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A Rainha do povo lagartense

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Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)

 

Valho-me de uma expressão do padre Vagner Santos de Araújo, postada esta semana em uma de suas redes sociais, para dar título e ser mote de inspiração do presente artigo. Ele é da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, em Lagarto, que junto ao padre Paulo Sezar, colaboram como vigário junto ao pároco, o padre Rodrigo Sant´Anna. A comunidade se prepara para mais um novenário e festa de sua padroeira, desde 1679, cujo ápice é o dia 8 de setembro.

Seja na História, seja nas Sagradas Escrituras e também nos Documentos e Dogmas da Igreja Católica, há vários aspectos que dão e confirmam a realeza da Mãe de Jesus. No Antigo Testamento, sobretudo na cultura religiosa hebraica, rainha não era necessariamente a esposa do rei. Era a mãe dele. No belíssimo Salmo 45:9, há uma significativa passagem que diz: “(…) à tua direita estava a rainha ornada de finíssimo ouro de Ofir”. Ofir é uma região de onde se extrai o valioso metal de alta qualidade.  Em Cânticos dos Cânticos, 6:10: “Quem é esta que surge como a aurora, formosa como a Lua, brilhante como o Sol, irresistível como um exército em marcha?”.

No Novo Testamento, dois momentos se destacam. O primeiro, em Lucas 1:48, que diz: “Maria é a dita proclamada e lembrada entre todas as gerações”. Ora, a ideia de proclamação está diretamente relacionada não somente a uma suntuosidade, uma declaração de grande importância ou valor, mas também à certificação de uma realeza. A outra, em Apocalipse 12:1-5: “Um sinal grandioso apareceu no céu, uma mulher vestida de sol, com a lua sob os pés, e com uma coroa de doze estrelas na cabeça… Ela deu à luz um menino, que há de governar as nações com um cetro de ferro… “.

Portanto, para além de ser designada como Mãe (João 19:25-27), a Virgem de Nazaré, a quem as profecias anunciavam como aquela que daria à luz a um filho, que seria de Deus, o Messias, também lhe foi dada a honra de ocupar o Trono Celeste em sua mais singular majestade: sendo humana, encarnou o Verbo, elevada aos Céus, sem pecado, Imaculada. Doravante, louvada não por seus grandes méritos, mas por dizer SIM à missão que Deus lhe confiou, como a mais nenhuma outra humana o fez.

Até mesmo Martinho Lutero (1483-1546) – aquele que inaugurou um movimento de reforma no seio da Igreja Católica, e foi excomungado por isso – acreditava na importância de Nossa Senhora, o que não serviu como base teológica para os demais irmãos apartados do Catolicismo, seja por iniciativa da instituição, seja por vontade própria. Admirando e exaltando a sua nulidade perante a graça de vir a ser Mãe de Deus, Lutero afirma, em seu livro “Magnificat, o Louvor de Maria (1521)”: “(…) Maria é levantada acima de todos os exemplos, enquanto ela devia e queria ser, com prazer, o mais nobre exemplo de Deus para encorajar todo mundo à confiança, ao amor e ao louvor na graça divina” (p. 57).

Isso ajuda, em grande medida, a entender o que fizera o papa São João Paulo II (1920-2005), ao escolher como lema de seu pontificado a expressão latina: “Totus Tuus Mariae”, que encerra em si a orientação de que o Catolicismo se vale, quanto à Nossa Senhora, como Medianeira. Como disse o padre José Bernardino Santana Filho, pároco da paróquia São José Operário (Conjunto Castelo Branco, Aracaju), na noite do último dia 14 de agosto, no Novenário de Nossa Senhora Imperatriz dos Campos (Tobias Barreto-SE): “Maria, além de Rainha dos Homens e Imperatriz do Mundo, é o meio mais seguro de se chegar à salvação por Cristo”.

Portanto, sua realeza não é soberba ou ostentativa, tampouco com as características deste mundo e de nosso tempo, por exemplo; mesmo revestida de poder, sua realeza é humilde, serena, forte, tranquila, leve e protetora. E de todas as invocações a Ela atribuída, a de Nossa Senhora da Piedade se transforma numa das mais especiais, de modo muito especial para nós, os lagartense, que a veneraram desde o nascedouro de nossa existência enquanto lugar e municipalidade. A cena dela com seu Filho no colo se reveste de um grande significado. Trata-se, pois, de um Trono Sagrado, sob o qual repousa o corpo morto de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei e Senhor. “Salve, Rainha! Mãe da Misericórdia”. Mãe da Piedade e do povo de Lagarto.

 

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Claudefranklin Monteiro

Professor doutor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe.

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