Muitas vezes o título não corresponde ao que contém na mensagem. Assim também, a justificativa não corresponde à ideia principal do argumento em um diálogo, texto ou afirmação isolada. Por vezes, a afirmação imputa a terceiros o que não lhe é devido. Esconde-se o verdadeiro sujeito da ação no texto, na afirmação e nas ações humanas. Pode ser fracasso do argumento ou desvio intencional do argumentador.
Na imprensa esportiva, uma decisão polêmica “a culpa é do VAR”. Se ele é uma ferramenta dos árbitros, a culpa é de quem o manuseia. “O juiz marcou pênalti”. O juiz julga, sentencia no processo, mas quem apita no jogo de futebol é o árbitro. No intervalo do futebol, o atleta responde: “vamos esperar a orientação do professor”. Professor é quem tem a titulação graduação em licenciatura com base no artigo 62 da Lei de Diretrizes e Base do Ensino. Com certeza, a quase unanimidade dos treinadores não possui tal título do ensino.
De igual modo afirma-se: o “trânsito fez mais uma vítima”. O trânsito ou motorista? Com certeza o motorista. “A seca dizimou a plantação”. A seca ou as pessoas que destroem o meio ambiente com queimadas, agrotóxicos e outros poluentes? “A culpa é do sistema”, o sistema é culpado ou as pessoas que o controlam? Na defensiva afirma-se: “a empresa não pode, ordens da empresa”. Pura imaginação ou desvio. Quem decide são donos ou diretores das empresas.
“O sistema financeiro está nervoso”. O sistema não tem sentimentos, é inanimado. Nervosos ficam os gananciosos especuladores e agiotas que controlam o dinheiro no país e no planeta. “O Brasil é racista.” O Brasil é criação dos brasileiros. Quem pratica o racismo são as pessoas. “O sistema está fora do ar.” Se está fora do ar, está onde? Com a palavra os estudiosos da física. “A violência fez mais uma vítima.” Quem é a violência? As pessoas são as verdadeiras autoras.
É cômodo produzir resposta rápida acusando o autor da ação. Desvia o foco e elimina-se contra-argumentos. Esta maneira de indicar o culpado inocenta o verdadeiro sujeito e transfere a culpa para um ser oculto. Assim, isenta-se de identificação para uma eventual responsabilização, além de encerrar o argumento fragilmente.
Uma linguagem objetiva e sem dubiedades permite ao interlocutor interagir, facilita a clareza na boa convivência e valoriza o diálogo. Torna-o produtivo, evitando desdobramentos infindáveis e sem concisão. É preciso usar a palavra no seu sentido específico quando adentrarmos ao âmago do argumento. Facilita-se a interlocução, elimina dúvidas e subterfúgios. Valida-se melhor a linguagem. A comunicação agradece a fluidez argumentativa em tempos de tantas instantaneidades.
(*) Valtênio Paes de Oliveira , professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada -Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur – Editorial Dunken e Diálogos em 1970 – J Andrade.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
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