O senador eleito, Delegado Alessandro Vieira (Rede), divulgou uma nota onde afirma que o PT é uma “organização criminosa”, declara que não votará no presidenciável Fernando Haddad, mas também não deixa claro se votará em Jair Bolsonaro, PSL. Sobre o adversário de Haddad, Alessandro diz que Jair, ao longo da carreira de deputado federal, “acumulou dezenas de manifestações de caráter preconceituoso e ofensivo para grupos sociais específicos”.
Mas é ácido com o PT. “Não existe ilusão neste ponto: Haddad é um candidato à Presidência que recebe ordens de uma cela em Curitiba”, disparou.
Recentemente, ele declarou apoio a Valadares Filho, que disputa o Governo do Estado com Belivaldo Chagas. De quebra, ainda ganhou o apoio da delegada Daniela Garcia que, em vídeo, fez críticas a atual gestão.
Leia, agora a carta de Alessandro Vieira.
“É chegado o momento de me manifestar com relação ao segundo turno da eleição presidencial. Agradeço em primeiro lugar às centenas de pessoas que entraram em contato com a genuína preocupação em “me preservar”, sugerindo a adoção de uma postura de “neutralidade” no processo para evitar a contrariedade de parcela expressiva do eleitorado.
Aponto também as dezenas de mensagens que tinham o objetivo legítimo de induzir apoio para seu candidato de preferência. Tudo isso faz parte do jogo democrático.
Não acredito em lideranças que se omitem nas horas mais difíceis. A comodidade da dita “neutralidade”, palavra da moda, não raro esconde covardia e oportunismo. É preciso ter transparência e responsabilidade, mais ainda quando se carrega a missão de representar Sergipe, confiada por mais de 470 mil eleitores.
As alternativas que restaram na disputa, Jair Bolsonaro, PSL, e Fernando Haddad, PT, estão muito distantes do ideal que projeto para a ocupação do mais importante cargo da República.
Acredito, inclusive, que os dois projetos representam por motivos distintos um risco considerável para democracia brasileira. As respectivas campanhas, baseadas no “nós contra eles” e na desinformação do eleitor com a massificação de fake news, são indutoras de um clima de confronto não de ideias, mas de pessoas.
Jair Bolsonaro, ao longo da sua carreira política, acumulou dezenas de manifestações de caráter preconceituoso e ofensivo para grupos sociais específicos e por consequência para todos os cidadãos cientes da importância essencial do respeito aos direitos individuais abrigados na Constituição Federal.
Essa postura acaba validando, de forma consciente ou não, a ação dos diversos grupos de ódio latentes em qualquer sociedade. É perceptível o baixo apreço ao diálogo e conciliação, característica básica de uma liderança democrática.
Por outro lado, o projeto materializado na figura de Fernando Haddad também representa uma ameaça cristalina para a normalidade democrática. Primeiro porque o próprio candidato nada mais é que representante de uma cúpula partidária já reconhecida e condenada como organização criminosa. Não existe ilusão neste ponto: Haddad é um candidato à Presidência que recebe ordens de uma cela em Curitiba.
Os ataques verbais de Bolsonaro aos valores democráticos são evidentes e graves, mas não menos notórios são os ataques concretos da organização criminosa à democracia. A corrupção eleitoral gigantesca aplicada na eleição de 2014 é um ataque ao processo eleitoral, somado ao emprego das fake news em proporção inédita. As práticas apontadas no mensalão e na Lava-jato demonstram um ataque escancarado ao processo legislativo e à moralidade administrativa.
O desrespeito ao Judiciário é igualmente flagrante, marcado pelo confronto político contra decisões judiciais e pela busca da quebra institucional dos órgãos responsáveis pelo combate à corrupção.
Como disse no início, os dois projetos são extremamente problemáticos. Mas foram esses dois projetos que chegaram à etapa final da eleição.
Não vou votar em Fernando Haddad. Não farei campanha e não tenho a menor intenção de convencer nenhum eleitor no sentido de acompanhar minha decisão. É um voto para evitar o retorno ao poder de uma organização criminosa, que tem como objetivo essencial acabar com a Lava-jato e todas as perspectivas de combate à corrupção. É um voto para virar uma página triste da história.
O longo processo de conversa com eleitores, familiares e parceiros da renovação política me fez perceber com clareza o risco do uso da minha credibilidade para validar manifestações de ódio, como infelizmente já está ocorrendo na internet. É preciso preservar a capacidade de diálogo com os extremos. Por esta razão vou limitar a minha declaração pública de voto a uma rejeição absoluta a qualquer possibilidade de retorno ao poder de uma organização criminosa.
É evidente que existe um risco nesta escolha. Como disse, é um voto absolutamente realista dentro das alternativas disponíveis.
Estarei a todo tempo, na condição de senador da República, na luta pela manutenção da democracia e dos direitos dos grupos mais vulneráveis, na mesma medida em que estarei na frente de batalha pelo combate à corrupção e pela modernização do Estado.
Aceito com tranquilidade as críticas, que certamente virão em torrente. Respeito a opinião de todos, mesmo aquelas manifestadas com a falta de equilíbrio típica dos apaixonados.
Não sou dono da verdade, nem quero ser. Não sou dono da vontade dos eleitores, nem quero ser.
Quero ser sempre um cidadão transparente e objetivo nas minhas posições, que hoje precisam ser públicas por conta do cargo que me foi conferido pelos eleitores.
Acredito na construção de um Brasil mais justo para todos, baseado no diálogo e no respeito. Vou trabalhar para isso. Enfrentar a polarização crescente sem medo e com equilíbrio é parte importante nesse resgate indispensável de uma sociedade fraterna e tolerante. Convido a todos que têm os mesmos objetivos que se juntem nessa caminhada, muito mais importante que uma vitória eleitoral momentânea.
Vamos reconstruir o Brasil!.
Senador eleito Delegado Alessandro Vieira”
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