A carcinicultura, cultivo do camarão em cativeiro, será, em 10 anos, a atividade mais rentável em todo Sergipe. A previsão foi feita pelo engenheiro de pesca da Associação Norte Sergipana de Aquicultura (Ansa), José Milton Barbosa, durante um encontro com 87 criadores do Estado, no auditório do Sebrae. Mais cedo, o presidente da Ansa, Amilton Amorim, foi recebido pelo presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), Luciano Bispo, para tratar do Projeto de Lei 183/2017, que estabelece a Política Estadual da Carcinicultura em tramitação naquela Casa.
Na reunião, Amilton Amorim anunciou que está agendado para o dia 30, às 11 horas, uma audiência com o governador de Sergipe, Jackson Barreto, para debater a carcinicultura no Estado e buscar o apoio para que o Projeto de Lei, assim que aprovado pelos deputados estaduais, seja sancionado. Essa atitude do governador, na visão do presidente, irá alavancar o setor econômico extremamente importante.
Amilton ressalta a área de Brejo Grande onde ocorre a produção do camarão está consolidada. “Há séculos os nossos antepassados cultivavam algodão, coco e arroz. Apos a transposição do rio São Francisco, sem antes revitalizá-lo, houve graves consequências desde o desaparecimento das espécies de peixes, o fim do transporte através de canoas de cargas. A diminuição da vazão ocasionou o fim do povoado Cabeço e a salinização do rio inviabilizou a rizicultura”, explicou Amilton.
Ele disse, também, que longe da ação do Estado as famílias de Brejo Grande foram obrigadas a introduzir a carcinicultura. “Elas estão, de forma organizada, buscando o licenciamento juntos aos órgãos ambientais competentes. A carcinicultura tem um ciclo mais rápido, gera muitos empregos e a água tratada dos viveiros tem melhoras na flora e fauna aquática”, completou.
Os criadores de camarão foram informados, também, sobre as ações do Ministério Público Federal (MPF) que vem ajuizando contra a atividade e recomendando o presidente da Alese, Luciano Bispo, em não votar a Lei 183/2017. “Não é verdadeiro que nós estamos destruindo Brejo Grande. O MPF coloca Sergipe como devastador de mangue. Não procede”, assegurou Amilton Amorim.
Já o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha, que fez uma palestra sobre o tema “Os fundamentos das restrições às importações pelo Brasil e os desafios para produzir camarão na presença da mancha branca”, reforçou que a atividade é lícita e que “todos têm responsabilidade com a família e a comunidade”. Para ele, o camarão é um produto nobre e o seu cultivo gera emprego e renda.
Itamar Rocha, que estará presente na audiência com o governador Jackson Barreto, reforçou que Sergipe tem potencial no setor e que o cultivo do camarão não devasta o meio ambiente. O mesmo entendimento tem o advogado Marcelo Palma, que defende a Ansa e a ABCC. Ele lamentou a postura do MPF que coloca os criadores como se fossem malfeitores.
Ele disse que, pela manhã, na audiência com Luciano Bispo, tirou todas as dúvidas dos parlamentares e do setor jurídico da Alese a respeito da legislação federal que regulamenta a carcinicultura e assegurou a constitucionalidade do projeto de lei estadual. Marcelo Palma é uma das principais autoridades no País em Direito Ambiental.
Batalha – Para o presidente da Associação de Criadores de Camarão de São Cristóvão, Alexsandro Monteiro dos Santos, a lei que tramita na Alese “é importantíssima” e conclamou a todos “a entrarem nessa batalha para que seja aprovada e sancionada pelo governador”.
O criador de camarão, Wellington Cavalcante Coutinho, alertou a categoria a não desanimar “e fazer disso o nosso cabo de batalha”, referindo-se à luta pela aprovação da lei estadual. “O camarão de Brejo Grande veio como uma bênção de Deus. Temos o direito ao trabalho e os viveiros nos dá dignidade”, ressaltou.