segunda-feira, 31/03/2025
A prancheta
A prancheta

A prancheta em Romanos 15

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Por Jader Frederico Abrão (*)

 

É de conhecimento maçônico comum a importância da Prancheta como instrumento simbólico do magistério, tarefa essencial do Mestre Maçom, por meio da qual se deve oportunizar aos menos experientes instruções iluminadas que contribuirão para o aperfeiçoamento do ser humano. Este aperfeiçoamento se dá pela consciência sobre a importância do trabalho constante em subjugar as próprias paixões e os próprios vícios, pelas virtudes. Daí, a justificativa para a inclusão das duas conhecidas figuras geométricas no espaço central da prancheta.

A relação entre este instrumento simbólico maçônico – Prancheta – e a Epístola aos Romanos, Capítulo 15, reside na atitude do amor fraternal que deve ser manifestada no ato de ensinar ao próximo, especialmente no exercício do magistério pelo Mestre Maçom.

Vejamos o que diz o Capítulo 15, da Epístola do Apóstolo Paulo aos Romanos, escrita em forma de carta para a comunidade cristã localizada em Roma, isto, nos anos aproximados de 56 d.C.

Romanos 15: 1 Nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. 2 Cada um de nós deve agradar ao seu próximo para o bem dele, a fim de edificá-lo. 3 Pois também Cristo não agradou a si próprio, mas, como está escrito: “Os insultos daqueles que te insultam caíram sobre mim”. 4 Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança. 5 O Deus que concede perseverança e ânimo dê-lhes um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus, 6 para que com um só coração e uma só boca vocês glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. 7 Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma como Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus.

Do Maçom espera-se uma constante ligação ao Grande Arquiteto do Universo, pois é inseparável de sua própria condição de iniciado o respeito aos ensinamentos contidos no Livro da Lei.

Do Mestre Maçom espera-se maturidade e equilíbrio em todos os seus atos. Enquanto instrutor, deve ter como “leitura de cabeceira” os ensinamentos apresentados pelo Grande Arquiteto do Universo, no Capítulo 15, da Epístola do Aposto Paulo aos Romanos.

Através da utilização da Prancheta, espera-se que o Mestre Maçom apresente excelente comportamento moral e emocional, sendo capaz de suportar as fraquezas dos menos experientes, deixando de pensar em si, para agradar ao seu próximo, com o propósito de edificá-lo. Esse ensinamento, acima de tudo, ocorre pelo exemplo.

Devemos seguir os passos de Cristo, que não buscou agradar a si próprio. Por analogia, percebemos que não exigimos de um recém-nascido que realize qualquer tarefa, pois ele sequer consegue andar. Portanto, devemos tratá-lo com amor, cuidado, dedicação e paciência, conservando a esperança de que ele se fortaleça e aprenda as diversas habilidades humanas. Se o Mestre Maçom não consegue acolher com amor os menos experientes em suas falhas, é porque apesar de ter visto a luz, tal instrutor não conseguiu ainda compreendê-la.

Assim, enquanto Mestres Maçons, devemos compreender o neófito e os menos experientes como recém-nascidos ou como jovens aprendizes, que trazem corações abertos aos grandiosos ensinamentos que lhes foram prometidos desde o processo de admissão. Cabe ao Mestre Maçom guiá-los, proporcionando-lhes as condições necessárias para que se tornem fortes e libertos das masmorras do vício, conservando-os ligados ao Grande Arquiteto do Universo. Isto exigirá uma didática repleta de acolhimento e de doação.

Os ensinamentos maçônicos vindos do passado têm o múnus de instruir a todos nós iniciados, o que se dá de maneira mais eficiente por meio da perseverança e do bom ânimo, sob o sentimento de esperança, que deve ser semeado e cultivado no coração daqueles que buscam o auxílio e a instrução do Mestre Maçom.

Fazer florescer o espírito de unidade entre os Irmãos, possibilita que todos recebam as bênçãos do Grande Arquiteto do Universo. Isso se manifesta no comportamento humano, por meio do aperfeiçoamento, do equilíbrio e do amadurecimento, intelectual, social, moral, emocional e espiritual. A união entre os Irmãos, praticada através do amor compartilhado em qualquer momento ou circunstância, inclusive na prática do magistério, será Óleo Sagrado que unge e Água benfazeja que garante a plenitude da vida, como bem nos orienta o Salmo 133.

Devemos refletir profundamente sobre a pequenez daqueles que não toleram atitudes desajeitadas ou desastrosas dos menos experientes, já que todos nós somos imperfeitos e eternos aprendizes. As críticas deveriam ser substituídas pelo ensino competente, ministrado no momento adequado, que muitas vezes não é no exato instante do erro. A Oficina tem gigantesca responsabilidade pela possível ignorância dos Aprendizes e dos Companheiros, que serão futuros Mestres Maçons portadores de consideráveis limitações. Mas, em todas as situações de falhas caberão os espíritos de união e de unidade, evidenciados através da perseverança e do bom ânimo que acolhe, ilumina e cura todos os corações. “O Deus que concede perseverança e ânimo dê-lhes um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus…”

Romanos 14, nos ensina a acolher o próximo sem julgamentos precipitados, reconhecendo que cada um tem seu próprio caminho de aprendizado. Da mesma forma, o Mestre Maçom deve entender que os menos experientes possuem diferentes níveis de compreensão e desenvolvimento, e cabe a ele guiá-los com paciência e sabedoria. Em Romanos 14,10: “Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo”.

Acolhamos uns aos outros, sendo o esteio que oferece apoio incondicional ao próximo, como também nos ensina a Parábola do Bom Samaritano. Sejamos Mestres Maçons fortes na Lei do Amor como ensinado no Livro da Lei.

A Prancheta não é apenas um instrumento de instrução, mas, sobretudo, um meio para prática da união e do amor fraternal. A perseverança e o bom ânimo, encontraremos na união, segundo Cristo que é a nossa Esperança. (Romanos 15, 5)

Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma como Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus. (Romanos 15, 7)

 

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Sobre Jader Abrão

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Jader Frederico Abrão, advogado e contador, especialista em Direito Tributário e Direito Eleitoral. Membro da A.: R.: L.: S.: Vale do Tocantins nº 1338, Oriente de Uruaçu – Goiás

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