Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
Nos moldes de 007 e de Missão Impossível, com destaque para o protagonismo feminino, com uma genial performance da atriz Gal Gadot, o filme Agente Stone (2023) se notabiliza como não somente uma grande ficção de ação, mas também como um marco do cinema internacional no que se refere a histórias de espionagem, gênero do qual sou muito fã de há algum tempo.
Gal Gadot se notabilizou pelo papel de Mulher Maravilha (2017/2020) e Liga da Justiça (2017/2021) e Batman vs Superman (2016), além de participações em Velozes e Furiosos (2001, 2009, 2011, 2015). Sem falar em Alerta Vermelho (com Ryan Reynolds e Dwayne Johnson). Portanto, todos de ação, muita ação, tornando-a praticamente uma perita, cenas que envolvem muita adrenalina, luta ou manuseio de algum tipo de arma. Coisas e características até pouco tempo restritas ao universo masculino de Sean Connery a Daniel Craig (007) e Tom Cruise (Missão Impossível), entre outros do tipo, como o Agente 86 (1965, com Robert Karvelas).
Gadot (israelense, de Peth Tikva, 1985) interpreta a agente secreta Rachel Stone. Ao contrário dos outros tipos, em comum apenas o mote da espionagem, uma agência secreta e o fato de envolver a inteligência britânica. Há em Agente Stone um diferencial que é o fato de ela pertencer a uma organização “parassecreta”, se é que existe essa palavra (risos), assim como o que entende por paramilitar, por exemplo.
Segue a coisa de salvar o mundo (típico), mas na luta contra um vilão que deveria ser um benefício para a humanidade: a tecnologia cibernética e a inteligência artificial. O grupo do qual Stone faz parte é denominado de A Carta, onde seus agentes, além de serem reconhecidos por números, o são por naipes de um baralho, na qual ela é a Nove de Copas. Essa organização ultrassecreta luta contra um hacker que tenta invadir um dispositivo tecnológico altamente desenvolvido, conhecido por O Coração, capaz de ter acesso ao mais inimaginável possível de informações de ordem pessoal a coletivo, envolvendo, inclusive, estatais e empresas privadas.
Ao contrário das críticas que andei lendo a respeito, Agente Stone não é o mesmo do mesmo. Embora não seja especialista em cinema, entendo que tem sim sua importância e seu diferencial. Nitidamente, há uma má vontade e um quê de machismo estrutural em boa parte dessas críticas, algumas delas dirigidas exclusivamente a Gal Gadot. Acredito, também, em razão de seus posicionamentos políticos com relação aos problemas histórico entre Israel e Palestina, sobretudo quando ela, certa feita, assim se expressou: “Meu país está em guerra. Eu me preocupo com os meus amigos, a minha família e o meu povo. Israel merece viver como uma nação livre e segura. Nossos vizinhos merecem o mesmo”.
Afora tudo isso, penso que o filme mereça um pouco mais de atenção, sobretudo quando se propõe ao que realmente veio: contar uma história de espionagem, com muita ação, efeitos especiais, num ambiente muito atual de inteligência e contrainteligência de segurança virtual, protagonizado por mulheres, digo assim no plural porque não posso deixar de destacar o papel da atriz Alia Bhatt (Bombaim, Índia), no papel coadjuvante de Key Dhawan.
E assim como em 007 e Missão Impossível, destaque também para a trilha sonora, marcas identitárias desses tipos de filmes. No caso de Stone, todos os créditos para Steven Price, vencedor de Oscar, de modo particular a canção instrumental “Heart of Stone”, traduzindo “Coração de Pedra”.