Por Valtênio Paes de Oliveira (*)
Numa época em que a prática da violência se tornou rotina ante a ganância individualista do poder e desrespeito aos valores coletivos, a obra de Marshall B. Rosemberg é bálsamo semeador para aqueles que esperançam paz, harmonia e equilíbrio entre pessoas. Numa linguagem acessível para qualquer leitor(a) é um deleite de leitura e ensinamentos.
O prefácio de Deepak Chopra, autor de mais de 80 livros traduzidos para mais de 45 línguas, confirma a importância da obra “Comunicação Não Violenta – Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”, CNV – editora Ágora. Rosemberg destaca a importância das palavras. Falar e ouvir são linguagens comuns que podem nos levar à entrega de coração, “ligando-nos a nós mesmos e aos outros, de modo que, a compaixão brote naturalmente”, afirma o autor.
Nos desperta que a mistura de “observar” com “avaliar”, no diálogo, pode resultar na interpretação do terceiro, como crítica, fragilizando a harmonia na relação. Importante fazer observações isentas de julgamento. Distinguir sentimento de pensamento, culpar o interlocutor ensejando a escravidão emocional ao nos responsabilizarmos pelos sentimentos outros, são reflexões constantes na obra. “Observar sem avaliar é a forma mais elevada de inteligência humana” sustenta J. Krishnamurti, então citado.
No diálogo para mediação, deveríamos pensar e fazer a partir de nossas necessidades, jamais acusar a pessoa interlocutora. Desperta que é preciso atentar para palavras que denotam acusações pois ensejam conflitos. Quando julgamos os outros podemos estar contribuindo para a violência. Na seara das necessidades humanas básicas, a obra distingue com argumento: autonomia, celebração, integridade, interdependência, lazer, comunhão espiritual e necessidades físicas que todos compartilhamos, defendendo “o uso de linguagem positiva de ação”.
Propõe distinguir exigência (quando se fala criticando a outra pessoa ou deixando-a culpada) de pedido (quando quem faz mostra empatia pelas necessidades do outro). Para o autor, o “objetivo é um relacionamento embasado na sinceridade e empatia”. Sugere necessidades humanas básicas que poderíamos compartilhar: “precisamos de empatia para dar empatia”…“mantendo a empatia, permitimos ao interlocutor sentir características mais profundas de si mesmo”… “ empatia nos permite perceber o mundo de uma maneira de ir em frente”…“quanto maior a empatia por outra pessoa, mais seguro nos sentimentos”… “a capacidade de mostrar empatia pelas pessoas em situações tensas pode afastar o risco potencial de violência” … “quando atentamos para os sentimentos e necessidades dos outros, não nos vemos mais como monstros”…“para reanimar uma conversa, interrompa-a com empatia”… porque “a raiva rouba energia se a dirigimos para ações punitivas”.
As conjunções adversativas usadas no diálogo podem dificultar o entendimento. Literalidade substituir “mas ou porém” que prejudicam a pacificação, por empatia, a uma pessoa com raiva, ajuda a comunicação não violenta.
“A Comunicação Não Violenta contribui para a evolução dos relacionamentos com amigos, família, no trabalho e na política. Sua aplicação decisiva, porém, talvez seja, na maneira de tratarmos nós mesmos”. Aprimorar a autocompaixão será a plena busca da evolução espiritual através da autoavaliação. Crescermos! Jamais para não nos odiarmos.
A obra faz inúmeras reflexões, sempre apresentando técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Digna de uma boa leitura para quem busca refazer concepções ou aperfeiçoar-se sobre o tema, tão presente nos dias atuais.