaval pulando em uma perna só. Vou pular do quarto para sala. Da sala para cozinha, da cozinha para sala, da sala para o quarto. Um circuito pra lá de animado.

 

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(*) Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista, escrevinhador e viajante. Autor do livro “Das muletas fiz asas”; o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes.

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Sobre Luiz Thadeu Nunes

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Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o homem mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.  Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências; ATHEAR, Academia Atheniense de Letras; e da AVL, Academia Vianense de Letras, membro da ABRASCI. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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