Célia Silva (*)
Nessa quinta-feira, 24, com um real, comprava-se 74 pesos argentinos, no câmbio oficial. Essa desvalorização da moeda Argentina tem levado muitos brasileiros a pensar que passará muy bien em solo do país vizinho. Falsa impressão, porque o câmbio não acompanha a hiperinflação no país de los Hermanos.
Para se ter uma ideia, uma refeição para dois em um restaurante em Puerto Madero – lugar mais chique e caro de Buenos Aires – chega a 37.500 pesos (o equivalente a 523 reais). O almoço inclui uma picanha para dois, uma cerveja, um suco e uma água. O preço é superior a um almoço para dois em um restaurante de luxo em Aracaju.
Um restaurante intermediário em Puerto Madryn, região da Patagônia argentina, serve picanha para uma pessoa, uma cerveja e um suco por 7.500 pesos, ou R$ 105 reais em moeda brasileira.
Já um almoço para duas pessoas em um lugar bem modesto em outro canto do país – Ushuaia, extremo sul da Argentina – não sai por menos de 3.500 pesos, ou cerca de 50 reais. Por esse mesmo preço, dois brasileiros almoçam no Brasil em restaurante do mesmo padrão argentino. Um chocolate quente e uma medialuna (pão doce de massa folhada) chega a custar 3.500 pesos ou 49 reais.
Tomando-se por referência valores de alimentação, percebe-se que a ideia de alguns brasileiros de que vai sair no lucro no país de Messi não é real.
Se o custo com comida chega a ser igual e até mesmo superior ao que se paga no Brasil, a situação não é diferente em atrações turísticas. Um passeio de barco pelo rio Argentina para ver de perto o Glacial Perito Moreno custa 12 mil pesos (R$167,60). Para subir ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, paga-se 93,50 reais e para o bondinho do Pão de Açucar, 160 reais.
O transporte público também não sai barato. Uma corrida de remis (os taxis da Argentina) do aeroporto de Buenos Aires ao Centro da cidade, nas proximidades do famoso Obelisco, custa 6.500 pesos (90,60 reais ao câmbio do dia 24). A distância entre o Aeroparque – aeroporto que fica na cidade de Buenos Aires – ao centro da capital argentina é de apenas 7,4 quilômetros.
Hiperinflação
O professor da FIA Business School, Paulo Feldmann, disse que a moeda está muito desvalorizada porque os preços subiram muito. “É assim que a inflação funciona”, explicou em entrevista essa semana ao site de notícias Uol.
Na quinta-feira, 24, centenas de manifestantes marcharam pela Avenida 9 de julho, a principal e turística via da capital portenha, contra o governo de Alberto Fernández. A mobilização organizada por um grupo social denominado Polo Obrero busca trabalho e mais políticas sociais. Na segunda-feira, 21, foram registrados vários saques em supermercados.
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(*) Especial para o Só Sergipe, direto da Argentina.