“Conhece-te a ti mesmo”. Esse é um dos aforismos mais famosos da história atribuído a Sócrates, e encontrava-se no pórtico de entrada do templo Deus Apolo, na cidade de Delfos, Grécia, no século IV a.C. A grande tarefa da humanidade seria buscar o conhecimento de si e, a partir daí, conhecer a verdade sobre o mundo. E que verdades encontraria, se há um terreno fértil de interpretações? E conhecendo-se a si próprio, também buscaria conhecer o outro a ponto de, por exemplo, convidá-lo a frequentar sua casa?
Essas provocações, baseadas no curto e profundo aforismo socrático, são feitas para que cada irmão reflita bastante ao convidar pessoas a ingressarem na Ordem Maçônica. Ele deveria se perguntar, primeiro, se se conhece bastante a ponto de assumir tal responsabilidade. E ao escolher o candidato, também deveria se perguntar se o conhece tão profundamente a ponto de lhe dar acesso aos mistérios maçônicos. Ou ao Oráculo de Delfos, já que citamos Sócrates.
Quando um irmão indica alguém para a Ordem Maçônica, os que o aprovam não o fazem pelo indicado, mas pelo irmão. Toda a confiança é depositada naquele que está sendo o padrinho do neófito. O padrinho que o indicou tem a responsabilidade, também, de guiá-lo pelo caminho maçônico, apoiá-lo no incessante desbaste da pedra bruta, ser o seu guia, o seu Norte. Embora o neófito, se aprovado, será bem recebido pelos novos irmãos, entrega-lo à própria sorte é uma irresponsabilidade sem tamanho.
Mas será mesmo que o convidado tem, no seu íntimo, a vontade de ser maçom? Ou aproveita o “embalo” e ingressa para saber se existem segredos ou mera curiosidade? “Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te”. Antes que o neófito se retire, é importante que o padrinho sequer o deixe entrar. Nada mais constrangedor do que um candidato reprovado na votação dos irmãos. Pior ainda para o padrinho. Por isso, para evitar esses dissabores é importante que padrinho e candidato se conheçam muito bem. E, claro, que o padrinho esteja na loja para apresentar o seu candidato aos demais irmãos.
Durante uma sindicância é impossível conhecer alguém profundamente. Ainda que todos os documentos do candidato estejam em ordem e ele não deva nada à Justiça, fazer juízo de valor sobre sua índole, seus costumes e suas atitudes é algo que o sindicante não consegue, por mais astuto e experiente que seja.
Nesse processo é imprescindível que os irmãos votantes, se conhecerem o candidato, façam comentários a respeito dele, para que os demais tenham mais segurança na hora de aprová-lo ou reprová-lo.
A Ordem não precisa de quantidade de pessoas, mas de pessoas de qualidade.
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(*) Diretor de Jornalismo do Só Sergipe e maçom da Loja Clodomir Silva, atualmente, exercendo o cargo de secretário.