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 Alice e Embaixadinha: nossa homenagem à torcida da Desportiva Confiança

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Valtênio Paes (*)

Após mais um título de campeão invicto de futebol sergipano, nada mais justo do que homenagear a torcida da Associação Desportiva Confiança. Maior patrimônio do clube azulino, dentre tantas paixões, os exemplos de Maria Alice do Nascimento Moreira e Erivaldo Marques da Silva (Embaixadinha) são personagens da plateia azul e branco.

Um fim de semana sem futebol fica incompleto. O adepto do futebol traz consigo um sentimento como algo inerente à sua vida. Torcer, vibrar, reclamar e desdenhar pertencem ao cotidiano. Comentar a vitória, a derrota, o comportamento do atleta, da diretoria, da imprensa, a simpatia por uns, e a rejeição por outros são manifestações rotineiras da torcida.  Com Alice e Embaixadinha tal rotina não é diferente, mas ambos trazem algo mais contundente, a paixão pela Desportiva Confiança.

Alice, professora aposentada, lembra quando há mais de 50 anos corria atrás de Ligeirinho, então líder de torcida do Confiança, pedindo fogos que o mesmo distribuía com a torcida no Estádio Estadual de Aracaju. Ficava triste porque o líder, cauteloso, dizia: “não posso entregar fogos para criança”. Lembra do ídolo Luís Carlos Bossa Nova e a famosa escalação: Zé Luís, Gilson, Fiscina, Lourival e Pedrinho; Dudu, Samuca e Luís Carlos; Nininho Mica e Joãozinho. Relembra gols históricos de Vevé, de pênalti contra time de fora do estado, de quando jogava Nunes e mais recente, de  Kível.

Alice com a taça do Confiança

“São muitas alegrias de uma paixão de toda a vida”. Como legítima torcedora não deixa de registrar conselhos para diretoria: “não contratar” um certo técnico nem um atacante porque “eles fizeram pouco do Confiança”. Inseparável do irmão Jorge Eduardo, desde criança, iam juntos porque “não precisava ninguém levar, morávamos no fundo do Batistão, íamos sozinhos com Jorge Eduardo”, apesar do pai ser torcedor do  Cotinguiba. Superou o tabu da presença da mulher no campo de futebol, não só no Batistão, mas viajando para outros estados e cidades sempre acompanhando o clube do seu coração.

Só o futebol consegue fazer com que, moderados, exaltados, progressistas e conservadores, religiosos e ateus, ricos e pobres, homens e mulheres, jovens e adultos, sem distinção, se unam numa torcida pelo time azulino do bairro Industrial. Segundo Flávio Carneiro da Carta Maior para Nelson Rodrigues “a verdadeira, a autêntica e incontrolável paixão clubística dá a sensação de que sempre existiu e de que sempre existirá. Eis a verdade: ela escapa do tempo. O sujeito se sente como se já fosse torcedor em vidas passadas”.

Embaixadinha, quando menino, jogava com bola de areia, de limão grande, onde aprendeu fazer embaixadinha ficando com o apelido até hoje. O talento fora percebido pelos dirigentes do Confiança, que ao passarem em Maruim reconheceram as habilidades técnicas do adolescente. Convidado aos 16 anos, para fazer um teste no clube da fábrica Confiança ficou triste ante a negativa do pai que não permitiu, sob a alegação de que jogar era “coisa de malandro”.

O Ipiranga de Maruim de Zé Fugido e Giraldo e o Rio Branco de Capela, ambos tinham em comum a camisa azul e atraíram a simpatia pelo Confiança desde criança. Grande lembrança foi ver Beto fazer um gol de cabeça quase do meio campo em Maruim. Destaca dentre grandes jogadores do Confiança, Beto, Luís Carlos, Aldair, Ninhinho, Miro, Maromba, Mirobaldo, dentre tantos.

Curiosamente, aos 45 anos devido orientação médica para que fizesse atividade, passou a praticar caminhadas fazendo publicamente embaixadinha com a bola. Desde os 45 anos, a aliança entre o tratamento médico e a prática de embaixadinha, bem como a paixão pelo Confiança, fez de Erivaldo saudável e com uma legião de amigos.  Durante anos fizera embaixadinha no Batistão nos intervalos dos jogos azulinos, atravessando o campo sem deixar a bola cair. Encantava crianças e adultos com suas habilidades técnicas. Hoje aos 71 anos, continua firme tratando com carinho a bola, sem deixar cair por mais de uma hora e meia numa demonstração de esmero técnico. Já não pratica no gramado do Batistão por força de proibição da Fifa.

São torcedores assim que dão alma histórica a um clube de futebol, que participam fazendo sua história de geração para geração. A torcida alimenta a vida do clube. Nosso reconhecimento a todos(as) torcedores(as) na pessoas de Alice e Embaixadinha  por encarnarem  dedicação, paixão e amor, pelo Dragão do Bairro Industrial. Afinal, “tua luta continuará, outras taças Iremos conquistar”, porque quem foi rei “sempre é majestade”.

(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada -Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.

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Valtenio Paes de Oliveira

(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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