domingo, 17/11/2024
Vestuário é uma das categorias que compõem o INPC Foto: Elza Fiúza / ABr

A inflação das menores faixas salariais: o INPC/IBGE

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Economia Herética/ Emerson Sousa

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) é o índice de preço que se dedica a subsidiar as ações de correção do poder de compra dos salários, através da mensuração das variações de preços da cesta de consumo da população assalariada com mais baixo rendimento.

O INPC calcula como a inflação impacta famílias de áreas urbanas do qual a pessoa de referência é assalariada e com uma renda que varia entre 1 a 5 salários mínimos.

As localidades de pesquisa são: Fortaleza, Belém, Salvador, Recife, Vitória, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia, Campo Grande e Brasília.

Seu período de coleta é do dia 1° até o final do mês e coleciona os preços efetivamente cobrados do consumidor em compras à vista.

A sua cesta de consumo é formada por nove categorias: alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação; despesas pessoais; educação; habitação; saúde e cuidados pessoais; transportes e vestuário.

Em janeiro de 2021, os itens de maior peso em sua formação eram: alimentação e bebidas (24,1%), transportes (19,2%) e habitação (17,6%). Analogamente, os menores foram: educação (4,3%), artigos de residência (4,6%) e vestuário (5,1%).

Do cotejo entre esses percentuais é possível intuir quais são os fatores que determinam os padrões de consumo dos estratos sociais que recebem entre R$ 1,1 mil e R$ 5,5 mil mensais.

Desde a sua primeira edição, em abril de 1979, até janeiro de 2021, o INPC registrou uma inflação total de 103.319.363.480.271,871950 %!

Isso significa que, se o salário mínimo da época – Cr$ 1.560,00 (Um mil, quinhentos e sessenta cruzeiros) – fosse apenas corrigido pelo referido índice, o seu valor corrente hoje seria de R$ 586,10 (quinhentos e oitenta seis reais e dez centavos).

Do plano Real para cá, por seu turno, a sua variação total foi de 570,715480 %, o que faz com que o salário mínimo vigente naquele mês, cotado em R$ 64,79 mensais, esteja valendo, em janeiro de 2021, o montante de R$ 434,56 por mês.

Analisando-se os seus grupos de despesas constituintes de modo desagregado, desde agosto de 1999, quando esses passaram a ser divulgados simultaneamente, é visto que esses possuem comportamentos diferentes.

Num contexto em que o INPC total variou 276%, alimentação e bebidas, com 395% de aumento, habitação, variação de 310%, e educação, com aumento de 307%, foram as componentes que mais cresceram nesse tempo.

De modo diverso, artigos de residência (105%), comunicação (117%) e vestuário (189%) foram os que menos cresceram nesses quase 22 anos.

Perceba que há uma forte similaridade entre o INPC e o IPCA, porém, essa semelhança deve ser melhor reinterpretada.

Afinal, se comparado ao IPCA, que variou 550,258030 % nesse mesmo espaço de tempo, vê-se que o INPC aumentou um pouco mais.

Isso denota que, no Brasil, a inflação é mais pesada para os segmentos de menor renda – 1 a 5 SM´s – do que para aqueles que habitam a faixa que vai até 40 salários-mínimos.

Vale lembrar que o INPC se modificou a uma taxa média de 0,74% ao mês durante os dois mandatos Henrique Cardoso. Nos dois termos do presidente Lula essa mesma medida foi de 0,47% mensais.

Enquanto isso, nos pouco mais de cinco anos de governo, a presidenta Rousseff conviveu com um INPC mensal da ordem de 0,59%, ao passo que o seu substituto, o vice Michel Temer, o fez em níveis de 0,26% ao mês.

Para o interregno Bolsonaro a taxa de variação está em 0,4% ao mês.

De todo modo, é preciso estar atento para o fato de que o INPC vem num crescendo desde 2017 e o resultado de 2020 foi o maior desse período.

(*) Emerson Sousa é Mestre em Economia e Doutor em Administração

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe

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Sobre Emerson Sousa

Economista Emerson Sousa
Doutor em Administração pelo NPGA/UFBA e mestre em Economia pelo NUPEC/UFS

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