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Por Nilton Santana (*)

 

Melhor saber evitar os perigos do que vencê-los. O prudente é um sábio que economiza tempo e esforço.

A percepção do risco é crucial para a prudência. A energia que se perde em situação de perigo é evitada. Dessa forma a prudência permite que usemos a nossa energia em outras atividades da vida. Atividades mais graciosas como dedicar-se àquilo que amamos.

A prudência sempre nasce do discernimento. Não há como existir prudência sem existir discernimento. E discernimento é saber escolher o melhor caminho após profunda observação da realidade. O prudente é aquele que sabe discernir, e para discernir bem precisa sempre ser realista.

O realista considera as coisas como são, e não exagera e nem atenua a realidade com suas fantasias pessimistas ou otimistas. Ele sabe que independente da sua consciência, a realidade ali estará. A realidade está ali para ser observada sem expectativas apaixonadas, a realidade está ali para ser observada de forma consciente, sem as ilusões que a mente venha a fornecer. A partir da percepção arguta da realidade nasce a prudência. A prudência que, cabe destacar mais uma vez, não deixa as ilusões e as expectativas dominarem a avaliação.

Como uma pessoa bondosa poderá ser prudente? A bondade e a prudência são duas virtudes que tornam uma pessoa admirável, pois une à benevolência de um bom coração com a sagacidade do prevenido, como disse Cristo: “Sede prudentes como as serpentes e sem malícia como as pombas.” Isto é, retomamos o assunto de que o mal de uma pessoa boa é sempre pensar que todas as outras pessoas também são boas. Por isso que há o reconhecimento de que prudência é uma virtude tão cara quanto a bondade.

E aqui vemos que a prudência é cara tanto para o mau quanto para o bom. Afinal, a ausência da prudência, em outras palavras, a imprudência sempre cobra o seu preço. E isso é uma verdade tanto para os maus quanto para os bons. Se você não levar guarda-chuva ao sair de casa em dia de chuva, ficará totalmente molhado. Nos dias de verão, caso não saia com roupas leves de casa, ficará com imenso calor. E tudo isso independe se você é má ou boa pessoa.

Mas o foco aqui são as boas pessoas, são as boas pessoas que necessitam de urgência no setor da prudência. O bom deve ser prudente para que a sua bondade realmente atinja aqueles que de fato necessitam. Se a bondade não é prudente, apenas serve para alimentar o mal, e aí, a “bondade” torna-se maldade. Se a sua “bondade” te faz repetidas vezes ser vítima de enganadores, e você continua com essa “bondade” mesmo sabendo do engano, então os enganadores continuarão sendo enganadores, continuarão fazendo vítimas, e você será o culpado por estimular a maldade. Nesse caso, fechar a mão é o verdadeiro ato de bondade. Dessa forma, a contramanipulação é uma atitude carinhosa, uma vez que os atos que realizamos para desarticular manipulações são sempre atitudes de amor para conosco e para aqueles que protegemos.

A prudência avalia a situação e dirige as suas ações sempre pela melhor jornada. A jornada por onde sempre há mais tranquilidade, e por onde as bem-aventuranças são mais presentes.

 

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Inspirado no Evangelho segundo Mateus e na Arte da Prudência de Baltazar Gracián

 

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Nilton Santana

Nascido em Aracaju, professor de História, membro da Loja Estrela de Davi e amante dos estudos sobre religiosidades e mitologia

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