sábado, 16/11/2024
Rogério Carvalho: em silêncio Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

“A força do PT Sergipe será ainda maior do que nas últimas eleições”, garante o senador Rogério Carvalho

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Embora considere que não é prioridade discutir as eleições de 2022, neste momento, com o país mergulhado na maior tragédia sanitária de todos os tempos, o senador e médico Rogério Carvalho, líder do PT no Senado, garante que a “força do PT Sergipe será ainda maior do que nas últimas eleições”, referindo-se a 2018, quando  obteve 300.247 votos e conquistou uma das cadeiras para o Senado. Ele assegura que o ex-presidente Lula “continua sendo a maior liderança popular do país e não tenho dúvidas que a construção de um projeto progressista de Brasil e de Sergipe passa e passará por ele. Por isso, estaremos juntos nas próximas eleições”.

Mas no meio desse caminho que está sendo trilhado pelo PT há o presidente Jair Bolsonaro que, na visão de Rogério Carvalho, será responsabilizado pelas milhares de mortes que estão ocorrendo no Brasil, devido à pandemia da Covid-19. Ele ressalta que a Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia que tramita no Senado já tem elementos suficientes contra o presidente.

“A Comissão já conseguiu levantar documentos e material suficientes para provar o crime sanitário de Bolsonaro”, assegurou Rogério Carvalho ao acrescentar que o presidente “foi o grande promotor da pandemia no Brasil”, porque “apostou na teoria da imunidade de rebanho e deixou o povo brasileiro jogado à própria sorte para se contaminar e adquirir imunidade naturalmente”. Quanto ao impeachment de Bolsonaro dependerá de uma decisão monocrática do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), iniciar o processo.

Mesmo na condição de suplente, a participação do senador Rogério Carvalho na CPI da Pandemia tem sido bastante expressiva, o que lhe rende algumas críticas nada educadas por parte dos bolsonaristas. Mas é necessário reconhecer as vitórias de Rogério no Senado, como uma emenda – que já foi sancionada por Bolsonaro – que autoriza o governo a investir no programa nacional de emprego e renda. “Essa nossa Emenda é mais uma prova de que somos uma oposição programática e com compromisso histórico”, ressalta.

Esta semana, Rogério Carvalho conversou com o Só Sergipe. Vale a pena a leitura da entrevista.

 SÓ SERGIPE – Como o senhor avalia estas duas semanas de CPI da Pandemia no Senado Federal?

ROGÉRIO CARVALHO – Antes de mais nada, gostaria de deixar aqui meus sentimentos e minha solidariedade para todos os sergipanos e sergipanas que passaram pela dor de perder um ente querido para a Covid-19. Sobre a CPI, em duas semanas de trabalho a Comissão já conseguiu levantar documentos e material suficientes para provar o crime sanitário de Bolsonaro. Apesar de todos os governistas que prestaram depoimento até o momento terem passado por um treinamento e terem mentido para tentar blindar o presidente, os fatos falam por si. Bolsonaro foi o grande promotor da pandemia no Brasil. E por que isso? Porque ele apostou na teoria da imunidade de rebanho e deixou o povo brasileiro jogado à própria sorte para se contaminar e adquirir imunidade naturalmente.  Por isso, Bolsonaro negou todas as medidas de distanciamento social e uso de máscaras, promoveu e continua promovendo aglomerações, negligenciou a compra de vacinas e segue atacando, inclusive na Justiça, governadores e prefeitos que tentam de alguma forma conter a expansão do vírus. Já há pesquisas que provam o que estamos chamando de “efeito Bolsonaro”, que matou, que hospitalizou e que contaminou mais pessoas nas cidades em que ele obteve maioria de votos nas últimas eleições. O resultado dessa irresponsabilidade dolosa e continuada de Bolsonaro é uma catástrofe sanitária social e econômica.  Infelizmente, o Brasil de Bolsonaro é um país com quase 460 mil mortos pela Covid-19, com 14,8 milhões de desempregados, 6 milhões de desalentados e que sofre com a volta da fome e o aumento da desigualdade. E a CPI vai deixando as responsabilidades de Bolsonaro muito claras para toda a população. Por fim, lamentavelmente, sem o auxílio emergencial de R$ 600, sem políticas públicas consistentes de manutenção da renda e do emprego e de amparo especialmente para as micro e pequenas empresas e sem uma ação efetiva do governo federal no controle da pandemia, Bolsonaro tem obrigado o povo brasileiro a optar entre o vírus ou a fome.

SÓ SERGIPE – Dos depoimentos dados até o momento, qual o que mais lhe surpreendeu?

ROGÉRIO CARVALHO – Todos os depoimentos até o momento apontam para um denominador comum: a responsabilização de Bolsonaro por um crime de saúde pública. É muito grave o que estamos falando, o que eu quero dizer é que estamos diante de um crime de extermínio gravíssimo e intencional do povo brasileiro. Dessa forma, os depoimentos acabam se complementando. As falas do diretor do Butantan, Dimas Covas, e do CEO da Pfizer, Carlos Murillo por exemplo, convergem no sentido de provar a negligência do governo na compra das vacinas, que só veio a acontecer efetivamente em dezembro do ano passado depois de uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal, que obrigou o Ministério da Saúde a apresentar um Plano Nacional de Imunização. As falas da doutora Mayra Pinheiro e do ex-chanceler tarja preta, Ernesto Araújo, vão no sentido de comprovar a completa ideologização da gestão da pandemia. Já os ex-ministros Henrique Mandetta e Nelson Teich apontaram para o fato de que quem mandava nas políticas de enfrentamento da pandemia era o próprio presidente Bolsonaro e quem não seguisse suas orientações era demitido e por aí vai…

Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, depondo na CPI da Pandemia Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

SÓ SERGIPE – O senhor disse, recentemente, em entrevista, que os governistas ouvidos na CPI, até o momento, tentaram blindar o presidente Jair Bolsonaro. Na reconvocação de Eduardo Pazuello e do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, isso pode se repetir?

ROGÉRIO CARVALHO – Olha, como eu já disse anteriormente, a tentativa deles de blindar Bolsonaro fracassou. Volto a dizer, a CPI já possui elementos para responsabilizar Jair Messias Bolsonaro pelos crimes contra a saúde pública no enfrentamento da pandemia no Brasil. Agora, o depoimento do ex-ministro Pazuello, por exemplo, foi um amontoado de mentiras. Acho que, por isso, ele compareceu na Comissão resguardado por um habeas corpus, que, na prática, deu a ele licença para mentir. Ele nos disse que era a favor da vacina, do uso de máscaras e das medidas de distanciamento social e no fim de semana imediatamente seguinte participou de um ato político com Bolsonaro, no Rio de Janeiro, desrespeitando tudo aquilo que ele dizia acreditar e defender.  Ao participar desse ato político, Pazuello escancarou todo cinismo dele e passou por cima da Lei e de Regimento do Exército, deixando as Forças Armadas Brasileira em uma situação que eu diria minimante constrangedora. Mesmo depois disso, sendo pressionado pelo alto comando do Exército para ir se aposentar, a imprensa noticiou que ele afirmou que só vai para a reserva depois da CPI, ou seja, a estratégia de Pazuello parece ser se esconder por de trás da farda para tentar intimidar os parlamentares no novo depoimento dele, mas isso não vai acontecer.  Eu sinceramente acredito, e o presidente da CPI já se posicionou publicamente no mesmo sentido, que se Pazuello se comportar no novo depoimento da mesma forma que ele foi no primeiro, que ele pode sair preso da Comissão.

SÓ SERGIPE – Continuando essa postura de defesa dos governistas, será que um deles não sairá do Senado preso e algemado? O ex-ministro Eduardo Pazuello, que neste final de semana participou de ato político ao lado do presidente Bolsonaro, no Rio de Janeiro, poderá ser a bola da vez?

ROGÉRIO CARVALHO – Como eu disse na resposta anterior, no novo depoimento de Pazuello, o clima será outro. Se insistir em mentir e em tentar ludibriar os senadores, ele pode sim sair da CPI em uma situação muito constrangedora. Ele parece estar se esquecendo que, no futuro, os culpados pelo “efeito Bolsonaro” serão responsabilizados, acredito eu que inclusive em tribunais internacionais de Direitos Humanos. Ao assumir toda a responsabilidade por essa tragédia humanitária, ainda que a gente saiba da responsabilidade cristalina e evidente do presidente, ele poderá, daqui a alguns anos, estar sozinho em um banco de réus.

SÓ SERGIPE – Diante dos fatos apurados até o momento na CPI, é possível dizer que o presidente Bolsonaro será responsabilizado pelas milhares de mortes e pela falta de iniciativa em viabilizar as vacinas? Pergunto isso, porque no seu Twitter na quarta-feira o senhor postou trechos de vídeos do presidente negando a vacina, desautorizando a compra de vacinas, dentre outras coisas.

ROGÉRIO CARVALHO – Eu acredito verdadeiramente que não só o Bolsonaro, mas também todos aqueles que são responsáveis pela tragédia humanitária que tem sido a condução do enfrentamento da pandemia no Brasil serão responsabilizados e punidos, acredito que nos próximos dez anos. Essa CPI vai produzir um relatório consistente, com dados e informações técnicas relevantes, apontando os crimes e os responsáveis por esses crimes. Como eu já disse, o crime de catástrofe sanitária já está provado e o nosso desafio, daqui para frente, é provar o crime contra a vida, ou seja, apontar cientificamente quantas mortes poderiam ter sido evitadas no Brasil, se tivéssemos de fato uma política de enfrentamento da Covid-19. Esse nosso relatório será encaminhado para o Ministério Público para abertura dos inquéritos e de todas a medidas judiciais cabíveis. E, como eu venho defendendo, acredito também que essas pessoas serão alvo de processos em cortes internacionais. O mundo está atento a toda essa negligência que tem acontecido no Brasil, afinal, morrem cerca de três vezes mais pessoas por Covid aqui do que a média dos demais países.  Tenho certeza que os organismos multilaterais dos quais somos signatários não vão virar as costas para os milhares de brasileiros mortos em razão de um governo que não combateu a pandemia, pelo contrário, que apostou em uma teoria, que gerou a contaminação em massa e que deixou ao relento milhares de brasileiros e brasileiras.

SÓ SERGIPE – O senhor garante que existem elementos para o impeachment do presidente Bolsonaro? Lembre-se que o presidente já disse, diversas vezes, que somente Deus o tirará da cadeira do Planalto. E ainda há os dois filhos dele, são fervorosos defensores. Será uma briga boa?

ROGÉRIO CARVALHO – Não tenho dúvidas de que os crimes de Bolsonaro já estão provados. Agora, a abertura de um processo de impeachment é também um processo político e depende de uma decisão monocrática do presidente da Câmara dos Deputados para ser iniciado. Bolsonaro sabe do risco real do processo de impedimento e, por isso, está investindo na radicalização do discurso junto à sua base radical. O caso mais recente foi a manifestação contra o Supremo Tribunal Federal no Rio de Janeiro, desrespeitando todas as regras de combate à pandemia. O que a gente constata é que o apoio popular ao seu governo tem caído de forma consistente e ele já aparece atrás de Lula em todas as pesquisas presidenciais e em todos os cenários projetados. Desse derretimento do apoio popular do governo, surge um Bolsonaro ainda mais radical e ainda mais truculento, que ataca cotidianamente nossas instituições e que testa os limites da nossa democracia. Ele chegou ao ponto de ir até Alagoas para tentar constranger o trabalho do relator da CPI, senador Renan Calheiros. Por outro lado, Bolsonaro tem atuado na liberação de emendas para manter uma base de sustentação no Congresso, que impeça a abertura e o andamento do processo de impeachment. Então, com uma base parlamentar cheia de dinheiro no bolso, eu não acredito que o presidente da Câmara levará adiante o processo de impeachment, mesmo que já existam elementos para isso.

Post no Twitter de Rogério Carvalho sobre Mayra Pinheiro

SÓ SERGIPE – Durante a oitiva da médica Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde, houve um momento tenso com o senhor que a chamou de mentirosa e ela pediu que o senhor a respeitasse. O vídeo com essa discussão viralizou nas redes sociais e as opiniões se dividiram: uns elogiando a Mayra, outros o senhor. Como a CPI virou o substituto do BBB, como lidar, principalmente, com os ataques à sua pessoa?

ROGÉRIO CARVALHO – CPI tem tido o papel fundamental de deixar claro para a sociedade quem são as responsáveis pela expansão da pandemia no Brasil e como cada uma dessas pessoas atuou ao longo desse processo. Nós temos confrontado os negacionistas com dados científicos e com estratégias de combate à pandemia que deram certo em outros países, porque nos outros países foram adotadas medidas recomendadas pelos organismos internacionais de saúde, enquanto por aqui Bolsonaro apostou na teoria de imunização natural. Com as novas tecnologias, estamos evidenciando em tempo real as mentiras faladas pelos governistas na CPI. Chega a ser constrangedor uma pessoa mentir descaradamente perante uma Comissão e minutos depois ser desmascarada por um áudio ou um vídeo dela mesma contradizendo o que tinha acabado de falar, como foi no caso da doutora Mayra, que você mencionou. Quanto à questão dos ataques pessoais, isso não tem me incomodado. Em geral, têm sido ataques desqualificados, baseados em fake news e movidos pelo ódio, sem qualquer fundamentação racional. Toda figura pública precisa de coragem para enfrentar os grandes desafios que um dos países mais desiguais do mundo apresentam e o que não me falta é coragem e disposição para lutar pelo que eu acredito, que é um país mais justo, mais generoso, mais acolhedor, mais democrático e em que os frutos do desenvolvimento possam ser compartilhados por todos e por todas.

SÓ SERGIPE – O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, será convocado para dar explicações à CPI, isso porque a Polícia Federal desencadeou aqui a Operação Serôdio, em julho do ano passado. O senhor como suplente da CPI, que perguntas terá para o prefeito?

Convocar prefeitos, como Edvaldo Nogueira, “é tentativa do governo Bolsonaro crair cortina de fumaça”, diz Rogério Foto: Ana Lícia Menezes/PMA

ROGÉRIO CARVALHO – A convocação de prefeitos e governadores, na realidade, é uma tentativa do governo Bolsonaro de criar uma cortina de fumaça para esconder os próprios crimes. Não acredito que essa estratégia irá prosperar e se os governadores forem obrigados a comparecer na CPI estará aberto o precedente para que o próprio Bolsonaro seja obrigado a comparecer e há um requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) nesse sentido. Nossas perguntas, como têm sido feitas até agora, serão centradas naquilo que a CPI foi criada para fazer, isto é, investigar as responsabilidades e negligencias no combate à pandemia. Sobre a Operação Serôdio, acredito que investigação deva seguir o curso normal de qualquer operação, respeitados os direitos e garantias dos envolvidos, com a ampla defesa e o contraditório.

SÓ SERGIPE – Hoje vemos o Brasil dividido entre aqueles que apoiam Bolsonaro e os que querem a volta do ex-presidente Lula. E entre os apoiadores, há extremismos, ofensas trocadas entre os dois lados, enfim, intolerância de ambas as partes.  Quando o povo brasileiro terá paz?

ROGÉRIO CARVALHO – Acredito que precisamos resgatar a normalidade institucional recompor o tecido social, algo que foi perdido ao longo da construção da narrativa do golpe de 2016 contra a presidenta Dilma e que foi aprofundado pelos mecanismos autoritários da Operação Lava Jato, que partidarizou a Justiça e atropelou garantias e direitos fundamentais, ao longo das investigações que patrocinou. Esse resgate passa necessariamente pela presença de Lula nas próximas eleições. A retirada dele do último pleito no tapetão do lawfare judicial, como já foi comprovado pelo Supremo Tribunal Federal, é a grande fissura ainda presente na nossa democracia. Em 2018, mesmo preso injustamente, Lula liderava todas as pesquisas presidenciais e como foi impedido de concorrer, fez com que o povo não se reconhecesse naquilo que emergiu daquele processo eleitoral enviesado, que foi o Bolsonaro.  Por isso, além de ser a maior liderança popular da história desse país, acredito que Lula será o grande agente conciliador capaz de reconstruir a nossa democracia e a nossa identidade. Veja você que a volta de Lula ao jogo político foi saudada por importantes lideranças mundiais e trouxe alguma centralidade e racionalidade ao processo político nacional, colocando a urgência da vacina e a questão da manutenção do emprego e da renda na prioridade da pauta das discussões nacionais. Então, essa liderança, que pertence a todos os brasileiros e brasileiras, é de alguma forma a grande novidade das próximas eleições e é também o grande catalizador dos sonhos e da esperança do povo. Falamos de um Lula sem mágoas e sem rancores que está trabalhando na construção de uma ampla frente democrática e que irá reconstruir um país com autoestima, com desenvolvimento, com estabilidade, com distribuição de renda, com mais oportunidades, com projeção e altivez internacional, com soberania e com paz social.

SÓ SERGIPE – Seguindo com o tema pandemia, mas com outro viés, foi aprovada no Congresso Nacional, no dia 19 de maio, uma emenda de sua autoria que autoriza o governo a investir no programa nacional de emprego e renda e a fazer concessão de crédito aos micros e pequenos empresários. Foi uma vitória?

ROGÉRIO CARVALHO – A inclusão dos recursos dos programas de estímulo ao emprego e a renda e de crédito para as micro e pequenas empresas fora do teto de gastos foi uma grande vitória da oposição no Congresso Nacional, por meio de uma emenda de minha autoria. Essa emenda, já sancionada como Lei, também deixou de fora do cálculo da meta fiscal de 2021 os gastos de saúde com a pandemia. O resultado imediato dessa iniciativa foi o anúncio, pelo governo federal, de R$ 15 bilhões para as áreas mencionadas. Esse recurso permitirá a reabertura de uma linha de crédito especial para as mais de 10 milhões de micro e pequenas empresas brasileiras e será responsável pela complementação da renda de trabalhadores que formalizaram acordos de suspensão do contrato de trabalho ou redução proporcional de jornada de trabalho e de salário em razão da Covid-19. Essa nossa Emenda é mais uma prova de que somos uma oposição programática e com compromisso histórico. Não apostamos na política do “quanto pior melhor”. Agora, compete ao governo fazer a gestão desses recursos e fazer com que o dinheiro chegue de fato na mão das pessoas e das empresas. Só para registrar, com essa vitória, esperamos ter demonstrado ao governo Bolsonaro a importância do Estado como agente indutor da retomada econômica e da adoção de políticas anticíclicas para enfrentamento da crise. Não será possível retomar o crescimento nas bases da atual política de ortodoxia fiscal permanente e de corte de gastos. O governo precisa urgentemente abandonar a falsa oposição entre economia e enfrentamento da pandemia. Só voltaremos a ter avanços consistentes na economia quando a pandemia for controlada e, nos dois casos, o protagonismo do estado será fundamental.

“Lula continua sendo a maior liderança popular do país”, diz Rogério Carvalho Foto: José Cruz/ Agência Brasil

SÓ SERGIPE – O ex-presidente Lula já bateu o martelo e disse que o senhor será o candidato a governador de Sergipe. Lula é unanimidade por aqui ou ainda há uma parcela do PT que prefira outro nome? Como estão essas discussões? 

ROGÉRIO CARVALHO – Nossa prioridade, no momento, não é discutir 2022, mas apresentar alternativas à tragédia do governo Bolsonaro, um presidente responsável por um desgoverno que sufoca o povo com o descontrole da pandemia, a falta de vacinas e a volta da inflação e da fome.  Na condição de oposição à Bolsonaro, temos lutado pelo auxílio emergencial de R$ 600 durante toda a pandemia e conseguimos aprovar recursos para a saúde, para auxiliar as micro e pequenas empresas e para a manutenção do emprego e renda, como mencionei na resposta anterior. Além disso, buscamos alternativas para ampliar a vacinação de todos os brasileiros e superarmos a pandemia. Quanto ao presidente Lula, volto a dizer que ele é o grande agente portador de futuro da nossa democracia. Lula continua sendo a maior liderança popular do país e não tenho dúvidas de que a construção de um projeto progressista de Brasil e de Sergipe passa e passará por ele. Por isso, estaremos juntos nas próximas eleições.

SÓ SERGIPE – O PT não foi bem nas eleições para prefeito em 2020, mas em 2018 o senhor foi eleito senador com 300.247 votos, ficando em segundo lugar. Qual o cenário que se descortina para o senhor em 2022?

ROGÉRIO CARVALHO – O Partido dos Trabalhadores tem uma longa tradição de diálogo e de composição na política de Sergipe, sempre em favor da justiça social, da democracia, do enfrentamento da miséria e da pobreza, da superação da fome e da promoção da paz.  Por isso, já governou o Estado por duas vezes e está à frente de seis prefeituras. O PT está também na aliança do governo estadual, representado pela vice-governadora, e ocupa diversas vices prefeituras e cadeiras nas Assembleias Municipais de Sergipe. Em 2018, para o Congresso Nacional, me elegi senador e fizemos o companheiro João Daniel deputado federal, em condições extremamente adversas, com o Lula preso injustamente e impedido sequer de dar entrevistas durante as eleições. Agora, não é verdade que a lógica das eleições municipais pode ser extrapolada para as eleições estaduais ou presidencial. Fosse assim, o PSDB, tido como partido que mais avançou em prefeituras nas eleições municipais de 2016, não teria eleito três governadores em 2018, enquanto o PT, tido pela grande mídia como grande derrotado, elegeu quatro governadores. Na disputa nacional, tivemos 31,3 milhões de votos no 1ª turno, contra 5,09 milhões do candidato tucano. Para 2022, o PT está aberto a realizar uma grande política de alianças capaz de derrotar Bolsonaro, não só em âmbito nacional, como também nos estados, incluindo Sergipe. A força do PT Sergipe será ainda maior do que nas últimas eleições, não só porque temos um projeto consistente de desenvolvimento e distribuição de renda para apresentar ao Estado, mas também porque teremos a participação de Lula na campanha. A força dessa liderança popular, que é Lula, vai esperançar todos aqueles que acreditam em um país mais justo e solidário e não será diferente em Sergipe. Nossas lideranças estarão juntas em torno de um projeto para Sergipe e para o Brasil e o PT está pronto para compor, para dialogar, para apresentar propostas e para voltar a governar o Brasil e o nosso Estado.

SÓ SERGIPE – Vários nomes estão postos à mesa, dentre eles o senador Alessandro Vieira, do Cidadania, que liderou a votação e mandou para casa, junto com o senhor, lideranças antigas como Jackson Barreto e Antônio Carlos Valadares.  Como imagina uma hipotética disputa com Alessandro Vieira?

ROGÉRIO CARVALHO – Como disse anteriormente, não estamos discutindo 2022. Mas, sejam quais forem os candidatos, tenho clareza de que o PT estará bem representado e com chances reais de voltar a governar Sergipe. Temos um projeto para o Estado e um legado exitoso para defender e para apresentar a todos os sergipanos e sergipanas.

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