Todos sabemos da morte dos adolescentes no interior das instalações esportivas do Flamengo, conhecido como Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro, mas poucos refletiram as responsabilidades dos pais, mães e autoridades pelas causas dos falecimentos dos menores. Como é possível adolescentes de todo país se juntarem em nome do sonho de ser jogador de futebol sem a presença de pais, mães ou responsáveis numa terra distante, de valores sociais diferentes, muitas vezes nas mãos de empresários ávidos por dinheiro?
Permitir que jovens deixem seus lares para morarem com adultos em alojamentos de clubes em troca de se tornarem jogador de futebol implica em responsabilidades. Pais, mães e responsáveis tem o dever da educação dos menores. Quem os substituirão nos alojamentos dos clubes? A afetividade da educação familiar estaria sendo eliminada? O que diz o Ministério Público sobre tais fatos?
Tanto a Constituição Federal no artigo 205 como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu artigo segundo determinam que a educação é “dever da família e do Estado”. Onde estava a família ou suas congêneres, quando esses jovens de várias cidades do país foram parar no alojamento do Flamengo?
Permitiram e são coniventes. O que dizem Conselho Tutelar e Ministério Público ao longo da história do futebol brasileiro sobre alojamento de jovens em instalações de futebol? Como é a ação educativa da família distante que entrega esses jovens ao empresário e técnicos de futebol que só falam no sonho? E se o sonho virar tragédia? No Flamengo houve maior divulgação, mas tragédias individuais acontecem a todo tempo, resultando em morte como ocorrera em 2012 com o menino Wendel Venâncio da Silva de 14 anos numa peneira do Vasco em Itaguai, além de drogas, assédio sexual, racismo, violência de torcedores, subornos, condições de higiene e moradia, etc.
Segundo dados publicados em 2014 no livro “Guia politicamente incorreto do futebol” de autoria de Jones Rossi e Leonardo Mendes Junior, editora LEYA, 82% dos jogadores de futebol recebiam em 2014 abaixo do salário mínimo e somente 2% recebiam acima de 12,4 mil reais. Atente-se que a maioria já sofrera assédio moral do clube e, por vezes de técnicos, muitos têm salários atrasados, sofrem agressões de torcedores.
Ir à mídia, ávida de notícia, nocautear o Flamengo é cômodo porque resolve dando uma solução compensatória, mas as causas não estão sendo atacadas. Outras tragédias estão acontecendo agora, pela decepção de não conseguir ser jogador midiático, por ser assediado moral e sexualmente, por ficar distante do carinho familiar, por estar em ambientes insalubres, por não receber salário mínimo para alimentar um filho. Em nome do sonho, pais, responsáveis e mães desgarram de suas crianças só porque Neymar é milionário sem qualquer fiscalização das autoridades. Na verdade, não é somente o Flamengo responsável, são também responsáveis, familiares pela permissão e autoridades pela omissão.
(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada -Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.
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