A partir de uma parceria histórica e pioneira em Sergipe, o município de Aracaju firmou um acordo de cidade-irmã com Yantai, cidade situada na província de Shandong, considerada uma das maiores metrópoles da China. O acordo foi firmado pela Prefeitura Municipal no último dia 13 de julho, com a participação do secretário do Partido Comunista Chinês de Yantai, Jiang Cheng. Na capital sergipana, a delegação chinesa de Yantai fez uma série de visitas técnicas para conhecer as potencialidades econômicas da cidade. O estreitamento dos laços entre as cidades brasileira e chinesa abre um leque de possibilidades no que diz respeito ao crescimento econômico de Aracaju.
Esta parceria é resultado de um trabalho iniciado há quatros anos pela Prefeitura de Aracaju, quando as relações entre a capital sergipana e a cidade chinesa começaram a ser estabelecidas. Esta é a primeira vez que um município sergipano sela um acordo de irmandade com uma cidade oriental, e abre perspectivas para o desenvolvimento e o progresso econômicos locais.
O acordo ‘Cidades Irmãs’ promoverá uma série de ações em conjunto visando o desenvolvimento econômico de Aracaju e de Yantai. Além disto, haverá o estreitamento das relações comerciais entre as duas cidades e cooperação ativa nas áreas de tecnologia, cultura, esportes, lazer, saúde, educação, turismo e segurança pública, como explica o secretário da Fazenda de Aracaju, Jeferson Passos.
“A cidade de Yantai é uma cidade chinesa pujante, que possui uma economia bastante diversificada e forte. Fomos escolhidos para sermos cidades-irmãs e vamos, a partir deste acordo, intensificar essa troca de conhecimento e experiências que vai viabilizar o crescimento econômico da nossa cidade e todo o estado”, destaca o gestor.
Segundo Jeferson, o acordo firmado prevê iniciativas em diversas áreas. “Tivemos, por exemplo, a Petrobras apresentando o projeto ‘Sergipe Águas Profundas’. E na delegação da cidade de Yantai, recebemos o presidente de um dos maiores estaleiros da China para conhecer o projeto e, quem sabe, poder participar da construção dessas novas plataformas que irão explorar o petróleo aqui. Isso é só um exemplo”, frisa.
O secretário da Fazenda destaca que o acordo “vai muito além”. “Temos quatro pessoas do município na China, iniciando esse intercâmbio, já fazendo uma imersão em comércio exterior, em desenvolvimento, infraestrutura, tecnologia e inovação, o que já é fruto dessa cooperação com o governo chinês”, acrescenta.
Pioneirismo
Com apenas cerca de 10% da população de Yantai, Aracaju se coloca à frente de outras cidades brasileiras, reafirmando-se como polo econômico de Sergipe e porta de entrada para novos investimentos. E o acorde de “cidade-irmã” está em sintonia com medidas administrativas adotadas recentemente pela Prefeitura de Aracaju, a exemplo da criação da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Inovação (Semde), que se constitui como “mais um canal de comunicação que pode estreitar os laços, em relação a fornecimento de dados, à participação de parcerias com a iniciativa privada em futuros investimentos chineses que venham para cá”, como avalia o secretário da pasta, Victor Rollemberg.
“Os chineses ficaram muito entusiasmados com o que viram aqui em Aracaju, o que nos dá perspectivas de bons frutos. No momento em que os chineses desejem fazer investimentos até mesmo em cidades vizinhas, Aracaju sempre estará movimentando a cadeia de hotéis, recepcionado executivos no Aeroporto de Aracaju, que é a única entrada desses representantes para o nosso estado, enfim, a capital receberá benefícios direta ou indiretamente”, ressalta o gestor da Semde.
Para Victor Rollemberg, o olhar dos chineses para Aracaju deixa evidente a relevância e atrativos da capital sergipana. Ela destaca que, ao celebrar o acordo, os chineses reconhecem que a capital sergipana tem “respeitabilidade de gestão municipal transparente, organizada e ativos que ofereçam a eles oferta de energia para qualquer tipo de investimento, uma celeridade na abertura de investimentos que venham a se concretizar nos próximos meses”.
“Ou seja, eles não iriam perder nem dinheiro e nem tempo se não tivessem no radar organização de gestão pública municipal e atratividade em relação às novas potencialidades. Atrevo-me a dizer que tivemos a ousadia de receber o secretário chinês e ele veio direto para Aracaju falar com o prefeito, não com o presidente ou embaixador”, frisa Victor.
Ainda que Yantai seja uma potência econômica, marcada pelo pioneirismo na reforma de abertura das fronteiras, tornando-se o ponto de partida da rota marítima oriental, que possibilitou a circulação livre das mercadorias por cinco continentes, as benesses do acordo não são somente de lá para cá, como reforça Victor Rollemberg.
“Podemos contribuir com a nossa cultura, com arte, com produtos, comercialmente. Temos produtos como mangaba, por exemplo, que podem ser exportados. Temos um governo municipal de gestão digital. Se pegarmos o Brasil, o governo mais digitalizado e mais organizado digitalmente, entre os 5.500 municípios, é o da cidade de Aracaju. Com essa organização, podemos oferecer a eles “know how” para as províncias menores e para a própria cidade de Yantai, em relação a esse mecanismo. Outro fator é, também, mais um exemplo de produto estadual. No que a China se destaca muito? Na seda e, temos aqui, a renda irlandesa. Agora, imagine o mercado chinês agregando essas rendas. Temos, ainda, suco de laranja de qualidade, água de coco, tapioca, entre outros. Para todos esses quesitos, Aracaju é o caminho, a saída para a valorização do que temos de melhor, tanto na capital, como no estado”, pontua o secretário.