“A prosperidade, assim como a depressão, também cria as suas filas de pão.”
Elwyn Brooks White, ou simplesmente E.B. White, foi um escritor norte-americano que trabalhou em diversos jornais e revistas, autor das aventuras do ratinho Stuart Little (mais difundidas por conta de sua versão cinematográfica) e do célebre ensaio intitulado “Aqui está Nova York” (Here Is New York), publicado no ano de 1949 e motivo-mor destas rápidas impressões.
O escritor, misturando veios jornalísticos com uma delicada apuração sensorial da atmosfera da cidade, entrega ao leitor logo nas primeiras páginas uma Nova York de meados do século XX repleta de flagelos e encantos. De antemão, forjamos a ideia de que a cidade que possibilita a dádiva da solidão é a mesma que empresta a todos a dádiva da privacidade, seja você um nativo, um mero gafanhoto que vai-e-vem ou um desbravador que escolheu a Grande Maçã como refúgio.
O relato, curto e com traços impiedosamente poéticos, beira a perfeição textual, bem aos moldes de um New Journalism em seu mais alto padrão de qualidade. Saímos de sua leitura com vontade de conhecer a cidade que White retrata, curiosos por saber se ainda hoje, em pleno século XXI, Nova York mantém as mesmas características explicitadas no ensaio, dura, rude, luminosa e autêntica em seu cosmopolitismo. Ficamos, nós leitores, meio que atordoados por saber se a “lei” dos 45cm ainda representa a medida exata entre o elo que aproxima e a distância que dissipa o anonimato da fama.
A Nova York de White é a cidade em que podemos contatar Oz em toda a sua misteriosa magia, um lugar de homens que nunca mudam e que também podem ter suas almas reformadas a cada novo quarteirão, uma terra que tem tudo para parar de funcionar a qualquer momento e que, teimosamente, dá certo quase todos os dias (o que é dar certo, neste caso?), um mundo do mundo que é abandonado nos fins de semana de verão e que se abarrota em outras estações.
E já no fim do ensaio, num tom profético, como quem suspeitava de alguma anormalidade diante de tamanho e aligeirado avanço da cidade, White escreve: “A mudança mais sutil em Nova York refere-se a algo de que as pessoas não falam mas que está na cabeça de todo mundo. A cidade, pela primeira vez em sua história, ficou destrutível. Uma simples revoada de aviões pouco maiores do que gansos pode rapidamente acabar com essa ilha da fantasia, queimar suas torres, desmoronar as pontes, transformar as galerias do metrô em câmaras letais, cremar milhões. A suspeita da mortalidade faz parte agora de Nova York: no som dos jatos sobre nossas cabeças, nas manchetes pretas da última edição.”
Enfim, alguma semelhança com a realidade pode não ser mera coincidência.
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