Dezembro, derradeiro mês do ano, de um ano corrido. O tempo segue seu curso, impávido, deixando em nós marcas indeléveis, realçando rugas, expondo nossas necessidades. Necessidade de estar juntos, de aglomerar, juntar quem se gosta, reunir afetos e chamegos. Coisa boa é juntar pessoas que se gostam e querem estar juntos para celebrar a vida.
Todos compromissados com seus afazeres. Todos corridos em seus universos particulares. O tempo ficou escasso para todos.
“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas! Quando de vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal… Quando se vê, já terminou o ano… Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado… Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…Seguraria o amor que está à minha frente e diria que eu o amo… E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará”. Mário Quintana.
Ninguém melhor que um poeta para expressar sentimentos de forma tão simples.
Noite de segunda feira, 19 de dezembro. Após dias de discussão sobre qual seria a melhor data para nos reunirmos, finalmente estávamos todos contentes e alegres, na casa de Yara e Chitão, que sabem receber como ninguém. Yara, a mais perfeita tradução da alegria, singularmente feliz após uma cirurgia, e por vencer preocupações com a saúde.
Ivan e meu editor Raimundo Gama vieram de longe. Solange, Lys com Maurício, Viviane, Silvana, Conceição, Rosane, Leonidas com Vilma, Heloísa e eu, daqui mesmo. Dalinajara, convidada de undécima hora, lá estava pela primeira vez.
Todos deixaram seus afazeres para estar presentes: para rir, contar e ouvir histórias, rebobinadas da memória. Histórias de uma vida, longa vida, construída e alicerçada no que temos de melhor: o bem querer, o amor e o respeito de uns pelos outros.
Em um mundo cada vez mais dividido por ideologias políticas – cada um com suas convicções, em um ano particularmente difícil – não tivemos e nem perdemos tempo com questiúnculas.
Conforme o combinado, cada um levou uma iguaria e sua bebida preferida. E, em torno da mesa farta, estávamos a confraternizar, brindando a vida e a saudar o tempo que sedimentou nossa amizade. “Amigos têm a capacidade de se eternizar dentro da gente”, disse Adélia Prado.
Fotografias registraram momentos que se eternizarão em nossas memórias, abraços e afagos que fazem bem, para provar que somos carentes de aconchegos.
Lys escreveu em agradecimento: “Há muito tempo, eu li uma frase sobre amigos que diz mais ou menos assim: “Amigo é onde a gente coloca o melhor da gente”, Estar com vocês é um grande presente de Natal! Quando nos reunimos fazemos o tempo congelar em sorrisos e lembranças deliciosas.E como sempre com o carinho, cuidado e amor de Yara e Chitão, que nos recebem com tanta alegria. Nosso encontro foi um momento muito mágico. Que venham muitas outras noites como essa, repletas de fé, emoção, gratidão e alegria”.
O tempo continuou seu curso, os anos passaram e estávamos todos ali, em nossas versões atualizadas e revisadas, com a essência da criança que preservamos dentro de nós, felizes e conscientes do bem que fazemos uns aos outros. Quanto mais vivemos mais eternidade criamos dentro de nós.
Bem aventurados os que fizeram do tempo um aliado. Bem aventurados os que souberam preservar amizades tão longínquas. Bem aventurados os que têm tempo para reunir pessoas queridas, um luxo para poucos.
Sabemos que somos memórias vivas uns dos outros. Oxalá, venham novos encontros. Que o Natal, nascimento de Jesus Cristo, esteja dentro de nós o ano todo.
Um brinde à vida.
(Vídeo de Yara Silva, anfitriã da confraternização)
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(*) Luiz Thadeu Nunes e Silva é engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e escritor. Autor do livro “Das muletas fiz asas”, pela editora N’versos. O latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes.
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