Sem Twitter, Facebook nem Instagram. Este foi o saldo de quase 3 dias de trabalho duro para limpar todos os meus textos, comentários, vídeos, fotos, curtidas e interações. A limpeza inicial foi em minhas contas particulares. Redes sociais, por enquanto, só LinkedIn e YouTube.
Quanta informação, muita mesmo, eu tinha sobre mim e minha família. E o problema é que tudo isso estava profundamente indexado e enraizado nessas redes. Me assustei, inclusive, com a quantidade de coisas que poderiam ser facilmente usadas contra mim.
Grande parte das invasões e golpes que nascem na internet são provenientes da prática de engenharia social. O atacante, neste estágio, colher todas as informações úteis sobre a vítima. Então me diga, sinceramente, se existe melhor lugar para começar do que as redes sociais?
E o preocupante é que talvez a engenharia social seja o menor dos problemas. Ouvi, muito tempo atrás, a seguinte frase de um latrocida: “o que os olhos não veem o coração não deseja”. Não sou rico, longe disso. Mas não tenho dúvida de que o falecido bandido teria desejado, com todas as forças, muitas das coisas que pudesse achar serem minhas.
Durante o processo de limpeza dos dados, fiquei surpreso com o nível de dificuldade para zerar todas as minhas informações. Tive que apagar praticamente publicação por publicação, comentário por comentário, curtida por curtida. Não encontrei nenhuma forma simples para apagar tudo, com um único procedimento, sem a necessidade de encerrar as contas.
Ainda assim, em alguns casos, meus dados não foram totalmente apagados. Eles ficaram em uma espécie de “lixeira eletrônica” que só se esvazia definitivamente após 30 dias. Ou seja, não tive sequer a opção de apagar tudo imediatamente. Em época de LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) isso é uma grande contradição.
E o que estou achando desta nova fase? Excelente! Passei a ter mais tempo. Não me preocupo nem vejo postagens bobas de mais ninguém. Brigas partidárias, “fake news”, discussões sem sentido e memes que não acrescentam nada, deixaram de fazer parte do meu dia a dia.
Agora, se tenho saudade de um amigo, pego o telefone e faço uma ligação ou videochamada. Se desejo me expressar, uso minha coluna aqui no Brnews. E se quiser me informar, consumo notícias em fontes oficiais.
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Wenderson Wanzeller é editor do Brnews, site notícias com sede em Viana do Castelo, Portugal