Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)
Concluí meu Ensino Médio em escola pública, nos primeiros anos da década de 90. Em pleno processo de redemocratização do Brasil, a minha geração experimentava um clima de liberdade criativa e de expressão. Por isso mesmo, parte significativa de nossos professores faziam questão de nos demandar inúmeras atividades para além da sala de aula. Ao passo que eu crescia e me firmava na docência e também no campo cultural, acompanhava outras gerações sucederem à minha, sempre na torcida de que elas fossem ainda mais felizes e que tivessem melhores oportunidades do que a minha.
Num tempo em que não tínhamos uma estrutura adequada e ideal, ainda assim, fomos capazes de realizar grandes feitos, seja no campo do desporto, seja no campo da cultura, e em bem-sucedidas aprovações no antigo vestibular para inúmeros cursos e áreas de saber. A minha geração era conhecida por geração Coca-Cola, embora eu preferisse me entender como alguém que faz parte da geração Cara Pintada, que foi para as ruas forçar, livre e constitucionalmente, o Impeachment do Presidente da República, Fernando Collor de Melo. Também foi a geração do “pra o dia nascer feliz”, embalados que fomos, como já disse e reafirmo, pela redemocratização do Basil, naquele tempo recente de 1985, portanto, há quarentas anos.

Nesse sentido, esta semana foi muito especial para mim. Primeiro, por revisitar o hoje denominado Centro de Excelência Abelardo Romero, onde fiz o Ensino Médio entre os anos 1989-1991. Estive por lá, em duas oportunidades. Na terça e na quinta à tarde, para prestigiar o projeto Festival de Artes Integradas daquela instituição de ensino, onde também tive a grata satisfação, honra e alegria de lecionar História e Cultura Sergipana, entre os anos 1999 e 2009, além de Secretário e Presidente de seu Comitê Comunitário.
Por essas razões todas, é sempre uma alegria, um momento de saudosismo, mas também de renovação, retornar ao Abelardo Romero. E do pouco que pude testemunhar, em razão do tempo corrido, me deixou plenamente satisfeito. Seja ao nível da proposta, seja ao nível da organização, do esmero e da variedade de novos talentos e talentos promissores em várias formas de expressão, particularmente, nas artes plásticas, nas artes cênicas e na música.

Na terça-feira, 18, fiquei fascinado com o trabalho do jovem Flávio Augusto (@tristearte.tattoo ), que ilustra parte deste artigo. Ele é especialista em fineline e tatto Geek. Sem sombras de dúvidas, trata-se de um artista com grande habilidade no desenho e dotado de uma singular sensibilidade. Sem deixar de mencionar o grupo de teatro “Operários pela Arte (OPA)”, com encenação da peça “Calma Candidato”, de autoria dos jovens estudantes Rafael Dias (Direção) e Gabrielle Stephanie (codireção). O OPA é ainda composto por Ellen Luiza (atriz), Elli Silva (atriz), Pablo Rangel (ator), Evandro Neto (ator), Guilherme Santos (ator), Kauan César (ator), Lunna de Alcântara (maquiagem & figurino, atriz), Ana Cataryna (maquiagem & figurino, atriz), Jonatas Silva (ator, produtor), Mizael Paris (produção) e Joshua Jazra (produção).

No final da tarde de quarta-feira, 19, mesmo que de passagem, por conta de outro compromisso, pude acompanhar o desempenho da banda “Selena Tear”, com Martin Luther King (Guitarrista Solo), Joshua Jazra (Vocalista), Jonatas Santos (Baterista), Gustavo Valdson (Baixista) e Elli Silva (Guitarrista Base). Desse modo, não tive tempo de tietar a cantora sergipana Patrícia Polayne. Eles fizeram por mim.
Ainda na quarta, mais cedo, estive presente em mais uma solenidade de reinauguração e requalificação de uma instituição escolar do Governo de Sergipe. Desta feita, no povoado Jenipapo, interior do município de Lagarto. Trata-se do Centro de Excelência José Cláudio Monteiro Santos. Para mim, em especial, foi um momento de grande emoção; mas de gratidão, também, ao governador Fábio Mitidieri, ao seu vice e secretário de educação, Zezinho Sobral, dado que o patrono da escola é meu irmão mais velho, falecido no dia 11 de julho de 2005.
Natural de Lagarto, aos 7 de maio de 1954, Cláudio Monteiro era o filho mais velho de Maria Claudemira dos Santos Monteiro e José Almeida Monteiro, ambos já falecidos; ele, nosso pai, foi vereador de Lagarto por três legislaturas seguidas. Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe, exerceu profissionalmente 32 anos na docência, com passagens pelo Colégio Cenecista Laudelino Freire, Escola Cenecista Santa Luzia, Colégio Estadual Sílvio Romero, Colégio Municipal Frei Cristóvão, Colégio Estadual Abelardo Romero Dantas e Colégio Estadual Maria do Carmo Alves, instituição que hoje leva seu nome, no povoado Jenipapo, onde foi um dos principais responsáveis pela implantação de seu Ensino Médio.
Foi diretor da antiga Escola Cenecista Santa Luzia, no povoado Colônia Treze, em Lagarto, nos anos 70. Diretor do Colégio Estadual Abelardo Romero Dantas, em duas oportunidades, marcando a história daquela instituição com o lema “democracia com responsabilidade”. E Diretor da Diretoria Regional de Educação 02.
Deu continuidade à carreira política do pai, em 1982, eleito a Vereador de Lagarto, cumprindo apenas um único mandato, até 1988, com destaque para projeto de lei que criou a Biblioteca Municipal José Vicente de Carvalho.
Não teve filhos, mas ajudou a criar, com nossa mãe viúva, seus seis irmãos: Claudemir, Claudineide, Claudiane, Claudicleide, Claudefranklin e Claudimarx. Era torcedor da Estação Primeira de Mangueira, amante, portanto, do carnaval, além de uma boa conversa e amizade em sua jornada boêmia pelos bares e bailes da cidade de Lagarto.
Nem por isso, deixou de ser devoto de Nossa de Nossa Senhora da Piedade, amante das coisas da Igreja Católica, de modo particular da Associação Nossa Senhora Auxiliadora, na pessoa da saudosa Maria Teles Cerqueira, considerado por alguns, inclusive por ele, como a Santa do Povo Lagartense. Para mim, muito além de irmão mais velho e meu padrinho de Crisma, foi e é a minha principal referência de vida.
O que há de comum nesses dois estabelecimentos da rede pública estadual de ensino, para além de serem centros de excelência? Recém-inaugurados, uma estrutura capaz de potencializar as capacidades de alunos e de professores, oferecendo-lhes as melhores condições possíveis para isso, de salas de aulas a espaços de convivência e de realização de projetos e atividades como o Festival de Artes Integradas.
Meus parabéns a todas as pessoas envolvidas nestas instituições, Abelardo Romero e Cláudio Monteiro, com oferta excepcional de atividades de educação, cultura e artes, de modo especial a suas diretoras, as professoras Mônica Oliveira Santos Argolo e Gisele Arco Verde, respectivamente.