Emerson Sousa (*)
O Brasil, com a confirmação de mais 10.222 novos casos, fechou o dia 8 de maio com um total de 145.328 registros de covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde. Isso resulta numa razão de 692 contaminados para 1 milhão de habitantes, uma taxa superior à mundial, que está em 518 por um milhão de residentes.
Nesse vácuo surge o número de mortos pela pandemia. No país, esse quantitativo já estava em 9.897 representando um volume de 47 óbitos para cada 1 milhão de habitantes. No planeta, essa marca era de 36 mortes por milhão de habitantes.
De acordo com a página eletrônica WorldOMeter, já com dados publicados na manhã do dia 9 de abril, o Brasil responde por 3,6% tanto dos contaminados pelo novo coronavírus no mundo quanto do total de mortos no planeta.
Ainda de acordo com aquele sítio, o Brasil está na oitava posição mundial do total de casos confirmados e o sexto colocado no quantitativo de mortos. Na América Latina, nenhum país se aproxima desses números.
Em 8 de maio, o Brasil foi o terceiro país com mais casos notificados no dia, ficando atrás apenas dos EUA e da Federação Russa, porém, assumiu a segunda posição na lista de mortos num único dia, sendo superado apenas pelos EUA.
Analisando-se os números disponibilizados pelo Ministério da Saúde, vê-se que, desde o dia 25 de fevereiro, quando se noticiou o primeiro caso registrado no país, as taxas de progressão da doença vêm apresentando uma redução.
Isso porque o salto de 52 para 121 notificações de covid-19 exigiu três dias enquanto que de 28,3 mil para 58,5 foram necessários outros dez dias, ou seja, talvez a curva de contágio possa estar se “achatando”.
Contudo, há um “porém” nessa história: pela primeira vez, desde 21 de março, quando se quebrou a barreira dos 1.000 casos, houve uma redução nesse prazo de duplicação de atingidos. Entre 53,3 mil e 106,5 mil notificações passaram-se nove dias.
Repare que esse único dia de retardo faz toda a diferença. Com o total de casos dobrando a cada 10 dias, o patamar de 1 milhão de registros poderia ser superado apenas em 04 ou 05 de junho.
Entretanto, se esse prazo for reduzido para 9 dias, essa data provavelmente seria abreviada para o dia 1° desse mesmo mês. Sendo que essa defasagem é crucial para um sistema de Saúde já exaurido.
Por isso que, ao contrário do que tem indicado o Governo Federal, que tem optado por naturalizar as mortes causadas pelo novo coronavírus, a maioria dos prefeitos e dos governadores país afora têm insistido na tecla do isolamento social e do uso de máscaras.
Afinal, a morte é uma das maiores companheiras dos casos de covid-19. Desde o dia 17 de março, quando se registrou a primeira morte por conta dessa moléstia, a relação tem sido de 6,8 mortes para cada 100 novos casos identificados, ou seja, uma taxa de mortalidade 6,8% após o diagnóstico.
Nos primeiros dias de maio de 2020, morreu uma média de 500 pessoas por dia no Brasil, algo que se iguala ao quantitativo de casos (casos, não mortes) confirmados no Camboja e na Palestina ou, alternativamente, 60% dos registros totais da doença no Vietnã.
Além disso, muito embora o Brasil detenha pouco mais de 50% da população da América do Sul, responde por 68,5% dos óbitos do continente. O total dos seus mortos é superior ao do total de casos (casos, não mortes) de nove dos países ali localizados, aí inclusos Argentina, Venezuela, Paraguai e Bolívia.
Um ponto positivo a se destacar é que o país vem aumentando o período para se dobrar o número total de vitimados. Para sair de 57 para 114 mortos levaram-se tão somente três dias, ainda no mês de março. Atualmente, para se duplicar as ocorrências são requeridos 10 dias.
Até o dia 8 de maio, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Amazonas respondiam por 2/3 dos casos de covid-19 no país e por quase 4/5 das mortes ocorridas desde fevereiro de 2020, quando foi registrado o primeiro caso da doença no Brasil.
Contudo, quando a abordagem se transfere para o viés relativo, tem-se uma mudança bastante impactante nesse cenário. No que concerne à taxa de incidência, onde se divide o número de casos pelo fator de 1 milhão de habitantes, e a taxa de mortalidade, razão entre quantidade de mortes por 1 milhão de residentes, os estados líderes são outros.
Amapá (2,7 mil casos por milhão de habitantes), Amazonas (2,6 mil por milhão), Roraima (1,8 por milhão), Ceará (1,6 mil por milhão) e Acre (1,3 mil por milhão) encabeçam esse ranking. Razões semelhantes àquelas apresentadas por França, Alemanha, Federação Russa e Irã.
A taxa de mortalidade, por sua vez, está alta no Amazonas (211 óbitos por milhão de habitantes), Ceará (106 por milhão), Pernambuco (97 por milhão), Rio de Janeiro (85 por milhão) e Amapá (78 por milhão). Em média, essas unidades federativas aproximam-se das realidades de nações tais como Canadá, Portugal e Equador.
Curioso notar que esses números mostram que o argumento presidencial de que as altas temperaturas seriam um impedimento à disseminação da pandemia não passa de uma tremenda estupidez.
Entretanto, há outra suposição mais séria e perigosa retirada desses indicadores: o epicentro da covid-19 está saindo do estado de São Paulo e se deslocando mais para o Rio de Janeiro ou para o norte do país, áreas com menor infraestrutura de Saúde. Fenômeno que faria com que a passagem da doença pelo país ganhasse contornos mais trágicos.
Em suma, esse é o cenário que se apresenta para o país desde a chegada do novo coronavírus, ainda em fevereiro de 2020. A doença se alastrou e alcançou os mais distantes recantos do país.
Ademais, ao contrário do que se propaga, ela não é apenas uma gripezinha e, inclusive, que as medidas de afastamento social também ajudaram a suavizar a sua trajetória de contágio, mas isso não significa que a normalidade está à vista.
A despeito de o total de óbitos ter caído 2,6% no país, em 2020, entre 11 de fevereiro e 9 de maio, quando em comparação com o mesmo período de 2019, o aumento de falecimentos por causa de quadros respiratórios foi de 2,7%, conforme dados retirados dos registros cartoriais.
No ano passado, na 15ª semana epidêmica (em abril), ocorreram menos de 100 mortes por Síndrome Aguda Respiratória Grave (SRAG), conforme dados da Fundação Osvaldo Cruz. Neste ano, nessa mesma data, algo próximo de 1400 óbitos.
O momento ainda não é de descanso. Pelo contrário, isso indica que aqueles lugares que ainda não sofreram de forma mais intensa com a covid-19 não podem descuidar das medidas de redução da propagação do vírus.
A sociedade somente pode considerar que a doença está indo embora quando as taxas de incidência e de mortalidade forem decrescentes, os leitos hospitalares diminuírem sua ocupação por conta da doença e a demanda por Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) pelo mesmo motivo também decair.
Até lá as pessoas podem ajudar praticando o isolamento social e utilizando corretamente máscaras faciais durante os seus estritamente necessários e inadiáveis deslocamentos.
(*) Emerson Sousa é doutor em Administração pela NPGA/UFBA e mestre em Economia pelo NUPEC/UFS.
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