Por Charles Albuquerque (*)
Isso mesmo. Embora você não saiba, a lepra ainda está no meio de nós.
Embora nem todo mundo esteja propenso a desenvolver lepra, qualquer pessoa que viva em sociedade está sujeita a contrair essa doença, simplesmente por respirar.
De fato, o nome lepra não existe mais! Entretanto, o bacilo e a doença continuam vivos e muita gente não sabe ou acabou esquecendo.
Lepra era um nome muito pesado… afinal, quem gostaria de ser chamado de lazarento ou leproso? Então, acabaram com esse mal leproso e criaram um mal menor e mais charmoso, o chamado “Mal de Hansen”.
Também pegou mal! Não deu certo! Ninguém queria sair por aí, carregando um mal, mesmo que fosse um mal de nome tão charmoso e sofisticado. Então, alguém levantou do púlpito acadêmico das soluções emergenciais e disse:
— MH! Chamem só MH! Não tem mal nisso!
Deu mal do mesmo jeito!
Toda vez que você dizia ao paciente que ele estava com MH, o danado queria saber o que significa as tais letrinhas… não tinha saída, o mal oculto na discreta alcunha de duas letras vinha a público e o paciente se sentia muito mal em saber que carrega aquele mal.
Novamente, o academicismo resolutivo, constrangido pelos frequentes “mal-entendidos”, assume a batuta das decisões e orquestra uma solução mais sonora:
— Vamos acabar de vez com esse mal! Nem lepra, nem MH, nem “mal” algum! A partir de agora a lepra acabou de vez e o mal de Hansen vai se transformar numa simples e inofensiva “hanseníase”, sem mal algum.
Pronto! Foi assim, que a humanidade, acabou com a temível e milenar lepra, e, todo mundo pôde dormir em paz.
— Como não existe mais a lepra, fechem-se os leprosários! Gritaram os defensores das boas práticas. Até aí tudo bem, os leprosários serviram até certo ponto, mas não eram, de fato, uma boa ideia!
Como o mal sumiu, suma-se, também, a necessidade de assistência mais ampla e descentralizada na prevenção e detecção precoce desse “mal” que não existe mais. E, para não dizer que estão completamente esquecidos de que esse mal existiu, deixou-se em cada munícipio um único centro de referência; e para que ele não ficasse obsoleto, visto que nem lepra nem mal algum existem, juntou-se tudo com a tuberculose num só serviço… é tudo micobacteriose… não terá mal nisso!
Os governos não precisam mais se preocupar: não tem mais a terrível lepra mutilando a população – soou como calmaria epidemiológica. Ops! Trocaram o nome da doença, mas esqueceram de avisar ao bacilo da Hansen, ele continua mutilando muita gente mundo afora. O tadinho nem sabe que não existe mais.
Com mal ou sem mal, a lepra, hoje chamada de Hanseníase, continua entre nós, sorrateiramente, espalhando-se e mutilando pessoas.
Apesar da incidência da hanseníase ter diminuído consideravelmente nos últimos anos, ainda existem áreas onde a hanseníase persiste zombando do tempo desde que o mundo é mundo.
E um dos principais culpados pela sobrevivência dessa bactéria da dormência destrutiva é a detecção tardia que continua sendo um problema real. E o Brasil, infelizmente, ainda acumula muitos desses casos.
No mundo, estima-se que em torno de 300 mil pessoas estejam em tratamento atualmente e que ocorram cerca de 250 mil casos novos da doença todos os anos.
Em torno de 10% desses casos estão no Brasil que é o segundo país com o maior número de casos notificados no mundo.
Em Sergipe, aproximadamente, 700 casos novos são diagnosticados por ano e mais de três mil pessoas podem estar em tratamento nesse momento (ANVISA 2021), o que torna essa doença preocupante no nosso Estado.
A hanseníase é causada por uma micobactéria e transmitida por via aérea. Por ser uma doença bacteriana, quando diagnosticada precocemente ela pode ser tratada e curada facilmente com antibióticos específicos sem deixar sequelas graves.
Os primeiros sinais mais comuns da hanseníase são uma mancha mais clara que a pele, ou vermelha com alteração da sensibilidade térmica e ou dolorosa.
Você pode fazer seu autoexame. Se, por acaso, você encontrar alguma mancha nova ou suspeita na pele, siga as instruções abaixo:
Caso tenha uma mancha assim na pele, não se afobe, apenas busque o médico para confirmar ou descartar sua suspeita.
A mancha hansênica, hoje em dia, é um problema simples, fácil de tratar e não transmissível na imensa maioria dos pacientes quando diagnosticados no início da doença e com poucas manchas no corpo.
Só casos graves, de longa data e com muitas manchas ou bactérias disseminadas no corpo podem também estar afetando os pulmões e tornarem-se transmissores da doença.
Nos casos confirmados, o tratamento é fornecido pelo governo e completamente gratuito. O tratamento fornecido cura praticamente 100% dos casos.
Em quase todo município há, pelo menos, um centro de referência. Em Aracaju, o centro de referência é o CEMAR, no bairro Siqueira Campos.
Lembre-se: só o diagnóstico e o tratamento precoces podem interromper a progressão e o ciclo de transmissão e disseminação da hanseníase.
Espero que você goste e tire o melhor proveito dessas informações. Afinal, viver à flor da pele não é uma opção, é uma condição.
“…A sociedade vive numa constante publicidade, e quase todo mundo sabe o bom e o ruim, o certo e o errado: fazer exercício é bom, sedentarismo mata, fast food engorda, comida saudável evita doenças, fumo provoca câncer e muito mais. Entretanto, a humanidade continua controversa…”
(Trecho de O Dote de Letícia – Pág. 183)
Um grande abraço.
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