Valtênio Paes de Oliveira (*)
Pessimistas, otimistas, realistas, resignados, seja lá o que for ou quem for. Verdade é que, no cotidiano humano, prematuramente, verdadeiras sentenças de impotência de agir são fixadas. Conforma-se sem buscas nem persistências. O estudante diz: “não consigo entender”; o enfermo diz “não consigo recuperar”; o profissional afirma: “não consigo fazer”. Na sociedade, afirma-se: “está tudo perdido” como se a história fosse feita somente do hoje e o hoje, como sendo, totalmente impuro e impossível.
Basta historicizar que vislumbra-se alternativas, nos bons e péssimos momentos ao longo do tempo. Pior ainda, quando uma terceira pessoa endossa: a culpa é do trânsito, do sistema, do sol, da chuva, do governante, do outro, e por aí segue-se. Ainda existem aqueles que nada fazem e pouco sabem, mas afirmam: “você não vai conseguir”. Aqueles que desestimulam bons sonhos não merecem fazer companhia.
Raul Seixas e Paulo Coelho na música “Tente outra vez”, uma bela obra, disseram desde 1975 ao proclamarem:
“Veja, Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez. Beba (beba)
Pois a água viva ainda tá na fonte (tente outra vez)
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não, não, não, oh…Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça aguenta se você parar
Não, não, não, não, não, não
Há uma voz que canta, há uma voz que dança
Uma voz que gira (gira) bailando no ar … Queira (queira)
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo
Vai, tente outra vez… Tente (tente)
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez”
Por que a criança ao sair do útero de tanto tentar, consegue mamar? A outra, de meses, de tanto tentar os primeiros passos, consegue andar? Ela não tem discernimento, o adulto tem, e por vezes desiste. Samuel Johnson afirmara: “não é a força, mas a perseverança que realiza grandes coisas”. Temos que dar os primeiros passos na caminhada da vida porque outra pessoa não poderá fazer por cada um de nós.
Racionalizar a persistência é virtuoso. Desestimular a prática do desafio reprime sonhos. Confirmar e estimular o pessimismo na consequência é negar a possibilidade da tentativa do recriar e do renovar. Resistir e tentar devem ser ação de sempre. Conseguir é consequência. Importante é o valor do aprendizado como razão de evolução e de ser da vida humana.
Na jornada de aprendizagem pela geografia humana, persistir, buscar, esperançar e tentar são relevos cotidianos a serem ultrapassados. Como dissera Mahatma Gandhi: “a alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita”. O êxito incondicional é apenas uma possibilidade.