Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
No atual quadro da Academia Sergipana de Letras, das 40 cadeiras, 9 delas são ocupadas por mulheres, a saber: Ana Maria do Nascimento Fonseca Medina, Clara Leite de Rezende, Jane Alves Nascimento Moreira de Oliveira, Aglaé D’Ávila Fontes, Luzia Maria da Costa Nascimento, Patrícia Verônica Nunes Carvalho Sobral de Souza, Marlene Alves Calumby, Carmelita Pinto Fontes e Ester Fraga Vilas Boas Carvalho Nascimento.
Antes delas, de saudosa memória, as imortais: Gizelda Santana de Morais, Ofenísia Soares Freire, Maria Lígia Madureira Pina, Núbia Nascimento Marques e Maria Thétis Nunes. Conforme já mencionei em outra crônica[1], quem abriu os caminhos para a entrada de mulheres no Sodalício, após muita resistência e persistência, foi a escritora e professora Núbia Nascimento Marques (1927-1999), eleita em 1978, depois de uma reforma nos estatutos da ASL em 1976, que permitiu a entrada de mulheres.
Ainda este ano, o quadro feminino da Academia Sergipana de Letras estará com um percentual de 25%. Algo, por si só, inédito e também histórico. O que, a meu ver, mostra enfim o amadurecimento da instituição e a superação, em definitivo, de sua peja misógina, tenha sido ela construída de forma natural ou não pelas próprias inconstâncias e circunstâncias da temporalidade e da própria História.
No cômputo geral, Jane Guimarães, eleita na última segunda-feira, 17 de julho, será a 14ª mulher a ocupar uma cadeira na Academia Sergipana de Letras. Modéstia à parte, eu já cantava essa pedra há muito tempo. Em crônica publicada no jornal Correio de Sergipe, no dia 2 de julho de 2022 (A-2), assim me expressei e aqui o reitero: “Jane Guimarães Vasconcelos Santos está entre os nomes mais notáveis da cena cultural sergipana, com grande potencial para voos maiores, cuja candura, simplicidade, discrição e honestidade estão entre seus melhores e maiores atributos, qualidades que definem sua personalidade e sua poesia humanista”.4
Formada em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade Tiradentes, Pós-Graduada em Sistema de Informação e Tecnologias Educacionais/UNIT, Pós-Graduada em Qualidade e Produtividade no Trabalho/UFS, Jane Guimarães Vasconcelos Santos nasceu em Aracaju, no dia 20 de novembro de 1969. É filha de Ana Rute Guimarães Vasconcelos Santos e Jaime dos Santos, aposentado do Banco do Brasil (falecido em 2019). Tem duas irmãs: Shirley Guimarães e Karina Guimarães. É casada com Walter Rodrigues de Melo Costa, com quem tem dois filhos: Walter Henrique e Nathalie Guimarães.
Seu pai foi e é a sua grande referência cultural, tendo sido um grande incentivador de boas leituras, sobretudo a partir das histórias em quadrinhos e clássicos da literatura infanto-juvenil. Na juventude, curtia a ginástica rítmica, tendo treinado por muitos anos, e colecionava papel de cartas, além de álbum de figurinhas e aos finais de semana, frequentava a praia, o Iate Clube e a AABB.
Em 2015, Jane Guimarães lançou seu primeiro livro, “Palavras que falam e outras Histórias”. Antes disso, teve participações em diversas antologias e em eventos literários e culturais. Em 2017, veio o segundo trabalho de poesias, “Memorial de Afetos”. E, recentemente, em 2022, “Aracaju, berço de inspiração”. Com ela e o confrade Suênio Waltemberg, eu tive a oportunidade de organizar o livro “Letras em Movimento”, lançado em 2019, pelo Movimento Cultural Antônio Garcia Filho (MAC).
No dia 24 de setembro de 2015, Jane Guimarães ingressou na Academia de Letras de Aracaju, na condição de fundadora, ao lado de Francisco Diemerson de Souza Pereira. No ano seguinte, foi eleita e tomou posse no Movimento Cultural Antônio Garcia Filho (MAC), da Academia Sergipana de Letras, no dia 8 de novembro de 2016. Com minha posse para a cadeira de número 28 da Academia Sergipana de Letras, assumiu a coordenação do MAC em minha substituição em março de 2019, até a presente data. Naquele mesmo ano, passou a fazer parte do grupo que fez os preparativos para a fundação da Academia Sergipana de Educação, tendo sido agraciada no dia 15 de outubro de 2020, como Membro Benemérita.
Nos últimos anos, três coordenadores do MAC foram alçados à condição de membros da Academia Sergipana de Letras. Em grande medida, isto não deixa de ser, além de um reconhecimento aos valiosos trabalhos da instituição à Casa das Letras de Sergipe, mas também justiça àqueles que vivem à ASL toda semana, muitas vezes com gestos de humildade e postura de serviço e doação, sem visar somente as honras e as glórias que a Imortalidade Beletrista ainda concede.
Bem-vinda, Jane Guimarães! Dizer que estou muito feliz com sua eleição seria chover no molhado ou ensinar o padre a celebrar missa. A sua poética humanista, como já lhe disse, inclusive publicamente, certamente encherá de viço e de naturalidade as dependências da Academia Sergipana de Letras, como a flores graciosas num jardim sortido de belezas e encantos diversos.
[1] SANTOS, Claudefranklin Monteiro. Agora é que são elas? As mulheres na Academia Sergipana de Letras. Jornal Correio de Sergipe, Aracaju, 26 fev. 2021.
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