Por Manuel Luiz Figueiroa (*)
Vivat! Vivat! Vivat! “Eu vim para que todos tenham vida e a vida em abundância (Jo 10,10)”. A beleza da vida, a magia do nascer de uma mulher, a troca do prazer pelo alimento entre a gestante e o nascituro, no seu estado fetal, no ventre materno. Essa relação entre mãe e filho permanecerá durante e pós vida. Cada sucesso do filho é motivo de júbilo da mãe e cada fracasso daquele é razão para as lágrimas escorrerem no rosto dessa. Da mesma forma como na expressão “filho do homem” está explícito a presença da mãe, aqui a relação entre mãe e filho inclui também o pai e filha. O mistério desse vínculo não se resume exclusivamente na composição sanguínea e sim, a um processo que terá continuidade por toda a existência, mesmo que a convivência tenha sido interrompida por quaisquer razões.
A existência da dualidade na vida é um fato: tristeza x alegria, derrota x vitória, cair x levantar e etc. Como não tem sentido viver constantemente em um estado de alegria, pois esta perderia todo o prazer no senti-la, sem a existência da tristeza. Isto é válido para toda dualidade que seja exemplificada. Da mesma forma, o que seria da vitória sem a presença da derrota? A existência de uma depende da ocorrência da outra. A beleza da vida não reside somente nas vitórias obtidas, pois em uma queda pode-se experimentar a beleza do levantar-se. Essa beleza do reagir às intempéries da vida, nos fortalece em temperança para os enfrentamentos futuros, portanto, não existem fundamentos sustentáveis na intemperança, no agir sem moderação, equilíbrio e parcimônia nas atitudes.
Quais as razões que levam os jovens a cometerem atos de intemperança? Longe deste texto querer explicar esses fatos que cada vez mais se vê presente no nosso dia a dia.
Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, entre 2010 e 2019, registrou-se um aumento de 43% de suicídios. Entre os adolescentes essa taxa atinge 81%. É fato que a taxa de crescimento de suicídios está em ascensão, tornando esse ato um caso de saúde pública.
Quais as razões da depressão que levam algumas pessoas a cometerem esse ato extremo? Vários são os motivos, entretanto, com certeza, por mais que se aumente esse rol de razões, o mesmo não se esgotaria, por isso, será explorado o fato da não aceitação da mancha no papel branco da vida. Essa mancha que aqui representa a ocorrência de qualquer fato que cause desgosto, discordância, tende a se expandir por toda a folha branca, contaminando-a e levando ao ato extremo do suicídio.
A compreensão do dual, presente no relacionamento existencial, e a beleza da vida, representada pela brancura do papel, não pode se submeter a esse nível de expansão, uma verdadeira metástase da célula menor, a mancha, na brancura do papel. É fato que esse ato extremo é uma declaração explícita de incapacidade para o enfrentamento dos problemas que fazem parte do viver. É uma fuga da realidade e, também, é o esquecer, pelo depressivo, de que ele não está sozinho. Os avós, os pais, os tios, os irmãos, os amigos, todos estão ao seu lado para segurar as suas mãos e ajudá-lo a atravessar a tempestade que, com certeza, é temporária, pois o dual de tempestade é a calmaria.
Que a luz da força, da beleza e da sabedoria habite nos corações dos nossos jovens. Que a força física e mental, a beleza da vida e a sabedoria, fruto da dedicação ao estudo, levem a paz àqueles corações. Que a folha branca da vida absorva a mancha rapidamente.
Que os nossos jovens compreendam que ir ao extremo é causar manchas na folha branca de todos aqueles que os amam. O direito do ato supremo de intemperança não é permitido. Nenhuma situação que possa parecer insustentável o autoriza a praticá-lo, pois esse ato irá ferir profundamente a todos os que são convivas no banquete da vida deles.
Levante-se masmorras à depressão e construa-se templos à saúde mental dos jovens.
Viva a vida! Viva a vida! Viva a vida!