Em teoria, no plano econômico, o pensamento comunista prega o fim da propriedade particular em oposição ao capitalismo. Não tendo como justificar o presente, pessoas se apegam ao passado para fugir do momento atual e reduzir a visão do futuro. Prejudicam a todos com a baixa racionalidade. Muitos que chamam o outro de comunista sabem o que estão falando? Temos risco de comunismo no Brasil?
O Brasil já chegou a ser considerado a 6ª economia mundial em 2011, caiu para 12° lugar em 2020, podendo cair para 13° em 2022, porém sempre integrado ao capitalismo mundial. China, Rússia defensores mundiais no passado do comunismo, tornaram-se capitalistas. Impossível comunismo no Brasil ante nossa economia globalizada e inexistência de países com tal regime. O atual governo brasileiro mantém laços de amizade estreitos com o governo russo conforme posicionamentos na ONU e na economia.
Existem governos conservadores e repressores porém capitalistas como Rússia, Venezuela, Hungria, Turquia, Coreia do Norte, China, Afeganistão, Nicarágua e outros. Logo, o que algumas pessoas chamam país de comunista é também capitalista, e como tal, não existem governos que praticam o comunismo no planeta. O prefeito Edvaldo Nogueira, como filiado a uma sigla comunista, governou por anos Aracaju sem ser molestado.
A França, berço das expressões “esquerda – direita” na política, passou por eleição recente, na qual mais de 20% dos eleitores de tendência progressista, ajudaram a eleger o centristas Macron para evitar que uma radical conservadora fosse eleita. No Brasil pessoas se digladiam nas redes sociais. Por que se agridem? Quais são os interesses? Político? Poder? Ódio ou mero jogo no discurso político eleitoreiro? Quem se alimenta da prática de ódio passa recibo de infelicidade.
Historicamente na Rússia, saldo da União Soviética, tem o túmulo de Lenin, líder da revolução de 1917, de um lado da praça Vermelha, convivendo pacificamente com um grande shopping center – símbolo do capitalismo – do outro. Aqui, usa-se discurso vencido entre 1940 a 1964 para conflitar e odiar na ausência de discurso inovador no trato dos grandes temas de emancipação na atualidade.
Foge-se do debate e de propostas sobre desigualdade social, preconceito, direitos das mulheres, negros, LGBTQIA+, segurança, meio ambiente, saúde, emprego, unidade familiar, esportes, colegiados, inclusão social, diversidade cultural, e tantos outros, para acusar discriminadamente pessoas “amigas” de comunistas e esquerdistas.
Incomoda porque quando derrotados no argumento pegam-se em temas que a história derretera. Tornam-se incapazes de debater, resolver e encarar os grandes problemas e desafios do nosso país. Escondem-se em fantasmas sem substância do passado. Enquanto isso, a miséria aumenta, o individualismo exacerba-se, e sem rumo, família, sociedade, escola e demais instituições vagueiam em busca de um porto satisfatório.
Lula teve dois governos tendo o vice José de Alencar, empresário de Minas Gerais; agora traz um vice, ex-candidato opositor à presidência da República, da nata do empresariado paulista – maior centro do capitalismo brasileiro. Tal fato comprova que tanto “esquerdistas e direitistas” como conservadores x progressistas perceberam que o país precisa de entendimento para o bem de todas as pessoas. Ressalve-se os extremistas inveterados que podem cair no isolamento reflexivo. O país precisa de debater projetos na economia, educação, segurança, cultura, corrupção, fortalecimento das instituições representativas da sociedade.
O debate justo seria confrontar capitalismo e comunismo, riqueza e pobreza, igualdade e desigualdade sociais. Não basta contentar-se com a caridade oportunista, precisa-se reduzir a desigualdade. Como incluir a maioria de miseráveis na escola de qualidade, trabalho, segurança e saúde e lazer? Eis um bom debate para curar a psicose, a ignorância e o estelionato de discurso utilizados por aqueles que acusam sem fundamento pessoas de comunistas ou esquerdistas, conservadores ou direitistas.
Requentar discurso do regime militar de 64 vencido pela história ante a incompetência na produção de argumento novo e fundamentado, é hipocrisia política. O novo governo terá que escolher entre fome, favelas e milionários, redução da miséria social, do preconceito e aumento de políticas públicas de inclusão. Que cada pessoa, em 02 de outubro próximo, use plenamente a consciência eleitoral reflexiva e que não exista fuga de candidatos do debate político justo.
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(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada -Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.
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