O que devemos fazer para termos empatia com uma pessoa, ao invés de antipatia? E quando essa pessoa é seu filho adolescente, como criar essa cumplicidade? As dicas para isso estão em “O livro da empatia: caminhos para compreender e lidar com a adolescência”, da psicóloga Milena Aragão, doutora em Educação, que trabalha há 18 anos com o público adolescente. Esse é o terceiro livro da carreira da psicóloga, que fez Mestrado em Educação pela Universidade de Caxias do Sul (RS) e doutorado, também em Educação, pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Formada em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, Milena Aragão também escreveu “Castigos escolares – conversando com os professores” e “Um pouco mãe, um pouco professora – conversas sobre a mulher na docência”. Mas voltando à empatia, o que é mesmo? “É se colocar no lugar do outro, nos permitindo ouvir os sentimentos dessa pessoa”, diz.
Ao dar essa dica, a psicóloga lança uma pergunta para os pais e responsáveis por adolescentes: “Como eu escuto meu filho?” Ela chama à reflexão porque alguns pais, no intuito de proteger, “querendo controlar o que o filho pensa, o que veste, como se apresenta, como fala”, não percebe o quanto esse jovem é bom em diversas atividades, como num esporte, pintando, desenhando.
“A empatia é conseguir sentar com esse jovem e ouvir a lógica de vida dele”, ressalta Milena, ao frisar que a lógica de adulto é diferente. No livro, onde ela conta um pouco da própria vida, Milena lembra que era o estereótipo, chamada de “aborrecente”, um neologismo que ela praticamente desconstrói nos seus escritos que têm um objetivo específico para aqueles que o lerem. “A minha ideia é que esse adulto que ler, esse pai, essa mãe, termine a leitura e se sinta bem, com muita vontade de abraçar seu adolescente”.
Milena, em O Livro da Empatia, mostra o depoimento de seis jovens “e pude perceber a carga emocional muito grande que as palavras têm quando chegam até eles. Às vezes, quando falamos para o adolescente que ele é irresponsável, estamos desabafando como adultos, manifestando, muitas vezes, uma frustração. Mas eles escutam muito mais que uma frustração nossa, e reforcei algo que quis compartilhar com os leitores: precisamos ouvir esses jovens”.
O Livro da Empatia ainda será lançado, não tem uma data definida, porém a autora imagina como será. “Penso em fazer uma roda de conversa”, afirma. Mas, quem quiser o livro, publicado pela Editora Appris, o encontra, em Aracaju, na Livraria Escariz, nas plataformas Amazon, Estante Virtual, Kindle. “Em outros Estados, a pessoa pode comprar nas principais livrarias. E eu também tenho uns exemplares comigo, que podem ser pedidos pelo meu Instagram @psi.milenaaragao.”
Além de contar histórias de jovens, dar dicas aos pais, Milena conta um pouco dela mesma, e fez uma confissão: “Eu tenho medo de caranguejo, de siri”. Mas como a vida tem lá suas surpresas e sabedorias, quis o destino que Milena fosse morar no bairro Atalaia, nas proximidades da Passarela do Caranguejo. Depois do susto ao ver um caranguejo daquele tamanho, Milena respirou fundo e conseguiu tirar uma foto junto com a mãe Rosana Aragão, pousando no monumento.
Agora, permita-se sentir empatia com esta entrevista com Milena Aragão e descubra, dentre outras coisas, se ela já se rendeu ou não à principal iguaria da culinária sergipana.
Que tenhamos todos empatia e boa leitura.
SÓ SERGIPE – Este terceiro livro que a senhora escreve chama a atenção pelo título: O Livro da Empatia. O que devemos fazer para termos essa empatia com as pessoas, mais especificamente com os jovens que são o foco do seu trabalho?
MILENA ARAGÃO – Como ter empatia? No livro falo muito sobre isso. Eu dou muitas dicas e faço reflexões. A gente costuma dizer que empatia é se colocar no lugar do outro. Mas como eu me coloco no lugar desse outro? A partir do quê? Na realidade, nos colocamos no lugar do outro quando nos permitimos ouvir os sentimentos dessa pessoa. As necessidades, os valores, aquilo que é precioso para as outras pessoas. Como eu escuto meu filho? Eu atendo bastante adolescentes e esses dias estava refletindo: muitos pais acabam, para tentar proteger o adolescente, querendo controlar o que ele pensa, o que veste, como se apresenta, o que fala. Esse adolescente está escrevendo lindos poemas, está pintando, desenhando, fazendo atividades esportivas em que ele é muito bom, mas os pais não viram, porque a preocupação deles está em outro lugar. A empatia é conseguir sentar com esse jovem e ouvir a lógica de vida deles, porque é diferente da nossa. As outras coisas não são tão diferentes assim. Como a gente senta e dialoga, um aprendendo com o outro? Não é fácil! Por isso, no livro, dou dicas para os pais, para o autoconhecimento e autoempatia. Porque muitos de nós não vivenciamos isso na nossa história.
SÓ SERGIPE – O que a motivou escrever esse livro?
MILENA ARAGÃO – Há cerca de 18 anos que eu trabalho com adolescentes, em diferentes Estados. Trabalhei em Florianópolis, Rio de Janeiro, estou aqui em Aracaju há 10 anos, e esse livro é fruto de toda essa experiência. Tanto que na primeira etapa do livro, eu me permiti escutar os adolescentes. Trouxe para o livro seis adolescentes que escreveram para mim e o que eles aprenderam com seus pais. Nesses depoimentos pude perceber a carga emocional muito grande que as palavras têm quando chegam até eles. Às vezes, quando falamos para o adolescente que ele é irresponsável, estamos desabafando como adultos, manifestando, muitas vezes, uma frustração. Mas eles escutam muito mais que uma frustração nossa, e reforcei algo que quis compartilhar com os leitores: precisamos ouvir esses jovens. Entro no coração deles, porque eles permitiram isso a partir da escrita, ouço sentimentos e necessidades, e apresento, não só para os pais e mães, mas professores e todos que convivem com adolescentes e queiram entender um pouco melhor, apresento essas falas e penso junto com eles. Esse livro é um pouco diferente dos dois primeiros.
SÓ SERGIPE – Por quê?
MILENA ARAGÃO – Porque é, de fato, uma conversa com a autora. Quem o lê, parece que está conversando comigo. Parece que estou ao lado deles(dos leitores), já me disseram isso. Porque é preciso fazer esse movimento. Na primeira etapa, pais, professores, tios, avós vão ouvir os seis jovens. Talvez, um daqueles jovens esteja dizendo a mesma coisa que seu filho está dizendo para você. E eu ajudo a entender, com muita compreensão e sem culpabilizar ninguém. Não é um livro que a pessoa termina de ler e se sente culpada. É um livro sobre esperança. A minha ideia é que esse adulto que ler, esse pai, essa mãe, termine a leitura e se sinta bem, com muita vontade de abraçar seu adolescente. Essa é a minha ideia, a partir das falas desses jovens. E na segunda parte, trago estratégias de ação, como é que eu posso me conectar com os meus filhos, como posso enquanto escola acolher as demandas geradas no ambiente escolar e fora dela. Nessa segunda etapa trago a comunicação não violenta para conversar conosco, essa abordagem tão incrível que nos ajuda a olhar para nós e para o outro em termos de sentimentos. Vou te dar um exemplo que costumo dar nos meus workshops e que é bem pessoal. Eu tenho medo de caranguejo e siri, confesso. E vim morar aqui na Atalaia, onde tem um caranguejão perto, e que tem uma praia cheia de siri. Eu tenho medo. E quando digo às pessoas, elas falam: “Como você tem medo de siri? É um absurdo!” Mas não tenho medo, por exemplo, de rato, e muita gente tem medo. A gente pode discutir o que é bobagem no meu medo ou no medo da pessoa que teme um rato e ficarmos na superfície. Ou posso me conectar com a pessoa através do medo. No momento em que você que me escutou reconhece que o medo é algo presente, que você já sentiu, se não de caranguejo, mas de algum outro bicho como cobra, você vai conseguir me ouvir. Porque você não vai ouvir a coisa, mas vai ouvir o sentimento e aí é mais fácil parar para conversar. Eu ensino várias estratégias práticas para treinar no dia a dia, a fim de conseguir ouvir esses sentimentos, que às vezes passam pela pessoas que, com tanta coisa no cotidiano, com tanta coisa para pensar, acaba não conseguindo dar essa atenção. Eu trago no livro, também, para conversar com a gente a disciplina positiva, que é outra abordagem que tem uma máxima: todos nós queremos nos sentir amados, aceitos, importantes e úteis e ela tem 52 estratégias que nos ensinam a chegar lá. Eu trabalho muitas delas no livro. A minha inspiração foi essa escuta com os adolescentes, com as famílias que atendo e pessoas do cotidiano que param para conversar comigo e eu pensei: não posso falar com todo mundo, mas como eu posso acessar o máximo de pessoas? Foi aí que eu gestei este livro e ele nasceu agora, com o intuito de levar esperança, amor e compreensão.
SÓ SERGIPE – Hoje os adolescentes integram uma geração conectada a um computador, bem diferente daquela que viveu numa época em que essas tecnologias não existiam, e brincavam, por exemplo, de jogar bola na rua. No computador, alguns são extrovertidos, mas quando colocados frente a frente com outras pessoas, se mostram tímidos, quase não falam. Esse comportamento tímido é dessa geração ou pontual em algumas famílias?
MILENA ARAGÃO – Observar esses detalhes no filho, que no computador é extrovertido e com as pessoas frente a frente é tímido, mostra que o pai tem conexão com o filho. Que bom ele ser extrovertido no jogo. Mas o que tem nesse jogo que mobiliza nele habilidades importantes e faz ele se sentir aceito, capaz? O que ele escuta das pessoas? No que ele é bom nesse jogo e que faz com que ele se sinta assim? E quando entra em outras situações sociais? Fiquei pensando sobre essa timidez, porque já ouvi de outros jovens que eles ficam receosos sobre como eles são vistos socialmente. Mas quando eles percebem que em situações sociais alguém se interessa pelo que ele gosta, ele começa a se abrir. E aí é que é o interessante, essa é que é a conexão. Eu me conecto com pessoas que se interessam por coisas parecidas com as minhas. Quando eles são vistos, alguns podem até dizer: ‘Será que eu não estou sendo adequado?’. E aí eu trabalho esse oposto. O que você tem que é bom, que você admira em você? E trabalhamos habilidades sociais para que ele possa se comunicar com as pessoas, entendendo que ele tem muita coisa boa também. Esse problema que você trouxe, eu vejo em alguns adolescentes.
SÓ SERGIPE – Estamos conversando sobre jovens, sobre saúde mental, e hoje é o Dia Mundial da Saúde Mental. Que análise a senhora faz desse período pandêmico que estamos vivendo, tomando por base o seu dia a dia com os pacientes? De que modo a Covid-19 afetou as pessoas mentalmente?
MILENA ARAGÃO – A pandemia afetou a todos nós. Observei um crescimento muito grande da ansiedade, do medo, de não saber o que vai acontecer no futuro. Os jovens traziam isso muito. O cérebro adolescente é mais imediatista que o nosso, tem um pouco mais de dificuldade de pensar em longo prazo. Então quando veio a pandemia, eles perceberam que não podiam voltar às aulas presenciais e outras atividades. E isso começou a dar muito medo. Os mais jovens, por exemplo, próximos dos 12 ou 13 anos, me diziam: ‘Será que a gente nunca vai mais voltar?’ Essa ansiedade abateu muito eles. Não só eles, mas toda a família. Eles tiveram que vivenciar situações que não estavam acostumados. Pais dentro de casa trabalhando em home-office, eles com aulas pelo computador, algo muito difícil para acompanharem. Eu também sou professora do ensino superior e não foi fácil para eu, como adulta, lidar com esse universo online, algo que nunca tinha feito, mas agora estou craque. E percebi a ansiedade crescendo em mim também. Nós somos seres interdependentes, então se está difícil para os adolescentes, o mesmo acontece com os pais. E como cada um lida com essa dificuldade? Alguns adolescentes lidaram no que chamo de entrando num casulo, entrando no próprio espaço, voltando-se para aquilo com que eles pudessem se socializar, que são as redes sociais.
Eles buscaram socialização de alguma maneira. E realmente afetou bastante a saúde mental dos jovens. Eu tive que trabalhar muitas estratégias para que eles conseguissem lidar consigo próprios e com os pais também. Os pais tiveram que lidar com situações, como mãe solo, de trabalhar e cuidar dos filhos em casa, foi bem difícil. Agora está sendo um pouco menos, mas, de fato, ainda estamos na pandemia.
SÓ SERGIPE – Vejo, por exemplo, muitos estudantes em aulas híbridas, e eles me parecem divididos: uns querem ir para aula presencial, outros não querem. E os pais ficam tentando impor que eles participem das aulas presenciais. Até que ponto os pais devem forçar para que eles assistam às aulas presenciais e saiam de casa e se socializem?
MILENA ARAGÃO – A sua pergunta me colocou à frente da imagem de um iceberg. A ponta do iceberg é o que a gente vê acima do oceano. Mas o fundo do iceberg é muito maior que a ponta. Fazendo essa metáfora, quando o adolescente diz que não quer voltar para a escola, ele não está dizendo que não gosta da escola. Ele está falando do fundo do iceberg. O que ele quer dizer de verdade, quando fala que não quer ir para a aula presencial? Ele e todos nós vivemos um luto, que não é só falecimento de uma pessoa, é também a perda significativa da nossa vida. Eles perderam muitas convivências com os colegas, professores, aquilo era muito precioso para eles. Eu ouvi de muitos jovens: ‘eu voltar para aula, para depois ser cancelada e eu ter que voltar para casa de novo e dar tudo errado? Então, prefiro não ir’. Olha a lógica, por trás disso. A gente precisa sentar e conversar e ouvir. Não é impor uma ideia, é primeiro acolher a ideia, os medos que eles trazem. E quando a gente se propõe a acolher, a crítica e o julgamento não podem vir, porque se vierem é porta fechada. Preciso de muita validação. Entendo que é difícil conversar com o adolescente, eu entendo que é difícil para filho, entendo que é difícil termos tantas perdas dos amigos, de pessoas que a gente nem conhece, mas viu na televisão. Falar de uma forma que possamos mostrar que nós o entendemos. Quando eles se sentem entendidos, se abrem mais. E aí a gente consegue entender o motivo que ele não queira ir nesse momento para a aula. Quando tocamos nesses pontos, conseguimos argumentar melhor.
SÓ SERGIPE – Tudo é o diálogo, buscar o entendimento com eles. Ninguém estava preparado para esse momento, mas tudo vai passar. Tudo passa.
MILENA ARAGÃO – Você falou uma coisa muito importante. Quando você diz ‘isso vai passar’ está trabalhando a esperança. Eu também explico com mais detalhes no livro. Primeiro ponto: deixar eles desabafarem o que não vai bem, sem julgar, sem criticar. Depois perguntar para eles: que estratégias vocês utilizam para lidar com essas dificuldades? Eu até, no meu Instagram, gravei um vídeo, onde expus com a autorização deles, alguns jovens que fizeram isso. É incrível o quanto eles ensinam para nós adultos estratégias que a gente nem pensava que podiam existir e que podem nos ajudar. Isso é trabalhar a esperança. É permitir que eles falem sobre o problema, sem se sentirem julgados ou criticados, e depois pensar em soluções para esses problemas, em estratégias. Isso é trabalhar a esperança, é trabalhar o vai passar. Mas estamos juntos neste processo. Vamos passar por isto. É muito bacana esse trabalho.
SÓ SERGIPE – O seu livro já está à venda? Onde as pessoas podem encontrá-lo.
MILENA ARAGÃO – Ele pode ser encontrado na Livraria Escariz, aqui em Aracaju. Nos demais Estados, nas principais livrarias como a Cultura. E nas principais livrarias online, como Amazon, Estante Virtual, Kindle, enfim, todas essas livrarias. E tenho alguns exemplares aqui que podem ser comprado diretamente comigo pelo Instagram @psi.milenaaragao.
SÓ SERGIPE – Quanto tempo a senhora passou escrevendo esse livro?
MILENA ARAGÃO – Acho que um ano e meio, dois anos. Porque foi feito entre os meus trabalhos. Eu terminava as minhas atividades, sentava a partir das 22 horas, pois gosto de escrever de madrugada, e ficava eu comigo, no silêncio e aí eu me conectava com os textos que os jovens escreveram. Há muitas memórias nesse livro, também. Diálogo com pacientes, mas eu não cito os nomes deles, memórias de tantos encontros que tive nessa vida. E eu anoto muita coisa. Foi muita busca de documentos que eu anoto. E fiquei muito feliz de poder conversar com os pais de outra forma.
SÓ SERGIPE – A senhora me chamou a atenção quando citou dos encontros na confecção deste livro. Há também desencontros?
MILENA ARAGÃO – Há vários desencontros muito interessantes no livro. Eu trago fala de pais, de jovens, tem um pouco da minha história de vida também, como eu era quando adolescente. Fui adolescente estereótipo, chamada de ‘aborrecente’, que é um termo que eu descontruo dentro do livro. O que ele tem que aborrece tanto? Ajudo a sair de muitas caixas, essas caixas culturais que nós adultos entramos e que nós quando adolescentes fomos colocados. Mas procurei ser o mais humana possível para mostrar amores e dores. Mas fundamentalmente, esperança. E nisso me preocupei bastante.
SÓ SERGIPE – A senhora confessou o seu medo de caranguejo e tem uma pergunta que não quer calar. A senhora come caranguejo, que é um prato típico daqui?
MILENA ARAGÃO – Não (risos). Eu ainda não consigo. Mas já consigo tirar foto no monumento do caranguejo, na passarela. Na primeira vez que passei de carro e vi, me perguntei: ‘meu Deus, o que é isso aqui?’ Já trabalhei minha experiência não muito agradável, na infância, com os caranguejos. Mas ainda é um bichinho que tenho muito respeito . Eu ando olhando para o chão, e quando avisto um, dou um oi e me afasto. Já fui beliscada por um caranguejo em minha vida e não é algo que doa pouca. Então deixo eles aí no cantinho deles, são importantes para a natureza, e eu fico no meu cantinho.
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