domingo, 17/11/2024
Alan Lemos fala sobre o trabalho desenvolvido pelo município ao longo dos últimos anos na área ambiental Foto: Alberto Cézar

Alan Lemos: Aracaju ampliou em 73% as áreas de preservação e ganhou mais de 23 mil árvores na gestão Edvaldo

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A ampliação das áreas verdes da capital sergipana é um dos aspectos observados pelo Índice de Progresso Social (IPS), cujo estudo publicado no mês passado pelo jornal O Globo aponta Aracaju como a capital com a melhor qualidade de vida do Nordeste. Esse é um dos avanços da área ambiental conquistados pelo município durante a gestão do prefeito Edvaldo Nogueira. Por intermédio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema), a Prefeitura de Aracaju tem atuado para garantir que a capital sergipana seja uma cidade cada vez mais arborizada e que preserva os recursos naturais.

Plantio na Coroa do Meio Foto: Sérgio Silva

Nesta entrevista exclusiva, o gestor da Sema, Alan Lemos, esmiúça o trabalho desenvolvido pelo município ao longo dos últimos anos na área ambiental, a exemplo das ações de arborização e da criação de Unidades de Conservação Ambiental, que ampliou em quase 73% as áreas de preservação da cidade.

Alan Alexander Mendes Lemos é professor do Departamento de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe desde 2005. Em sua carreira acadêmica, já atuou como professor visitante em universidades do Cazaquistão e da China; foi vice-reitor da Universidade Federal de Roraima e coordenou o projeto Estudos Especializados e Planos Estratégicos com Foco em Cadeias Produtivas, como suporte na confecção de projeto técnico, acompanhamento à implementação e monitoramento de empreendimentos agroindustriais e desenvolvimento de canais de comercialização para assentamentos da reforma agrária.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

SÓ SERGIPE – Recentemente, Aracaju despontou como a capital do Nordeste com a melhor qualidade de vida em um levantamento do Índice de Progresso Social (IPS), um estudo que utiliza metodologia internacional para medir o nível de qualidade de vida em todos os municípios brasileiros. E um dos indicadores utilizados é o da qualidade do meio ambiente, sobretudo a existência de áreas verdes urbanas. O que levou Aracaju a alcançar essa conquista?

ALAN LEMOS – Esse é um indicador de progresso social que deixa de avaliar a cidade pelos componentes de renda e passa a avaliar a qualidade de vida, ou seja, o progresso social pela perspectiva dos indicadores socioambientais. E naturalmente que, se os indicadores ambientais são uma das dimensões avaliadas para comparar se as cidade são melhores, tiramos o foco da renda propriamente dita e colocamos no meio ambiente e nos aspectos das entregas sociais.

Nas dimensões, cinco indicadores são avaliados e um deles é a área verde urbana, que é a variável em que alcançamos a maior nota possível. Isso se deve ao esforço que tem sido feito pela Prefeitura de Aracaju nos últimos anos para que a gente possa ampliar e melhorar as unidades de conservação. Além disso, avançar na arborização urbana.

Aracaju melhorou no indicador de qualidade ambiental. Isso decorre do esforço da ampliação em 73% das áreas de unidade de conservação da cidade e do constante plantio de árvores. Já são mais de 23 mil árvores plantadas ao longo da gestão, sem contar as que foram plantadas pelo setor particular, decorrente de compensações ambientais de empreendimentos. Esse ponto é reconhecido quando o indicador coloca Aracaju em uma posição de boa condição nas áreas verdes urbanas, superando muitas cidades do Brasil, não apenas as capitais do Nordeste.

SÓ SERGIPE – Contrariando críticas recentes de setores da oposição ao governo municipal, a Prefeitura de Aracaju iniciou há poucos dias o plantio de 2.040 árvores no Parque das Sementeira, duplicando o número naquela área de lazer. As ações de arborização da capital sergipana são tratadas como política pública pela gestão municipal?

ALAN LEMOS –  Exatamente. Nesse sentido, no projeto de revitalização e reforma do Parque da Sementeira previmos essa ação de plantio de árvores, porque vamos fazer a ampliação e um melhoramento da arborização do local. Além do plantio inicialmente previsto, a gestão decidiu ampliar a área verde. Ou seja, de 2.038 árvores que existem hoje no parque, vamos plantar 2.040, mais do que o dobro da quantidade de árvores existentes. O Parque da Sementeira é um termômetro de como a Prefeitura se comporta em relação ao meio ambiente e isso vai ser visto de maneira muito clara quando a reforma for concluída.

É importante destacar que algumas críticas decorrem do desconhecimento de muitas pessoas em relação ao projeto. Essas pessoas podem estar sendo influenciadas por terceiros com o objetivo meramente eleitoral. São pessoas que não se debruçaram sobre o projeto, sequer pediram para analisar o projeto que está disponível e bem elaborado.

Alan, fazendo plantio na Sementeira Foto: Alberto Cézar

SÓ SERGIPE – Mas está ocorrendo supressão de árvores no parque, como afirmam os que têm publicamente criticado o projeto?

ALAN LEMOS – Fizemos algumas supressões de árvores por necessidade fitossanitária. “Fake news” foram criadas para gerar desinformação na sociedade, mas a população de Aracaju é inteligente. Ela tem conhecimento e sabe o que está sendo feito no parque. Aos poucos, também irá perceber que o plantio está sendo realizado. Vamos fazer com que a cidade tenha não apenas um parque mais estruturado, com mais áreas de lazer para as pessoas, com mais área para praticar atividades físicas, mas também um parque com mais área verde, que possibilite mais sombreamento. Aracaju hoje é uma cidade que se adapta às mudanças climáticas e, sobretudo, que possibilita a criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento da nossa fauna local.

SÓ SERGIPE –  Assim como no Parque da Sementeira, o plantio de árvores na cidade também foi ampliado a partir de 2017?

ALAN LEMOS –  Nessa gestão do prefeito Edvaldo, fizemos um inventário das árvores de Aracaju. Atualmente, temos a informação técnica das árvores que estão plantadas nas avenidas, parques e praças da cidade. Por meio desse inventário, a gente identifica os locais adequados para o plantio. Em determinados bairros, por exemplo, não há a possibilidade de plantar mais porque as ruas são muito estreitas. Em outros casos, como as praças, algumas já atingiram o quantitativo. Estamos fazendo praças novas que têm condições de plantio, avenidas novas que são projetadas com as devidas condições de desenvolvimento para as árvores.

SÓ SERGIPE – Como são planejadas as ações de plantio nas áreas públicas de Aracaju?

ALAN LEMOS –  A gestão tem um plano de arborização que envolve alguns critérios. Por exemplo, um critério que é muito usado no plantio é a retirada de espécies que precisam ser substituídas tendo em vista a possibilidade de perecerem e levarem risco à população. Em outros casos, há o interesse de ampliar o plantio em uma determinada área, mas ela não oferece condições físicas. Como Aracaju é muito extensa, muitas vezes, o plantio não tem a melhor visualização de início porque as árvores precisam de tempo para crescerem.

Horto Florestal, no Parque da Sementeira Foto: Alberto Cézar

SÓ SERGIPE – E qual o papel que o Horto Municipal, instalado no Parque da Sementeira, desempenha para as ações de arborização da capital e para o trabalho de educação ambiental que a Sema desenvolve?

ALAN LEMOS – O Horto Municipal cumpre uma tarefa extraordinária de um equipamento de educação ambiental, pois é frequentado por adultos, mas sobretudo, por crianças das escolas de Aracaju, que vão ao local para terem uma imersão no ambiente, que é muito arborizado. O local dispõe de um Meliponário, onde podem ser mostradas as funções das abelhas dentro do processo de polinização e de melhoria das condições da flora.

Mas além disso, o parque é um local de plantio e um local da produção das mudas da cidade de Aracaju. É lá onde as mudas são desenvolvidas, inclusive as trazidas de outros ambientes. No espaço, elas ganham a condição de ter um plantio mais eficiente, ou seja, de ter uma taxa de sobrevivência elevada, e que não haja necessidade de substituí-las quando não dão certo. E é justamente no horto onde a gente produz cada vez mais árvores, sejam florestais, frutíferas ou medicinais. Tudo isso é feito com equipe multidisciplinar composta por engenheiros agrônomos e florestais, além de biólogos e profissionais de outras áreas de formação.

SÓ SERGIPE –  A produção do Horto serve apenas às ações de plantio realizadas diretamente pela Prefeitura de Aracaju ou também está disponível para a população?

ALAN LEMOS – A população pode ir ao Horto e solicitar muda para plantio, seja na residência onde mora ou em ações junto ao poder público. Quando a população age em convergência com as ações do poder público, sobretudo no meio ambiente, que é algo de interesse coletivo, a cidade se torna cada vez mais verde.

Plantio de mangabeiras Foto: Marcelle Cristinne

SÓ SERGIPE –  Aracaju avançou na criação de Unidades de Conservação Ambiental, a exemplo da Reserva Extrativista Mangabeiras, criada no bairro 17 de Março. Qual a importância dessas áreas para a cidade e a população?

ALAN LEMOS –  Ao longo dos últimos sete anos e meio da gestão do prefeito Edvaldo Nogueira  foram criadas duas novas unidades: a Área de Relevante Interesse Ecológico do Lamarão (102 hectares) e a Reserva Extrativista das Mangabeiras (9,5 hectares). Além disso, foi criado um anexo ao Parque Natural Municipal do Poxim. Com esse anexo, o local passou de 174 hectares para 191. Os três locais juntos somam 300 hectares de área preservada em Aracaju, sobretudo em áreas de manguezais. Na Reserva Extrativista, seguimos um modelo definido pelo Sistema Nacional de Unidade de Conservação. Além disso, ela tem um Conselho Deliberativo. A ideia é que esse conselho seja instituído em todas as unidades. Ele é um comitê gestor com a participação da sociedade para que a gente possa integrar de forma efetiva as unidades e ter uma política de conservação na capital sergipana.

SÓ SERGIPE –  É comum ouvir críticas da população quando ocorre a retirada de árvores em locais públicos da cidade, a chamada supressão. O que leva a gestão a tomar essa atitude e qual a importância disso para as pessoas? Há uma compensação ambiental?

ALAN LEMOS – É preciso compreender algo fundamental quando se fala de política de arborização. Uma árvore é um ser vivo, e como todo ser vivo, toda criatura de Deus, ela nasce, se desenvolve e vai perecer. E tem uma particularidade, principalmente em árvores de grande porte. Imagine um eucalipto, por exemplo, que é uma espécie que se plantou em alguns locais da cidade. Quando estiver próximo a perecer, ele poderá ter problema de infiltração na  estrutura, ter brocas, fissuras, sofrer ataque de insetos, várias situações que comprometem a integridade física dessa árvore.

Significa dizer que ela pode tombar e uma árvore de grande porte caindo pode provocar enorme risco à população, inclusive risco de morte. Então é necessário haver a substituição. Quando uma árvore está próxima da sua morte, a Prefeitura precisa analisar, e nós temos uma equipe técnica para isso. A equipe avalia as condições, inclusive com equipamentos para ver se a árvore apresenta risco à população. Quando apresenta, é feita a autorização para que ela seja suprimida, e ao ser suprimida, novas árvores vão ser plantadas.

SÓ SERGIPE – Como ocorre essa compensação?

ALAN LEMOS –  A lei estabelece que, para cada árvore suprimida uma outra seja plantada. Na Prefeitura de Aracaju, temos feito um número superior a dois, às vezes três, sempre um número maior. Portanto, a árvore suprimida é substituída e não necessariamente pela mesma árvore, pois muitas das árvores existentes nas praças e, às vezes, nas próprias ruas e avenidas, não são apropriadas para uma área de circulação de pessoas. Um exemplo são os coqueiros. Nós temos muitos nos calçadões da Orla e no Parque da Sementeira. O coqueiro é uma árvore inadequada porque apresenta um grande risco pela sua estrutura e pelos seus frutos. Elas são árvores bonitas na cidade, mas representam risco. Então, quando suprimimos um coqueiro, um outro tipo de árvore, uma que tenha uma copa florestal maior, que possa ajudar no desenvolvimento de animais silvestres, é colocado no lugar.

 

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