Ameaça de transformar a cidade num caos, inclusive com o risco de haver mortes, e uma greve geral, por tempo indeterminado de todos os servidores públicos estaduais. Essas foram as tônicas do dia em Aracaju. O desabafo, em tom de ameaça, partiu dos representantes dos motoristas clandestinos, Carivaldo de Jesus, durante um ato em frente à Câmara Municipal, hoje – 4 – pela manhã. Ele disse que o prefeito João Alves Filho, DEM, seria responsabilizado caso cidade vire um caos. Os motoristas querem a regulamentação do serviço de fretamento e exigiam uma audiência com João.
O tom de ameaça foi dado por Carivaldo de Jesus durante entrevista ao radialista Gabriel Damásio, da Liberdade AM, e por duas vezes enfatizou que os problemas que vierem a ocorrer na capital serão de responsabilidade do prefeito. A rua Itabaiana, exatamente onde fica a Câmara permaneceu interditada durante toda manhã. No dia 31 de julho, os motoristas clandestinos fizeram uma manifestação e 42 ônibus foram danificados. No entanto, eles disseram que não foram responsáveis pelos atos de vandalismo.
Bem próximo da Câmara, em frente à Assembleia Legislativa, os servidores públicos de 15 sindicatos garantiram faziam uma mobilização e pediam apoio aos deputados, pois o Governo do Estado decidiu parcelar o pagamento dos salários. O presidente do Sindicato do Fisco (Sindifisco) Paulo Roberto Pedroza de Araújo, disse que essa possibilidade não está descartada. “Caso o governo não apresente uma proposta, a ideia é pararmos todos juntos”, ressaltou Pedroza.
Para ele, há dois pontos a serem analisados no encontro com o vice-governador. O primeiro foi abertura da mesa de negociação. Esse debate deve ter continuidade, já que ficou marcado que, dentro de 10 dias, os sindicatos levarão uma contraproposta ao governo. O lado negativo é o atraso no pagamento dos salários. “Isso não se justifica. O governo tem que apresentar algo concreto para os servidores”, disse Pedroza. Caso contrário, haverá paralisação geral.
Algumas categorias já estão em greve, como os delegados e agentes da Polícia Civil. O presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil (Adepol), Paulo Márcio Ramos Cruz, não concorda com o atraso no pagamento dos salários, tanto que toda segurança pública iniciou, na segunda-feira, a Operação Parcelamento. O Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) também aderiu ao movimento e destacou 30% da categoria para trabalhar.
O problema é que esse contingente não foi suficiente para atender à população. Hoje pela manhã houve tumulto em frente ao Instituto de Identificação, que abriu às 7h30 ao invés das 7 horas, prejudicando a população. Pessoas que chegaram às 4h30 da manhã, com a esperança de serem atendidos, tiveram que voltar para casa. Na 2ª Delegacia Metropolitana, que abriga 79 presos, houve um princípio de rebelião. Até o mesmo o delegado Luciano Cardoso foi ameaçado de morte por um dos internos.
“O Estado deve mostrar todos os gastos, para que tudo fique claro. Acredito que deve ter tido compromissos atrasados que não sabemos. Agora, se a situação não é boa, ela fica pior ao não pagar os servidores, que deixam de comprar, de movimentar o comércio”, reforçou o economista do Dieese.